Eleitores precisaram ter muita paciência e esperar para chegar às urnas na Rocinha, em São Conrado - Daniel Castelo Branco
Eleitores precisaram ter muita paciência e esperar para chegar às urnas na Rocinha, em São ConradoDaniel Castelo Branco
Por

Rio - O primeiro turno das eleições foi marcado por longas filas e muita demora nas seções de votação de diversos bairros do Rio e em cidades da Região Metropolitana. Eleitores esperaram por até cinco horas para poder votar. Muitos chegaram a desistir e voltaram para casa. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ), a lentidão ocorreu por se tratar de uma eleição com seis candidatos e também pela extinção de zonas eleitorais, além do sistema de identificação biométrica para os mais de 2,3 milhões de fluminenses cadastrados pela Justiça Eleitoral.

No Centro de Convenções SulAmérica, na Cidade Nova, região central do Rio, muitos eleitores reclamaram da demora para votar. Raimunda Eliana ficou na fila por cerca de 1h20. Ela estava com a filha Ana Vitória, de 3 anos, no colo.

"Um absurdo, eu moro em Niterói, venho de longe, e ainda tenho que esperar na fila com criança de colo. Ninguém me ofereceu prioridade", queixou-se Eliana, de 39 anos.

"Estou há mais de 50 minutos na fila e não posso mais esperar. Só tem uma mesária na minha seção, nunca vi isso. Coloca, inclusive, a credibilidade das eleições em xeque", questionou Renan Silva, de 34 anos, que votava no Ciep Anton Makarenko, em Costa Barros, na Zona Norte. "Infelizmente vou ter que desistir, pois não posso chegar tarde ao trabalho", reclamou.

O mesmo aconteceu com Laine Freire, de 45 anos. Ela conta que esperou por cerca de duas horas na fila da seção eleitoral, no Colégio Maxx, no Méier. Atrasada para o trabalho, não pôde esperar.

"Estou indignada por não ter contribuído com meu voto. Os idosos fizeram questão de votar, apareceram em grande número, mão não havia organização. Eles chegavam e passavam na frente, enquanto os demais eleitores tinham que esperar. A biometria também não funcionou bem", disse a eleitora.

BAIXADA FLUMINENSE

Em Queimados, muitos eleitores desistiram de votar por conta de filas com duração de até cinco horas de espera. O município, em função da biometria obrigatória, teve o maior percentual de títulos cancelados no Estado do Rio. Por conta do cancelamento de cerca dos 42 mil títulos, o número de sessões foi reduzido.

Também na Baixada Fluminense, eleitores de Nova Iguaçu também sofreram com grandes filas nas seções eleitorais. Em uma agência do Banco do Brasil, no Calçadão, no Centro, uma eleitora, que pediu para não ser identificada, disse que chegou ao local as 11h40 e só conseguiu votar às 13h. "Houve problema porque juntaram duas seções em uma. Por conta disso está demorando muito", relatou.

REDUÇÃO DE GASTOS

A diretora-geral do Tribunal Regional Eleitoral do Rio (TRE-RJ), Adriana Brandão, disse que as filas foram causadas devido à extinção de algumas zonas eleitorais. A medida, de acordo com a magistrada, foi tomada para reduzir gastos nos tribunais regionais eleitorais.

"No ano passado, o TSE baixou resolução determinando a extinção de diversas zonas eleitorais, o que resultou no agrupamento de seções em outras zonas. No Rio, houve extinção de 84 zonas", explicou.

Adriana Brandão descartou problemas no registro biométrico.

"O que estamos percebendo é a demora do eleitor na urna. A biometria está sendo rápida. Um ou outro eleitor é que precisa de até quatro tentativas", completou.

Idosos sofrem para votar no Flamengo
Publicidade
Além das filas enfrentadas neste primeiro turno de eleição, quem tem dificuldade de locomoção precisou superar outros obstáculos para exercer seu direito. Na universidade Univeritas, no Flamengo, os quatro elevadores ficaram fora de funcionamento na tarde de ontem. Um grupo de idosos e deficientes ficou aglomerado no hall esperando o problema ser resolvido.
Pessoas com dificuldade de acessibilidade, idosos e grávidas precisaram subir até quatro lances de escada. Os que não conseguiram, ficaram sem votar.
Publicidade
A médica Cândida Augusta Araújo Zin, de 96 anos, ficou nervosa ao perceber que teria dificuldades em votar. A neta dela, a também médica Ligia Araújo Zin, de 29 anos, procurou a reportagem de O DIA para registrar reclamação.
"Ela estudou todos os candidatos, fez a 'colinha' dela, assistiu aos debates e tentou convencer as pessoas a votarem nos candidatos dela. É uma tristeza ver que, depois de tanto esforço, minha avó não vai conseguir exercer seu direito", lamentou Ligia, emocionada.
Publicidade
A professora aposentada Anna Maria, de 83 anos, também enfrentou dificuldades para votar e precisou subir até o quarto andar de escada. Ela tem problemas nos dois joelhos e se locomove com auxílio de uma bengala. "Eu acredito na democracia. Enquanto eu tiver forças, vou votar", disse Anna Maria.
Publicidade
Boca de urna e lixo invadem Zona Oeste
Mesmo proibida, a propaganda eleitoral aconteceu aos olhos de todos em diversos pontos da cidade. Na Zona Oeste, de Realengo até Bangu, a equipe de reportagem do DIA flagrou inúmeras irregularidades e diversas pessoas fazendo boca de urna.
Publicidade
Na Praça Primeiro de Maio, em Bangu, por volta das 10h, mulheres acompanhadas por quatro crianças distribuíam santinhos. Elas usavam menores para entregar panfletos de candidatos para eleitores. As crianças agiam como se fosse uma brincadeira, enquanto as mulheres conversam ou mexiam no celular.
Segundo o TSE, a distribuição de material de campanha durante a eleição é uma prática proibida pela Lei Eleitoral. Ela constitui crime punível com pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa. Mas, pelo que se via em Bangu, a norma não era cumprida.
Publicidade
O lixo também invadiu as ruas e calçadas de diversos bairros da cidade do Rio. Em frente à Escola Municipal Nicarágua, na Praça Padre Miguel, em Realengo, na Zona Oeste, uma mulher que distribuía panfletos simplesmente os espalhou no chão como se fossem cartas de baralho. "Todo ano de eleição é isso. Ficam vários santinhos espalhados", reclamou a dona de casa Danielle Martins, 38 anos.
Você pode gostar
Comentários