Agnes NunesLucas Nogueira / Reprodução Internet

Rio - Um dos principais nomes da nova geração da MPB, a cantora Agnes Nunes lançou recentemente seu primeiro disco, "Menina Mulher". O projeto traz dez faixas, sendo nove canções autorais, e mostra as diversas Agnes que moram dentro da menina de 19 anos que nasceu na Bahia, mas cresceu no interior da Paraíba. O álbum apresenta letras sobre autoaceitação, empoderamento e introspecção, sempre embaladas por melodias românticas.
“O álbum se chama ‘Menina Mulher’ e acompanha minha evolução e amadurecimento em relação a muitas coisas: amor, dor, partidas, chegadas. Cada música é sobre uma fase que vivi durante o processo de criação. Vivi muita coisa e transformei em letra, poema e música. Iniciei um relacionamento, terminei e depois voltei, trabalhei muito, conheci pessoas e estilos de vidas diferentes. Foram fatores importantes para escrever cada música. São 10 versões de Agnes: a sofrida, a apaixonada, a feliz, a chocada, a que vence medos”, diz.
Parte do processo criativo do álbum foi feito na Bahia, onde Agnes não pisava há 18 anos. Lá ela pode se "reconectar com o que há de verdade, com o pé no chão, areia, mar e gente de verdade”, além de gravar o clipe do forró “Última Dança”, nona faixa do CD. Produzido por Neo Beats, parceiro musical de Agnes há alguns anos, e Alexandre Kassin, o projeto reúne diversas influências.
“O álbum está bem Brasil, mas tem um pouco da minha loucura musical. Eu sou uma pessoa muito eclética. Bebi um pouco da fonte do R&B, do jazz, do blues. Mas ele está bem Brasil. Fiz questão disso porque moro no Brasil, cresci no sertão da Paraíba ouvindo músicas extremamente brasileiras”, revela ela, que ficou emocionada quando ouviu o CD pela primeira vez.
“É muito louco você se reconhecer numa obra, de você ouvir a música e ela se encaixar literalmente no que você está vivendo. Fiquei muito emocionada porque é o meu lado mais puro, mais nu. Não há nada mais puro que pegar um sentimento e traduzir em uma letra poética, em ritmo, em nota de piano e em acorde de violão. Fiquei emocionada, feliz e orgulhosa”, conta.
Futuro
Há cerca de três anos, Agnes estava terminando a escola e não imaginava que faria sucesso com covers na internet, muito menos que lançaria um disco próprio. De lá para cá, sua vida “mudou de uma forma bizarra” e ela saiu de Campina Grande para viver em grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde mora hoje. Sonhadora, em um exercício de reflexão, ela imagina como estará daqui a 10 anos.
“Quero olhar para trás e me sentir orgulhosa de tudo que fiz. Quero ter feito muitos trabalhos e ter lançado mais discos. Passo a passo, daqui a 10 anos, vou olhar para trás e vou ficar feliz com o que construí. Acho que não estarei onde quero estar, tomara que sim, mas, sei lá, o tempo está passando tão rápido… Acredito que vou conhecer o mundo e ele vai se tornar pequeno”, diz.
Por enquanto, ela foca no lançamento do primeiro disco e se prepara para arrumar as malas e cantar em terras europeias. Em março e abril, ela faz quatro shows em Portugal e Inglaterra. “Estou bem animada para poder voltar aos palcos com meu piano e cantar ‘Menina Mulher’”, revela ela, que ainda vai estrelar como atriz nas séries “Só Se For Por Amor”, da Netflix, e “Tá Tudo Certo”, do Disney +, neste ano.
Lembranças com Elza Soares
Recentemente, Agnes também lançou o série documental "Abre Alas”, no qual homenageou seis mulheres negras da música brasileira no YouTube. Dentre elas, Elza Soares, que faleceu aos 91 anos em janeiro deste ano, uma das maiores influências e inspirações da jovem artista.
“Ela me ensinou sobre força, ela passou por muitas coisas difíceis, perdeu um filho pra fome e me ensinou a força de querer cantar. Essa força era maior que tudo. Se eu tiver um terço dessa força que e ser um terço da artista e mulher que ela foi, eu vou ser muito feliz”, conta.
Antes das gravações do documental para o YouTube, ela já havia participado de uma live de Elza e relembra o momento especial. “Eu só sabia chorar porque eu não acreditava que estava vendo a Elza e que ela tinha me escolhido para cantar com ela naquela live na casa dela. Foi um dos momentos mais importantes da minha vida. Desde que me entendo por gente, eu ouço Elza. Sempre vou ouvir, sempre vou levá-la comigo”, recorda.