Fabrício Carpinejar escreve sobre relacionamentos na era contemporânea - Divulgação
Fabrício Carpinejar escreve sobre relacionamentos na era contemporâneaDivulgação
Por TÁBATA UCHÔA
Rio - Um dos escritores contemporâneos mais reconhecidos do país, Fabrício Carpinejar transita entre diversos gêneros como poesia, crônicas e infanto-juvenis. Em seu livro mais recente, “Minha Esposa Tem a Senha do Meu Celular” (Ed. Bertrand Brasil), o autor fala de cumplicidade e fidelidade e faz um alerta sobre como a internet e as redes sociais mudaram a forma como os casais se relacionam.

"Ficamos obcecados com o celular. Virou um brinquedo assassino de nossa delicadeza. Só almoçamos e jantamos olhando a tela, entramos em pânico quando acaba a bateria, não memorizamos nem mais o número de telefone de quem amamos ou dos próprios pais. Quis chamar atenção de que a senha não é tão importante assim, nossa vida ou nosso romance não pode ser reduzido a um aparelho", afirma Fabrício.

E falar sobre o amor na era das redes sociais foi justamente uma forma que o autor encontrou para provocar uma reflexão sobre a efemeridade das relações. "Acabamos a relação por bobagens. É muito fácil começar a namorar e também terminar o namoro. Não mais nos dedicamos a entender como funciona alguém ou explicar como nós mesmo funcionamos. Tudo é descartável. A ponto de ninguém mais sofrer depois de uma separação. Procuro revalorizar o casamento: só quem sofreu junto é capaz de proteger as alegrias. Levo a sério o lema 'na saúde e na doença, na alegria e na tristeza'. Casamento não é uma opinião que se muda a toda hora, mas um caráter lentamente construído", alerta. 
Recentemente, Fabrício Carpinejar participou de duas mesas de debate na Bienal do Livro. Apesar da polêmica envolvendo o pedido do prefeito Marcelo Crivella para que a HQ "Vingadores: A Cruzada das Crianças" fosse removida da feira por conter uma cena de beijo entre dois homens, o escritor se alegrou com a "consciência coletiva" de autores, editores e livreiros.
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"Proibir um livro injustamente era um ensaio ao totalitarismo. A censura começa aos poucos, vetando uma obra, depois um gênero, até queimar uma biblioteca inteira. O beijo que se tornou pivô da censura nada mais é do que um carinho dentro de um contexto romântico, não pornográfico. Um beijo ingênuo, de primeiro amor, na HQ dos 'Vingadores'. Um beijo que não traria polêmica se fosse entre pessoas de sexos opostos. Em nome da proteção das crianças, cria-se um terrorismo nos pais de que seus filhos estão sendo desvirtuados da sua educação. Forma-se uma epidemia de pânico, alimentada pelas fake news no WhatsApp, de que o Estatuto da Criança e do Adolescente não vem sendo respeitado — o que é uma distorção, não vigorava conteúdo impróprio", garante.