Martha Pereira, de 15 anos, está sumida desde a última quarta-feira, após sair de casa, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói
Martha Pereira, de 15 anos, está sumida desde a última quarta-feira, após sair de casa, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói Arquivo Pessoal
Por Charles Rodrigues
Uma carta de despedida endereçada à mãe, encontrada sobre a cama, foi o último contato feito pela adolescente Martha da Silva Pereira, de 15 anos, que está desaparecida, desde a manhã da última quarta-feira, após sair de casa, em Piratininga, na Região Oceânica de Niterói.
O sumiço da adolescente mobiliza familiares e amigos, que, além das buscas na região, iniciaram uma campanha de divulgação nas redes sociais. As circunstâncias do desaparecimento estão sendo investigadas por policiais da 81ª DP (Itaipu), com apoio do Conselho Tutelar.
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Parte do conteúdo da carta, escrita em um pedaço de folha de caderno, Martha relata “que amava a mãe, mas que sua saída de casa seria um alívio”. Em depoimento à polícia, a mãe da adolescente negou ter ocorrido brigas entre elas, mas não descartou a hipótese de a filha ter sido aliciada por terceiros. O aparelho celular da estudante está desligado e as contas nas redes sociais foram apagadas.  
‘Minha preocupação é de ela ter sido aliciada e sair do estado ou país'
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“Não houve briga. A Martha é uma filha maravilhosa e nunca saiu de casa. Acredito que ela foi induzida por alguém. Ela é bonita e pode ter saído para acompanhar alguém com a promessa de ganhar dinheiro. Ela levou todas as roupas. Minha preocupação é de ela ter sido aliciada e sair do estado ou país. Estou solicitando à polícia e ao Conselho Tutelar que me ajude fazendo buscas nos aeroportos ”, disse, emocionada, a dona de casa Adriana Maria da Silva, de 42 anos.
Estudante do ensino médio de um tradicional colégio de Niterói, Martha é apaixonada por música e faz aulas de percussão em uma comunidade da região. Há quatro anos, a adolescente vinha fazendo acompanhamento psiquiátrico, mas, conforme a família, mantinha a rotina de estudos, não apresentava distúrbios, apesar de ainda fazer uso de remédios controlados.
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Segundo amigos, a menina teria sido vista, pela última vez, na comunidade do Jacaré, em Niterói, mas não foi localizada pela família. Informações sobre o paradeiro da adolescente podem ser repassadas aos telefones 190 (PM), 2253-1177 (Disque-Denúncia) e (21) 2709-2625 (81ª DP-Itaipu)

Desaparecimentos de adolescentes motivados por conflitos familiares correspondem a 65% dos casos
Fugas de lares envolvendo crianças e adolescentes são recorrentes, mas extremamente arriscadas, alerta Luiz Henrique de Oliveira, gerente do Programa SOS Crianças da Fundação da Infância e do Adolescente (FIA). Com 30 anos de experiência administrando casos de desaparecimento de menores, Oliveira ressalta que as fugas permeiam o imaginário desses meninos e meninas, que, geralmente, saem de casa após conflitos familiares, podendo ser tornarem vítimas de uma rede de aliciadores e colocados em iminentes riscos. De acordo com dados da FIA, cerca de 65% dos casos de sumiços de crianças e adolescentes são motivados por conflitos familiares.
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“Aventuras deixam adolescentes e jovens em risco ou vulneráveis à rede de aliciadores. Essas fugas são provenientes do imaginário desses meninos. Contudo, eles podem ser submetidos a atos violentos, impelidos a trabalhos escravos ou até vítimas de tráfico de pessoas. Por isso, alertamos às famílias que priorizem o diálogo e, ao detectarem algum problema, procurem atendimento especializado nas instituições e conselhos tutelares da sua região”, explica Luiz Henrique.