Ex-porta-bandeira da Mangueira, Squel falou sobre a carreira ao Museu do SambaDivulgação

Rio - O Museu do Samba gravou, na última semana, mais uma rodada de depoimentos para o projeto Memória das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro, acervo audiovisual da instituição. Carlinhos do Salgueiro, coreógrafo e ícone da escola, foi o primeiro a ser entrevistado. Na sequência, foi a vez da porta-bandeira Squel Jorgea, que defendeu o pavilhão da Mangueira nos últimos oito anos e que anunciou, recentemente, o encerramento da carreira.
Squel criticou a extrema padronização da dança dos casais de mestre-sala e porta-bandeira com coreografias. Segundo ela, até os sorrisos estão se tornando todos iguais. “Eu sou uma porta-bandeira tradicional, não admito ser domesticada por uma coreografia”, enfatizou.
A sambista contou sua trajetória, desde o primeiro desfile como passista – que detestou – até a consagração como porta-bandeira, com passagens pela Grande Rio, Mocidade e Mangueira, escola do seu coração e de toda sua família.
"Vivo o carnaval de forma intensa há 23 anos, desde os meus três anos como segunda porta-bandeira na Grande Rio e ao longo dos meus vinte anos como primeira porta-bandeira. Completei no último carnaval um número que me deixa feliz com relação à minha carreira, foi um grande aprendizado", completou Squel.
Professo de dança, dançarino e coreógrafo, Carlinhos desfilou memórias da carreira, desde a primeira vez em que coreografou um grupo, aos 13 anos, para uma festa junina. E falou de sua grande paixão, o Salgueiro, escola em que se tornou um dos mais reconhecidos coreógrafos do Carnaval brasileiro.
Um dos temas da conversa foi sobre a relação dos passistas com as agremiações. “Os passistas são os que recebem menos apoio em uma escola; é preciso ter muita dedicação e personalidade para ser respeitado”, defendeu.
Conhecido por ser extremamente profissional e exigente nos ensaios, Carlinhos não se imagina longe dos desfiles e tem um desejo. “No futuro, acho que vou ser diretor de Carnaval”, revelou.
O projeto Memória das Matrizes do Samba do Rio de Janeiro conta com apoio do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) e já possui mais de 160 gravações em vídeo que documentam histórias e memórias de personalidades do samba e do carnaval – cantores, compositores, mestres de bateria, porta-bandeiras, mestres-salas, passistas, entre outros.
O material está disponível gratuitamente para consulta e pesquisa, mediante agendamento pelo e-mail contato@museudosamba.org.br.