Equipes da Secretaria de Vigilância e Zoonoses contabilizam as mortes - DIVULGAÇÃO
Equipes da Secretaria de Vigilância e Zoonoses contabilizam as mortesDIVULGAÇÃO
Por ANGÉLICA FERNANDES

Com o avanço dos casos de febre amarela no estado do Rio, a mortandade de macacos, vítimas da doença e de espancamento pelo homem, já chega 370 neste ano. Somente em dois meses, esse índice representa 61% dos registros no ano passado, que foram de 602 óbitos. Além do alerta de extinção em algumas espécies, a taxa de mortalidade desses animais desperta ainda para um risco maior: o desequilíbrio ecológico.

Nas florestas de Mata Atlântica do estado, a população de macacos é bem diversificada, com mais de oito espécie. A mais comum é o macaco-prego e, a mais rara, o Muriqui, de grande porte. Esse grupo de primatas, além do Bugio e outras quatro espécies já estavam ameaçadas de extinção e, com a mortandade, podem simplesmente desaparecer dessa região.

"O receio é que a incidência de febre amarela seja o tiro de misericórdia para essa população, pois eles já vivem em áreas isoladas e, agora, podem se perder localmente e não resistir", explicou o coordenador do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros (CPB) do ICMBio, Leandro Jerusalinski.

O impacto na cadeia alimentar é uma das graves consequências da morte desses animais na natureza. Segundo Leandro, como os macacos são predadores e presa, pode haver desestabilização para os dois lados. "Eles são predados por carnívoros, os grandes felinos, como onça, gavião e cobra, e também se alimentam de pequenos insetos, como lagarto e perereca", detalhou.

Outro impacto é na vegetação. Como esses primatas se alimentam basicamente de fruta e folha, eles acabam ajudando na plantação. "Os macacos são os jardineiros e plantadores da floresta, pois as fezes desses animais ajudam a germinação e viabiliza novas espécies de árvores. Eles são muito importantes para manter a floresta sadia", concluiu Jerusalinski.

Para frear a morte dos macacos, em decorrência de espancamento, a Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses lançou campanha esclarecendo que esses animais não são transmissores da doença, pelo contrário, eles são considerados sentinelas, pois sinalizam a circulação do vírus, o que permite às autoridades de saúde intensificar a vacinação.

De acordo com a subsecretaria da pasta, Marcia Rolim, neste ano, a cada 10 macacos mortos, 6 possuem lesões características de maus tratos. No ano passado, a proporção era 4 em 10. "Em 15 anos de trabalho nunca vi tamanha crueldade com uma espécie", desabafou Marcia.

Denúncias de espancamento a macacos, que é considerado crime ambiental, podem ser feitas pela Linha Verde, do Ibama, através dos telefones 136 ou 0800-61-8080.

 

Você pode gostar
Comentários