
Rio - A Mangueira levará para Sapucaí, no ano que vem, um desfile em homenagem aos grandes nomes do movimento negro. Em uma análise exclusiva para O DIA sobre o enredo da escola, intitulado 'História pra ninar gente grande', o carnavalesco Leandro Vieira destaca que a Verde Rosa ficará mais próxima de suas raízes. "A Mangueira pretende despertar a negritude de sua comunidade do sono profundo que impede o negro de reconhecer-se autor de sua própria liberdade, e não um coadjuvante do processo", afirmou Leandro.
Entre as figuras negras que a Mangueira homenageará estão: Dandara, esposa de Zumbi dos Palmares; Luiza Mahin, líder de todas as revoltas de escravos na Bahia, no século 19 e Marianna Crioula, escrava e quilombola, que participou da maior fuga de escravos do estado do Rio. "A ideia é personificar esses heróis em mangueirenses ilustres", ressaltou Vieira. Alcione, Leci Brandão e Nelson Sargento vão interpretar essas personalidades.

"O enredo é um olhar para a história do Brasil, a narrativa oficial, com a intenção de ser capaz de despertar o orgulho popular", definiu o carnavalesco. Também haverá homenagem à vereadora Marielle Franco, assassinada em março, junto com o motorista Anderson Gomes. O refrão do samba-enredo 'Brasil, chegou a vez de ouvir as Marias, Mahins, Marielles, Malês' explodiu nas redes sociais, logo após seu lançamento.
Uma gigante alegoria no setor dedicado à consciência negra dará contorno épico ao apresentar um nome quase indigente nas páginas que estudam a abolição da escravatura no Brasil: Francisco José do Nascimento, o Dragão da Mar. "Líder negro responsável pelo processo que desencadeou a abolição da escravatura no Ceará, quatro anos antes de Princesa Isabel assinar a Lei Áurea, o herói esquecido, ao menos no desfile da Mangueira, ganhará notoriedade", encerrou Leandro.