Atual prefeito de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, o Waguinho, deixou recentemente o MDB e se filiou ao PSL. Mais que isso: se tornou presidente estadual da nova legenda no Rio de Janeiro. No PSL, Waguinho pensa nas eleições de 2022. "Nossa meta é preparar o partido para elegermos as maiores bancadas de deputados federais e estaduais de todo o Brasil. Somente com a união de todos os filiados é que poderemos alcançar este objetivo", disse em entrevista ao jornal O DIA. Comandando o terceiro maior município da Baixada, Waguinho falou sobre o que é preciso fazer para o desenvolvimento da região. "A Baixada Fluminense precisa ter bons governantes comprometidos com a causa pública. O abandono da região vem de décadas, mas já houve evolução", explicou. "O governante não pode ficar apenas esperando recursos dos governos federal e estadual. É necessário que ele faça uma reserva financeira para investir no crescimento da cidade", completou.
Quais são suas primeiras ações como presidente estadual do PSL?
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Nossa primeira ação é reorganizar o PSL na capital e nos 91 municípios do Estado. Nossa meta é preparar o partido para elegermos as maiores bancadas de deputados federais e estaduais de todo o Brasil. Somente com a união de todos os filiados é que poderemos alcançar este objetivo. Essa reorganização será feita ouvindo e dialogando com todos, pois precisamos ter comprometimento com este trabalho, pois o PSL está de portas abertas para todos e não iremos ficar escolhendo pessoas para filiar, pois o partido é democrático e não fará nenhum tipo de discriminação.
Qual o tamanho da força do bolsonarismo dentro do PSL atualmente?
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O PSL é democrático e comandado por todos os filiados e por isso é forte. Quem tem a força é o povo. O PSL não tem dono. A força popular é importante para o PSL e a força partidária se adquire elegendo bancadas fortes em todos os Estados para que tenhamos uma boa representatividade no Congresso Nacional.
Alguns políticos apoiadores de Bolsonaro aguardam decisão do presidente para ir para o mesmo partido. Ao mesmo tempo, o PSL recebe o senhor, os deputados Chiquinho e Pedro Brazão, além do ex-governador Anthony Garotinho e a deputada Clarissa Garotinho. O que tem mudado na legenda desde as eleições de 2018?
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Nos últimos dias, o partido filiou nomes importantes. O PSL é grande, social e liberal e continua com as portas abertas para que todos que foram eleitos pela legenda continuem somando conosco nesta reorganização. Não iremos expulsar ninguém, pois não é esta a nossa filosofia. Respeitamos todos os parlamentares que estão no PSL e estamos fazendo o convite para que eles permaneçam, pois nossa intenção é eleger uma grande bancada na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa. O PSL é de todos e tem compromisso com a democracia.
O PSL virá com candidato próprio ao governo do Rio nas eleições de 2022?
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Inicialmente, o PSL tem o compromisso de apoiar a reeleição do governador Cláudio Castro, que até aqui tem sido correto conosco. Isso é uma pré-formatação e caminhamos para este apoio. Mas o partido é democrático e todos os filiados têm vez e voz. Iremos seguir o que for melhor para a população. O apoio ao governador depende da gestão dele. O PSL tem vida própria e pensa em melhorias para a população e torce por uma boa administração do governo estadual. Não há nada definido ainda.
O que é preciso fazer para os municípios da Baixada Fluminense se aproximarem do nível das grandes cidades brasileiras?
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A Baixada Fluminense precisa ter bons governantes comprometidos com a causa pública. O abandono da região vem de décadas, mas já houve evolução. Em Belford Roxo, por exemplo, consegui modificar uma situação que era caótica e que perdurava por 30 anos de emancipação. Saneei e pavimentei centenas de ruas em diversos bairros; coloquei as quatro unidades de pronto atendimento para funcionar (Hospital Municipal, Hospital Infantil e as UPAS do Bom Pastor e Lote XV); construí e reformei escolas e creches; e mantenho em dia os salários dos servidores, dos aposentados e pensionistas. O governante não pode ficar apenas esperando recursos dos governos federal e estadual. É necessário que ele faça uma reserva financeira para investir no crescimento da cidade. Como prefeito, economizo e consigo fazer obras de infraestrutura sem depender apenas de repasses. Fazemos gestão pensando na população, pois a Prefeitura precisa executar serviços. Quando vamos contratar algum tipo de serviço, sempre analiso se é de qualidade e se irá beneficiar a população. Essa é a receita. Belford Roxo está dando certo. Os outros municípios também podem dar certo.
Quais as principais reivindicações da população da Baixada?
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Sem dúvida, digo sem medo de errar, que as principais reivindicações são saneamento, drenagem e pavimentação. Ando por diversas cidades e percebo a carência em infraestrutura. Os municípios também precisam construir escolas, postos de saúde e praças. Esse conjunto de obras muda a vida das pessoas e dá dignidade. Além disso, gera empregos para moradores da cidade.
Quando se fala em turismo no Rio de Janeiro, se pensa principalmente na capital, Região dos Lagos, Região Serrana e Costa Verde. Que investimentos são necessários para o turista também ver a Baixada Fluminense como uma região turística?
A Baixada Fluminense tem potencial turístico. O que falta é investimento. Temos em Tinguá (Nova Iguaçu), por exemplo, a Fazenda São Bernardino, que é do tempo do Império e recebe muitos visitantes. Em Belford Roxo, temos a Bica da Mulata, as APAs (Áreas de Proteção Ambiental) e a Fazenda do Brejo, que são históricas. Nosso projeto é construir um corredor cultural para que as pessoas caminhem nestes locais históricos. Outro ponto que temos que focar é o investimento em restauração. Não podemos esquecer que a sede do Instituto de Arqueologia Brasileira (IAB) está situada em Belford Roxo com um grande acervo. Mas há um certo preconceito contra a Baixada Fluminense. Na gestão passada, quando criei a Secretaria de Turismo, sofri muitas críticas e ironias de vários setores. Na Zona Sul, se fizerem um boneco de ouro ninguém vai querer saber quanto custou. Na Baixada, se construírem um boneco de ferro na praça vão criticar e querer saber quanto custou. Quem não é da elite sofre preconceito. O Brasil é o país das desigualdades sociais. Para a elite, tudo, para a Baixada, nada. A solução é investir no resgate histórico da região.
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Como o estado do Rio de Janeiro pode voltar à sua capacidade de desenvolvimento econômico pós-pandemia?
O Rio de Janeiro já estava em crise financeira antes da pandemia por causa da má gestão de alguns governantes. O Rio de Janeiro só investiu errado e parou no tempo. Depois dos governos do Brizola (Leonel Brizola, 1983-1986 e 1991-1994), não se construíram mais escolas no Rio de Janeiro. Darcy Ribeiro (que era vice-governador e secretário estadual de Educação) fez uma revolução. Mas seus sucessores pararam tudo. Brizola também construiu a Linha Vermelha e o Sambódromo. Depois disso, o Estado teve poucas obras impactantes. Destaco também a Via Light (que liga Nova Iguaçu à Pavuna) construída pelo governador Marcello Alencar. Creio que essas foram as últimas obras de impacto feitas por um governador no Estado. O governante tem que transformar os recursos em benefício para a população. É necessário construir escolas, creches e hospitais, mas precisamos trabalhar também na questão da mobilidade urbana, duplicando estradas e outras vias para facilitar a vida do trabalhador. Não dá para uma pessoa ficar presa horas e horas em engarrafamentos e chegar atrasada para trabalhar ou resolver qualquer problema. O governante precisa olhar com carinho esta questão da mobilidade urbana. O Rio de Janeiro não está falido, pois com o acordo de refinanciamento da dívida que foi feito o Estado vai nadar de braçadas. O governador Cláudio Castro encontrou o Estado quebrado. Em Belford Roxo, dei um choque de gestão e melhorei Saúde, Educação e infraestrutura, além de outros setores. Recentemente uma pesquisa mostrou que o município foi o segundo entre as principais 100 cidades brasileiras que mais salvaram vidas de pacientes acometidos pela Covid-19. A Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) colocou Belford Roxo como o segundo município que mais gerou empregos na Baixada Fluminense. Isso vem por acaso? Não. É fruto de muito trabalho.
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