Tânia Bastos
Tânia BastosDivulgação
Por Sidney Rezende

Tânia Bastos está em seu quarto mandato como vereadora do Rio de Janeiro, pelo partido Republicanos, onde é presidente municipal da legenda e estadual do Mulheres Republicanas. É vice-presidente da Câmara Municipal, pela segunda legislatura consecutiva. Mulher nordestina, nasceu em Sergipe, onde viveu até os seis anos de idade. Chegou ao Rio com a mãe e mais quatro irmãos pequenos. Formada em Pedagogia, com especialização em Assistência Social e pós-graduada em Gestão Pública. Em entrevista ao jornal O DIA na véspera do Dia Internacional da Mulher, a vereadora falou sobre as principais bandeiras femininas e o aumento do número de vereadoras na Câmara Municipal do Rio. "Existem pontos na temática feminina que apenas uma defesa embasada na nossa experiência de vida podem ser analisados de forma plena", disse. Sendo presidente municipal do partido Republicanos, que possui duas grandes forças internas (bolsonarista e evangélica), Tânia falou sobre as bandeiras mais importantes dentro da legenda.

Nesta segunda será comemorado o Dia Internacional da Mulher. Quais os avanços e as principais bandeiras femininas que a senhora gostaria de ver empunhadas?

Sem dúvida, a Lei Maria da Penha e o reconhecimento do feminicídio como um crime em razão da violência doméstica e discriminação à condição feminina. O efetivo cumprimento das medidas protetivas definidas em lei, mais políticas para as mulheres vítimas de violência e, sempre necessário lembrar, a igualdade de direitos.

Na eleição de 2020, o número de vereadoras aumentou de sete (em 2016) para dez. Qual o impacto disso no dia a dia da Câmara?

Extremamente positivo. Termos representatividade é muito importante. Existem pontos na temática feminina que apenas uma defesa embasada na nossa experiência de vida podem ser analisados de forma plena. Vale ressaltar, dez ainda é um número baixo, precisamos de mais mulheres na política carioca.

A senhora assumiu a vice-presidência da Câmara Municipal do Rio. Quais são as suas prioridades e as tarefas mais importantes do semestre?

Corroborar com as ações da Mesa Diretora na redução de custos, modernização para mais transparência e melhor desempenho das atividades legislativas. E o principal, atender os anseios da população.

As aulas presenciais da rede municipal tiveram início no dia 24 de fevereiro. Uma das bandeiras defendidas pela senhora é a pessoa com deficiência. Como a senhora avalia essa volta às escolas, principalmente para as crianças com alguma dificuldade de locomoção?

Não é satisfatório. A volta às escolas é importante sob diversos aspectos, inclusive para a saúde mental e sociabilidade dos alunos. A Prefeitura, todavia, precisa dar atenção especial e suporte aqueles com deficiências e dificuldade de locomoção. O amor ao próximo precisa estar em primeiro lugar.

Entre as pessoas com deficiência, a senhora destaca os autistas. As escolas municipais são preparadas para receber crianças autistas?

Hoje em dia, com o avançar da ciência, chegou-se à conclusão de que a palavra deve ser escrita no plural: Autismos. Nenhum é igual ao outro, são afetados de formas diferentes, desde a superdotação até a comunicação não verbal. Essa pluralidade não é contemplada ainda.

Para acolher autistas e pessoas possuidoras de síndrome de down, o que seria indispensável existir na rede pública de ensino?

Tenho leis que contemplam o tema. É necessário um olhar realmente inclusivo. Não basta colocar o aluno na sala de aula, ele precisa de orientação e de profissionais atentos às suas necessidades individuais. Incluir é um ato de amor e deve ser abraçado por toda a comunidade escolar. Temos ótimos exemplos, é possível.

No final de 2020, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu decreto do governo federal sobre escolas especiais para estudantes com deficiência. Qual a opinião da senhora sobre o assunto?

É um tema muito sensível e a família deve decidir quando matricular o filho na escola que melhor o atenda. Todos nós somos diferentes. Como educadora, creio que a sociedade ganha muito com a inclusão e a união das diferenças.

O Rio é refém da milícia, traficantes e de um estado policial, onde se mata mais crianças do Brasil. O que fazer para resolver isto?

Não é uma resposta fácil, não existe mágica. Como educadora e assistente social entendo que o melhor caminho seja o investimento na educação básica e o apoio imediato às famílias, em grande maioria, chefiadas por mulheres. Cabe ao poder público prover mecanismos de socorro imediato, garantindo a subsistência essencial para uma vida digna.

A senhora é presidente municipal do Republicanos e estadual do Mulheres Republicanas. O partido tem duas grandes forças que se misturam: a evangélica e a bolsonarista. Afinal, quais são as bandeiras mais importantes destes segmentos dentro do partido?

O que norteia o Republicanos é o brasileiro e o respeito aos valores familiares. Somos um partido conservador e sempre seguiremos esse plano político.

Até 2020, o Republicanos esteve na Prefeitura do Rio com Marcelo Crivella. O ex-prefeito ficou preso por quase dois meses, conseguindo alvará de soltura no dia 13 de fevereiro. A prisão abalou a força política de Crivella no partido?

O partido segue unido e certo que a justiça será feita. Confio que o Crivella provará sua inocência e que foi incluído, injustamente, no processo por questões políticas.

O que a senhora espera do novo governo municipal?

Que o Rio fique em primeiro lugar sempre, que defenda e proteja os interesses da cidade. Precisamos unir forças e, para isso, é primordial o bom relacionamento com os governos: estadual e federal. 

 

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