Ensaios técnicos começam neste fim de semana na Marquês de SapucaíEstefan Radovicz / Agência O Dia

Rio – Cinco escolas vão abrir neste fim de semana a temporada de ensaios técnicos na Marquês de Sapucaí. Com entrada franca nas arquibancadas, o evento é um grande aperitivo para o Carnaval 2023.
No sábado (14), será o dia da Série Ouro, que entra na Avenida às 20h com a Lins Imperial. A escola celebra o seu aniversário de 60 anos com o enredo “Madame Satã: Resistir Para Existir”, dos carnavalescos Edu Gonçalves e Ray Menezes. Trata-se de um manifesto sobre João Francisco dos Santos, um homem nordestino, negro e homossexual que, durante a primeira metade do século XX, fez da Lapa o seu mundo, se tornando símbolo de resistência.
Em seguida, às 21h, é a vez da Estácio de Sá, que traz o enredo “São João, São Luís, Maranhão! Acende a Fogueira do meu Coração”, do carnavalesco Mauro Leite. Encerrando o dia, às 22h, entra a Inocentes de Belford Roxo com o enredo “Mulheres de Barro”, do carnavalesco Lucas Milato. Ele toma como base a história das Paneleiras de Goiabeiras (ES), mulheres artesãs que tiram do barro o seu sustento, e tem como meta exaltar a força feminina e divulgar a arte capixaba.
De acordo com Wallace Palhares, presidente da LIGA-RJ, que organiza a Série Ouro, o evento promete um grande espetáculo ao público. “Nosso Carnaval já começa nesse ensaio, (pretendemos) mostrar a força da Série Ouro. (Tem) muito canto, muita evolução, a disputa está cada vez mais acirrada, tudo por pequenos décimos, então cada escola precisa estar preparada e esse preparo vem dos ensaios técnicos ... O público pode esperar o gigantismo das escolas da Série Ouro. Muito comprometimento e coreografias fiéis ao que será visto no desfile”, declarou o presidente.
No domingo (15), é a vez do Grupo Especial. Após vencer a Série Ouro em 2022, o Império Serrano abre a temporada da agremiações da elite do Carnaval com o enredo “Lugares de Arlindo”, do carnavalesco Alex de Souza. O tema é uma homenagem ao celebrado músico, que venceu 12 sambas-enredo na história da Verde e Branco.
“Todo imperiano tem um pouco de Arlindo dentro de si. Ele é um cara fantástico, que tem uma espiritualidade muito forte, ancestralidade muito presente, e a energia dele passa para o imperiano. É uma energia muito positiva de que, da mesma forma que as canções dele passam uma mensagem de conforto, de amor, de incentivo, o nosso samba-enredo também nos transmite essas emoções, a vontade de cantar e gritar, por ele, pelo Arlindo. É um momento histórico, e todo imperiano quando canta o samba se emociona”, declarou Vitinho, mestre de bateria da escola.
Segundo Vitinho, o Império vive um momento histórico em que está retomando o respeito da agremiação nove vezes campeã do carnaval. “É um novo Império Serrano ... As expectativas são das melhores, de uma escola feliz, com muita emoção, com vontade de fazer acontecer, (vontade) de vencer. Domingo vai ser um dia bem bacana, a escola vem trabalhando bastante e procura a todo momento estar fazendo acontecer mais e mais”, adicionou ele, que pela primeira vez na carreira desfilará como mestre no Grupo Especial.
Na sequência, às 22h, o Paraíso do Tuiuti fecha o fim de semana de ensaios. A escola traz ao público o enredo “Mogangueiro da Cara Preta”, dos carnavalescos Rosa Magalhães e João Vitor Araújo, que narra a fábula da chegada dos búfalos no Brasil, mais precisamente na Ilha de Marajó, no Pará. Prometendo trazer uma explosão de cores, a agremiação será a primeira a desfilar na segunda-feira de Carnaval.
“Esperamos que o povo vá assistir e ajude a escola a cantar alegremente. O samba é muito bom, foi escolhido acho que por unanimidade, ninguém teve dúvida de que era o melhor. A diretoria selecionou e eu acho que fez muito bem”, disse a veterana carnavalesca Rosa Magalhães, adicionando que o fato de a história contada no enredo ser pouco conhecida foi um fator que influenciou a sua escolha.
A abertura dos portões para o espetáculo na Marquês de Sapucaí está marcada para as 17h no domingo. Após aproveitar a prévia dos desfiles, o público poderá voltar para casa de metrô. O serviço nas estações Central e Praça Onze irá até meia-noite, para que as pessoas possam sair com tranquilidade.
“A expectativa é sempre a maior possível, porque o ensaio técnico não é nada mais do que um chamamento para o Carnaval. Ele (o Carnaval) começa sempre com o ensaio técnico ... O povo está querendo o Carnaval, e esses ensaios são a contrapartida que a gente dá para o governo para levar o público de forma grátis. Eles não são como no ano passado, são uniformizados, melhorando muito de qualidade, é um espetáculo bom, leve e solto de assistir. Estamos esperançosos para iniciar o Carnaval com um pé direito”, declarou Jorge Perlingeiro, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa).
Os ensaios voltam a acontecer no sábado seguinte (21), com Arranco, Unidos da Ponte, Unidos de Bangu e União da Ilha. No domingo (22), Imperatriz Leopoldinense e Unidos da Tijuca vão à Sapucaí. A Série Ouro tem ensaios marcados até o dia 4 de fevereiro. Já o Grupo Especial ensaia até o dia 12 do mesmo mês, uma semana antes dos desfiles.
*Reportagem do estagiário Luca Tornaghi, sob supervisão de Raphael Perucci