Mestre-sala com curativos no braço durante internação no Hospital Estadual Getúlio VargasArquivo pessoal

Rio - Yuri Souzah, primeiro mestre-sala da Unidos da Ponte e segundo do Paraíso do Tuiuti, não vai poder desfilar no Carnaval de 2022 após sofrer um grave acidente há pouco mais de duas semanas, em seu estúdio de beleza, na Vila da Penha, onde quase perdeu o braço. Ele ficou internado por 12 dias no Hospital Estadual Getúlio Vargas e recebeu alta na última sexta-feira (15).

Em entrevista ao DIA, Yuri detalhou como ocorreu o acidente que o deixou de fora dos desfiles da Série Ouro e do Grupo Especial do Rio. Segundo ele, tudo aconteceu durante a tentativa de subir um espelho para seu estúdio de beleza, no dia anterior à inauguração.

"Eu tinha um estúdio aberto, e resolvi estender o espaço do meu estúdio de beleza. Então, nesse negócio de estender, eu estava montando a minhas coisas e colocando tudo no lugar. Eu já tinha montado o meu estúdio todo, a inauguração seria na segunda-feira (4). No domingo (3), eu fui para o meu salão para poder terminar de ajeitar as coisas. Faltava colocar o vidro na parede, junto com balcão, e aí não tinha como o vidro passar pela pela escada, porque meu salão é no segundo andar. Eu e meu esposo decidimos passar o vidro pela janela. A gente subiu o vidro pela corda e aí quando a gente foi passar pela janela, do nada o vidro estalou no meio. Fui tentar segurar o vidro, a parte de cima que tinha estalado. O vidro acabou escorregando e cortando meu braço e aí no momento só me veio (na cabeça) o meu mundo acabando, a minha ferramenta desabando, porque minha mão é minha ferramenta de trabalho", contou.

Yuri, com auxílio de seu marido, tentou estancar o ferimento até chegar ao hospital mas perdeu muito sangue até ser atendido. Segundo ele, os médicos disseram que seu braço teria de ser amputado por conta da gravidade do ferimento. "E eu na hora fraco, porque há tinha perdido muito sangue, eu falava pro meu marido que queria dormir, que estava com sono, e ele chorando falando que eu tinha que ficar acordado, que eu não podia dormir. Eu estava muito fraco, mas Deus e meus orixás foram tão bons na minha vida que não deixaram o pior acontecer".

O rapaz passou por uma cirurgia que durou cerca de nove horas, e se recupera bem dos ferimentos que sofreu. Yuri ainda relatou que, durante os três dias que passou no CTI, não conseguia pensar nas consequências que o acidente havia causado em sua vida. No entanto, logo percebeu que não poderia desfilar no Carnaval deste ano.

"Foi um momento muito difícil pra mim. Eu chorei, me desesperei, até porque a gente ensaiou o ano todo para fazer um bom trabalho no Carnaval, tudo na regra, alimentação, preparo e fisicamente", expôs.

Em seu lugar, Emanuel Lima vai vir como 1° mestre-sala na Unidos da Ponte, que desfila nesta quarta-feira (20). Já na Paraíso do Tuiuti, Leonardo Tomé o substituirá no posto de 2º mestre-sala. A escola é a primeira a desfilar no sábado (23).

O mestre-sala disse estar bem melhor e relatou que já consegue movimentar o braço e os dedos. Para recuperar o movimento total do membro, Yuri precisará passar por fisioterapia, pois o corte atingiu os ligamentos da região.
Quebra de expectativa às vésperas da folia

Para Yuri, umas das piores sensações foi a quebra de expectativa tão próximo aos desfiles para qual se preparou.

"Confesso que até agora a ficha ainda não caiu, só vai cair realmente quando os desfiles acontecerem. Tá sendo muito difícil para mim, é muito complicado, sei que eu vou me emocionar muito, porque a gente faz um trabalho árduo e eu já vinha me preparando há 2 anos. Esse acidente me pegou de surpresa".

Apesar de não poder desfilar, Yuri pretende estar presente em todos os desfiles diretamente da Marquês de Sapucaí. Além disso, o mestre-sala afirmou que já espera ansioso pra voltar em 2023 e que o público pode esperar muitas surpresas para o próximo ano.

Ele ainda destacou que está feliz por poder ser representado por pessoas que confia e que escolheu para ocupar o seu lugar em algo tão importante em sua vida, que é o Carnaval. "Eu coloquei pessoas competentes para assumirem o meu lugar. A escola colocou pessoas que eu disse que poderiam representar bem naquele cargo. Então, o que me deixou mais forte e mais feliz foi que as pessoas que estão representando e que vão se apresentar lá no desfile, são as pessoas que eu escolhi, que eu confiei e sei que farão um trabalho digno assim como eu sempre fiz".

O casamento e auxílio na recuperação

Yuri contou que seu companheiro tem sido um grande alicerce desde o ocorrido e principalmente agora, durante sua recuperação. "Meu marido tá sendo um dos carros-chefes da minha recuperação. Ele tá se desdobrando".

O companheiro é o responsável pelos curativos, preparação de refeições e todos os cuidados que Yuri precisar. Segundo o mestre-sala, o período está sendo bastante corrido para o marido que além de cuidar dele também precisa trabalhar. "Ele está exercendo isso com muito amor, carinho, com êxito, com dedicação. Eu sou mega grato ao meu companheiro por tudo o que ele tem feito por mim, sem ele eu não sei o que seria".