Primeira mulher a ocupar a Secretaria Municipal de Conservação do Rio de Janeiro, Anna Laura Secco tem o desafio de retomar uma pasta que não existia no governo anterior. "A maior dificuldade não foi a parte administrativa, que demandou dedicação, reorganização e alinhamento. O maior desafio foi e está sendo retomar o trabalho de zeladoria da cidade, que ficou esquecido, sem abrir mão dos detalhes que ajudam a embelezar ainda mais a nossa cidade", contou em entrevista ao jornal O DIA. Para o histórico problema dos alagamentos após chuvas fortes, a secretaria fez um planejamento estratégico para o verão 2021/2022. "A novidade deste ano foi a antecipação em dois meses do calendário de limpeza, permitindo não só a conclusão do trabalho antes do período chuvoso, como o desenvolvimento de projetos e soluções a longo prazo", contou.
Quando a senhora assumiu a pasta, não havia Secretaria de Conservação no governo passado. Qual foi a maior dificuldade na implantação?
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A Conservação – assunto de extrema importância para uma cidade tão plural e extensa como é o Rio – voltou a ter status de secretaria na atual gestão do prefeito Eduardo Paes, que, inclusive, foi quem criou a pasta. A maior dificuldade não foi a parte administrativa, que demandou dedicação, reorganização e alinhamento, mas fluiu bem graças à excelente equipe técnica de servidores. O maior desafio foi e está sendo retomar o trabalho de zeladoria da cidade, que ficou esquecido, sem abrir mão dos detalhes que ajudam a embelezar ainda mais a nossa cidade e enchem de orgulho o carioca e de encantamento o turista.
Quais são os maiores desafios na Secretaria de Conservação em uma cidade como o Rio de Janeiro?
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O Rio foi muito maltratado nos últimos anos. E o carioca está com uma expectativa muito grande na atual gestão. Nosso maior objetivo e, também, maior desafio, é fazer a nossa cidade voltar a dar certo. O resultado já está vindo, mas temos muito a fazer. Minha meta à frente da Conservação é tornar a nossa cidade maravilhosa novamente, sem tirar os olhos dos detalhes, que fazem toda a diferença. É ter, literalmente, aquela visão de síndica, de zeladoria. E, como a primeira mulher à frente da Conservação, essa responsabilidade só cresce, porque nós temos um olhar diferenciado, mais minucioso.
Um dos problemas conhecidos do Rio são as chuvas de verão, com temporais e alagamentos na cidade. O que a Secretaria tem feito para evitar transtornos e, principalmente, tragédias?
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Desde o primeiro dia de gestão estamos focados em atuar nos pontos críticos de alagamento da cidade. Fizemos um levantamento meticuloso, elencamos quais têm necessidade de uma obra de infraestrutura maior, e, naqueles em que a demanda é de manutenção, conservação mesmo, estamos atuando de forma constante e incisiva. Junto com o Centro de Operações, mapeamos os 50 principais pontos de alagamento e, em parceria com a Comlurb, Rio Águas, Guarda Municipal e CET-Rio, iniciamos a Operação Ralo Limpo, com limpeza das caixas de ralo e das galerias de águas pluviais. A iniciativa faz parte do planejamento estratégico do Plano Verão 21/22 e a novidade deste ano foi a antecipação em dois meses do calendário de limpeza, permitindo não só a conclusão do trabalho antes do período chuvoso, como o desenvolvimento de projetos e soluções a longo prazo. Esse projeto é o exemplo de uma das características dessa gestão, de trabalhar de forma integrada para entregar um resultado efetivo.
Ao circular pela cidade observamos que há muitos furtos de bueiros, fios dos postes, destruição de caixas de coletas de lixo e pichações não artísticas nas paredes. Por que o Rio é vítima de vândalos mais do que se vê em outras capitais brasileiras?
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Essa é uma questão de segurança pública. No que cabe à Conservação, estamos trabalhando com materiais com pouco valor comercial, como grelhas de concreto armado, para evitar os roubos. Uma novidade é a fábrica de artefatos que estamos criando, que vai produzir esses produtos e, no futuro, vai começar a utilizar escória siderúrgica e escombros – gerando economia para a cidade e mais rapidez na produção.
Quais são as áreas da cidade prioritárias para a secretaria?
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A Secretaria de Conservação trabalha para a cidade toda, respeitando as particularidades de cada bairro e região e valorizando a cultura local. Um orgulho que temos é o de dizer que estamos em todos os cantos do Rio e iremos, cada vez mais, nos manter próximos da população. Para isso, contamos com 40 unidades da Conservação espalhadas por todas as áreas de planejamento da cidade, que incluem as nossas gerências e as quatro usinas de asfalto - Jacarepaguá, Santa Cruz, Campo Grande e Caju -, que são um orgulho para a nossa cidade. Além da produção por meio de moderno laboratório, nossas usinas são capazes de produzir diferentes misturas de massa asfáltica que se adaptam às diversas necessidades de cada estrada, rua e avenida do Rio de Janeiro.
Hoje, qual é o cronograma da cidade? Cite os três principais problemas que precisam ser enfrentados imediatamente.
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Temos muitos problemas com vandalismo, roubos e furtos, que geram problemas de conservação e demandam tempo e verba que poderiam estar sendo investidos em outras ações. Trabalhamos para devolver o orgulho do carioca e a sensação de pertencimento das áreas de lazer e públicas da cidade, para que o carioca e o turista sejam nossos parceiros na preservação do espaço público. Também estamos atuando de forma efetiva no passivo que recebemos. Nosso objetivo é olhar com cuidado para os problemas encontrados, resolvendo as demandas, sem esquecer de trazer novas propostas e entregar um serviço de qualidade e um Rio de Janeiro mais bonito e mais bem cuidado. A cidade está sendo gerida por uma equipe de servidores que ama o que faz e, principalmente, que ama as suas belezas e cuida de todos os seus cantinhos. É aquele planejamento de olhar o macro, como a pavimentação, as ações de microdrenagem, mas sem esquecer os detalhes como os nossos monumentos, nossos chafarizes, nossas calçadas históricas de pedras portuguesas, nossas praças, nossa orla, nossa área de lazer. É olhar para a cidade toda, valorizando suas diferenças. Até hoje, já restauramos cerca de 350 monumentos e devolvemos à cidade importantes chafarizes como os do Largo do Machado, da Urca e do Alto da Boa Vista. E vem mais novidade boa por aí!
O cidadão que procura o atendimento no 1746 para denunciar um buraco na rua ou falta de iluminação consegue ter sua demanda atendida em quanto tempo? Qual é a burocracia?
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Os prazos para atendimento de cada demanda são variáveis. O 1746 é um instrumento de participação superimportante – criado na gestão Eduardo Paes – que aproximou o poder público do cidadão, sem a necessidade de intermediários. Uma das nossas metas é retomar a eficiência desse canal, tentando resolver o passivo encontrado e atendendo às demandas que surgem a cada dia. Aqui na Secretaria contamos com equipes dedicadas ao 1746, além de incluir as demandas nas programações diárias das gerências. A tendência é que esse tempo de resposta diminua cada vez mais.
Como manter o Centro do Rio atraente, tanto para turistas quanto para os cariocas que moram na região?
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A Prefeitura está muito atenta ao Centro do Rio e sua importância geográfica e comercial. Por isso, lançou uma iniciativa inédita, que é o Reviver Centro, buscando estabelecer diretrizes para a requalificação urbana e ambiental, incentivos à conservação das edificações existentes e à produção de unidades residenciais nessa região. Estão sendo realizadas ações para qualificar os espaços públicos por meio da conservação e reurbanização, com foco na acessibilidade, “caminhabilidade”, arborização e áreas verdes, melhorias urbanas ambientais e apoio ao uso residencial, além de promover a conservação, requalificação e ativação dos bens protegidos pela legislação de patrimônio cultural. Estamos atuando em parceria com diversas secretarias para que o Centro seja um exemplo não só para o Rio, mas para o Brasil.
Como fazer um trabalho de Conservação em áreas dominadas pelo tráfico e por milícias?
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Como representantes do Poder Público, precisamos estar em todas as áreas da cidade. Não só combatendo as irregularidades - que é muito importante, já que coibi-las é, também, conservar a cidade –, mas entregando serviço de qualidade. Para isso, é importante contar com a colaboração dos moradores, representantes de associações, com a própria equipe da Prefeitura – que, hoje, tem uma Secretaria Especial de Ação Comunitária - e, se for o caso, com as forças de segurança. O que não podemos é deixar de atender a nenhum canto do Rio. Estamos aqui para trabalhar para o carioca.
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