Biografia não autorizada mostra vida de Suzane von Richthofen antes e depois do crime que chocou o país
Juíza Sueli Zeraik Armani, do Tribunal de Justiça de São Paulo, chegou a proibir a publicação da obra. Mas, em dezembro do ano passado, Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), permitiu o lançamento
Por TÁBATA UCHÔA
Nada pode preparar o leitor para a crueldade encontrada nas primeiras páginas do livro ‘Suzane: Assassina e Manipuladora’, do jornalista Ulisses Campbell, que chegou às livrarias este mês pela editora Matrix.
A obra traça um perfil de Suzane von Richthofen, que aos 19 anos, ao lado do então namorado, Daniel Cravinhos, e do então cunhado, Cristian Cravinhos, orquestrou o assassinato dos próprios pais, Manfred e Marísia von Richthofen. O crime aconteceu em 2002 e chocou o país.
Para contar a história, o autor entrevistou pessoas ligadas a Suzane, como amigos de faculdade, detentas, agentes de segurança, psicólogos forenses além de ter encontrado com Cristian oito vezes e com a própria Suzane três vezes.
Através da leitura do processo penal, que conta com cerca de seis mil páginas, Ulisses Campbell narra em detalhes chocantes como foi a noite do assassinato de Manfred e Marísia. É preciso ter estômago e é também impossível não se perguntar como alguém pode sequer pensar em cometer tamanha atrocidade.
A obra narra como Suzane e Daniel se conheceram e como os pais dela aceitaram inicialmente o namoro. No entanto, depois de perceberem a intensidade do romance, começaram a proibir a filha de encontrar o rapaz. O relacionamento de Suzane e Daniel beirava a obsessão, com direito a muitas cartas de amor, declarações melosas e promessas de suicídio ante a uma possível separação.
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Fatos que chocaram a população à época do crime também são relatados no livro, como a frieza de Suzane ao “descobrir” pelos policiais sobre a morte dos pais, seu modelito barriga de fora para ir ao enterro e a festa de aniversário que promoveu na mansão em que morava pouquíssimos dias após a morte de Manfred e Marísia.
A vida de Suzane, Daniel e Cristian na cadeia também tem grande destaque na obra. Atualmente, Suzane tem 36 anos, se converteu ao evangelismo, e é noiva de Rogério Olberg, que ela conheceu na cadeia e é irmão de uma outra detenta. A "cunhada" de Suzane foi condenada por estuprar, ao lado do marido e do amante, as meia-irmãs gêmeas de 3 anos e filmar tudo.
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Coincidência ou não, Suzane costuma manter laços de amizade na prisão apenas com detentas condenadas por crimes violentos. Sem qualquer relacionamento com o irmão, Andreas, a quem também foi acusada de tentar manipular, Suzane passa suas "saidinhas" do regime semiaberto na casa do noivo. Lá, ela usa o nome Louise, toma sorvete e tenta ter uma vida normal. Pensa em casar e ter filhos.
O livro mostra uma Suzane fria e manipuladora. Sedutora, sabe cativar e descartar pessoas de acordo com sua necessidade no momento. Ela tenta, há algum tempo, conseguir migrar para o regime aberto. Mas não consegue passar no teste de Rorschach, também conhecido como "teste do borrão de tinta". De acordo com a análise do teste, Suzane é "egocêntrica", "vazia", "simplista", "infantilizada". De acordo com o autor do livro, Suzane até se arrepende do crime, mas não pela morte dos pais e sim por ter perdido a melhor fase de sua vida na prisão.