Mano Brown comanda a segunda temporada do podcast ’Mano a Mano’fotos Divulgação / Spotify

Rio - O rapper Mano Brown, integrante dos Racionais MC's, vem mandando bem na segunda temporada do podcast "Mano a Mano", disponibilizado gratuitamente no Spotify. O artista já conversou com personalidades como o cantor Emicida, a funkeira Jojo Todynho, a ex-presidente Dilma Rousseff, os representantes de três gerações do pagode Thiaguinho, Salgadinho e Marquinhos Sensação, entre outros.
Hoje vai ao ar o episódio com a ativista e intelectual Sueli Carneiro, que é uma das principais referências da discussão do feminismo negro no Brasil e que será homenageada no Prêmio Jabuti 2022 como Personalidade Literária. Brown acredita que o sucesso do podcast se deve a combinação da sua espontaneidade com o auxílio de sua equipe. 
"Eu associo o sucesso à minha assessoria, à equipe que está por trás me assessorando. Para cada convidado a gente faz reuniões, eu ouço a opinião de todos e também exponho a minha. O sucesso vem dessa responsabilidade. As pessoas se interessam pela minha espontaneidade. Eu sempre converso, falo que prefiro me colocar no meu lugar, que é o que? O cara que sabe menos, que sabe pouco, e faço perguntas que vão servir para outras pessoas", afirma. 
O rapper comemora a possibilidade de abordar assuntos como política, esporte, música, religião, sociedade e cultura. "Entrei nesse projeto para fazer o meu melhor e sabia que, se eu conseguisse ser eu mesmo, poderia render algo bom. Fazer as pessoas te ouvirem é uma mágica e você consegue isso com assuntos que sejam úteis para a vida das pessoas". 
Além disso, o rapper tem mostrado uma nova faceta para o público. "Eu mostrei um Mano Brown que é estudioso, interessado em muitos assuntos fora do óbvio. No podcast, a gente fala de muitos assuntos, inclusive Teologia. Aprendi a gostar muito da ideia e é um assunto que eu nunca tinha abordado profundamente em lugar nenhum. Hoje sou muito interessado (em Teologia), cada vez mais", afirma.  
"Mesmo quando são assuntos mais complexos, tento trazer uma linguagem, um entendimento para todos. Eu quero que o cara possa estar descarregando um caminhão e ouvindo o podcast, entendendo e aprendendo com ele. É para todos", completa.  
O rapper lembra que antes de entrevistar Glória Groove, na primeira temporada, não conhecia o trabalho da artista e diz que ela possivelmente é uma das personalidades que mais causaram reflexão a ele. "A Glória Groove era totalmente fora do meu universo. Ela é muito talentosa, várias fitas". 
Identificação 
Aos 52 anos, Brown está feliz por ainda "conversar" tanto com os jovens quanto com pessoas de sua própria faixa etária.
"É um lance legal o fato de ter 52 e ainda estar fazendo rap. Eu tenho diálogo com a molecada jovem e tenho diálogo com os caras mais velhos do que eu, os caras que me lançaram, que esperam da minha geração uma continuidade do que eles começaram. Eu sou abordado na rua por gente branca, casais de idade mais avançada que ouvem o podcast e também por molecada de 25, 26 anos. São poucas coisas que conseguem fazer isso, talvez só o futebol", analisa o rapper, que fala sobre ser inspiração para os jovens. 
"Se eu servir pra isso, fico muito feliz. Entendo também que se a coisa vai bem, a gente consegue alcançar mais gente. Se naufraga, os caras vão repensar...  Se você vê pessoas que a partir de você estão tendo ideias também, é sinal de que seu trabalho está sendo bem feito, você está comunicando", finaliza.