Ativista desaparecido é encontrado em hospital público no centro do Rio
Militante do movimento negro, Ordanael da Silva, 70 anos, sofreu um mal súbito em via pública. Divulgação no DIA Online ajudou na localização do ativista
Por Charles Rodrigues
Após 4 dias de apreensão e buscas, o ativista do movimento negro Ordanael da Silva, de 70 anos, foi encontrado, na noite da última segunda-feira, internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no centro do Rio de Janeiro.
Ordanael mora sozinho, em Inhoaíba, na Zona Oeste do Rio. Ele teria sofrido um acidente vascular cerebral (AVC), em via pública, e foi encaminhado por uma ambulância à unidade de saúde. Segundo colegas, o estado de saúde do ativista é estável.
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Querido e atuante na sua militância, Ordanael desapareceu, na última sexta-feira, após falar com colegas por um aplicativo de mensagens. O sumiço repentino e o fato de o aparelho celular estar desligado chamaram atenção dos colegas, que iniciaram as buscas pela região. O caso estava sendo investigado pela Delegacia de Descobertas de Paradeiros (DDPA).
Ordanael faz parte da diretoria do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro (COMDEDINE-Rio), órgão ligado à Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos – SMASDH, e é atual vice-diretor do Centro Olympio Marques dos Santos (COLYMAR), instituição que tem por finalidade promover o fortalecimento do empreendedor Afro-brasileiro.
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“Foi um alívio. Agora, vamos rezar pela saúde dele!
Colega e amiga do Ordanael, há 40 anos, a pedagoga e ativista Adélia Azevedo, de 77 anos, foi a última pessoa a falar com ele, na noite da última quinta-feira. Aliviada, ela agradeceu à rede de solidariedade e aos militantes que se empenharam nas buscas.
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“O Ordanael é muito querido e faz parte da História do movimento negro no Brasil. Agradecemos a todos que ajudaram nas buscas, sobretudo, os militantes e o Dia Online, que divulgou e acompanhou o desfecho do caso. Foi um alívio. Agora, vamos rezar pela saúde dele”, agradeceu a pedagoga, que já representou o Brasil e o movimento negro em uma conferência nas Organizações das Nações Unidas (ONU), na década de 90.
Desaparecimentos de idosos por problemas de saúde são recorrentes
Em janeiro de 2021, foram registrados 383 desaparecimentos de pessoas, no Estado do Rio de Janeiro, conforme dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP). De acordo com o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid), do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, os desaparecimentos de pessoas, com faixa etária entre 36 e 65 anos, correspondem a cerca de 22,5% do total de casos registrados em sua pesquisa. De 66 anos em diante, o números de casos cai para 5,34%. No caso específico de idosos, com idade a partir dos 60 anos, os sumiços recorrentes estão relacionados, na sua maioria, a problemas de saúde.
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Documentos, objetos com identificação e especificação de doenças são fundamentais na prevenção
Para prevenir os sumiços de idosos, especialistas orientam o porte de documentos e a identificação com contatos inscritos em objetos como pulseiras e cordões. Em casos de problemas de saúde, sobretudo com diagnósticos de Alzheimer e demência senil, o ideal é constar também especificações das doenças, tipos sanguíneos e medicamentos usados no tratamento.
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“Os sumiços de idosos têm sido recorrentes e precisamos orientar e conscientizar a sociedade, pois, devido ao aumento da expectativa de vida, nossa população envelhecerá a cada ano. Portanto, também temos que desenvolver políticas públicas de prevenção. Orientamos às famílias de idosos para o uso de documentos, objetos de identificação e especificação de doenças e/ou outras deficiências. São ações simples que farão diferença no momento das buscas”, explica Jovita Belfort, atual superintendente de Prevenção e Enfrentamento ao Desaparecimentos de Pessoas e Ampliação do Acesso à Documentação Básica da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos.