Por gabriela.mattos

Rio - No Carnaval de 2014, quando foi aplaudida na Sapucaí com o enredo “É brinquedo, é brincadeira, a Ilha vai levantar poeira” e terminou em quarto lugar no Grupo Especial, a União da Ilha do Governador trouxe pela última vez uma ala composta por crianças. Mas, como “ser criança não é brinquedo, não”, a agremiação não deixou os pequenos de lado e fundou uma escola mirim em agosto daquele mesmo ano, a Cavalinhos Marinhos da Ilha. O grupo responsável pela molecada foi formado por seis pessoas, entre elas uma já era bastante conhecida entre os integrantes: a tia Leiloca.

Tia Leiloca é uma das fundadoras da escola mirim da União da Ilha%2C a Cavalinhos Marinhos da IlhaMárcio Mercante / Agência O Dia

Leila Lopes Tutunji, de 54 anos, tem uma história de longa data na Ilha. Por influência do pai, que costurava roupas da Velha Guarda das agremiações do Rio, ela começou a frequentar a quadra da escola ainda jovem. “Minha relação era de fã. Fomos morar na Ilha e depois a escola começou a despontar. Eu cresci vendo isso. Meu irmão ficou por um bom tempo na bateria”, relembra.

Há 25 anos, Leila foi convidada para assumir a ala da comunidade da agremiação. Naquela época, a profissional exercia uma função administrativa e ajudava na inscrição dos componentes para o desfile. Já entre 2001 e 2008, período em que a escola da Zona Norte ficou no Grupo de Acesso, ela mudou de cargo e começou a participar da ala das crianças junto com outros integrantes. Leila se tornou a responsável pelo grupo apenas em 2009, quando a agremiação voltou à elite do Carnaval carioca. “Foi uma experiência muito boa”, diz.

Para tia Leiloca, o melhor desfile da ala mirim foi o de 2014, quando as crianças se vestiram com roupas representando todas as regiões do Brasil. “Elas tiveram uma maior visibilidade. Naquele ano, vim com 120 crianças e havia seis fantasias diferentes na ala”, relembra a profissional, acrescentando que formou a Cavalinhos Marinhos da Ilha com apoio da diretoria.

Leila Lopes Tutunji%2C de 54 anos%2C tem uma história de longa data na IlhaMárcio Mercante / Agência O Dia

Não é por acaso que a escola mirim foi batizada com esse nome. O símbolo da agremiação das crianças inclui o mesmo que aparece no brasão da União da Ilha: o cavalo marinho. Na imagem, há ainda uma coroa verde, que remete à Império do Futuro, e 17 bolhas que representam os bairros da Ilha do Governador. “Assim como toda escola tem uma madrinha, e no caso da Ilha é a Portela, convidamos a Império para nos batizar. É uma das primeiras escolas mirins fundadas no Rio”, destaca tia Leiloca.

Com cerca de 400 componentes, a Cavalinhos ainda desfila na Estrada do Galeão e não entra na Sapucaí com as outras 16 escolas mirins na terça-feira de Carnaval. “É um trabalho ainda feito muito na comunidade. Fazemos nosso desfile um sábado antes do Carnaval, para que não atropele o trabalho de ninguém”, reforça a profissional, que também é servidora estadual. Ela vai à quadra da agremiação em alguns dias durante a semana para ajudar a escola mirim.

No Carnaval de 2016, a Cavalinhos contou a história do biscoito. Neste ano, as crianças farão uma releitura do enredo “Domingo”, de 1977, quando a União da Ilha terminou na terceira colocação no desfile que ainda era realizado na Rio Branco. Em paralelo aos preparativos para o desfile, a tia Leiloca organiza algumas oficinas pré-Carnaval, como de carro de som, bateria, carnavalesco, passista e mestre-sala e porta-bandeira.

Em relação ao desfile da União da Ilha deste ano, tia Leiloca não esconde a ansiedade. “As expectativas são as melhores possíveis. Quando eu entrava com as crianças na Avenida, não tinha uma vez que fosse pura emoção. Respiro fundo e vamos embora”, brinca a profissional.

Reportagem de Adriano Araújo, Gabriela Mattos e da estagiária Luana Benedito

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