Ciro Gomes (PDT) - João Miguel Júnior / TV Globo
Ciro Gomes (PDT)João Miguel Júnior / TV Globo
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Fortaleza - Terceiro colocado na disputa presidencial, com 12,5% dos votos com 98,4% das urnas abertas, Ciro Gomes (PDT) disse que sua história é "de defesa da democracia e contra o fascismo". O candidato adiou uma declaração de apoio para o segundo turno, mas deixou claro que não pretende estar ao lado do candidato do PSL ao Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro.

"Ele não, sem dúvida", respondeu Ciro ao ser questionado sobre o tema.

Em rápida entrevista em frente a sua casa, em Fortaleza (CE), Ciro afirmou que vai comemorar a reeleição, no primeiro turno, do governador Camilo Santana (PT), que chamou de "superlativa", e a vitória de seu irmão Cid Gomes (PDT) para o Senado, ambos de sua base de apoio no Estado.

"Sou especialmente agradecido ao Ceará. E uma profunda gratidão ao povo brasileiro", completou.

Ao ser questionado se declararia apoio no segundo turno ao candidato do PT, Fernando Haddad, que nos últimos dias fez acenos a Ciro, respondeu:

"Agora represento um conjunto grande de forças. Mas minha luta é em defesa da democracia e contra o fascismo".

Há dez dias, Ciro, na tentativa de se cacifar para uma vaga no segundo turno, vinha criticando Haddad e tentando se distanciar do PT em busca de eleitores do centro. A estratégia do PDT representou um realinhamento do discurso do candidato, que chegou a fazer deferências ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, por inúmeras vezes ao longo da campanha.

Além disso, Ciro sempre se colocou mais à esquerda em entrevistas e debates, quando o PT ainda mostrava dificuldades para transferir votos de Lula para Haddad. Em sabatina realizada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", no início de setembro, o candidato do PDT chegou a dizer que, se tivesse que escolher entre "coxinhas" e "mortadelas", ele preferiria o lado dos "mortadelas".

Estratégia

Até a divulgação dos resultados neste domingo, o discurso na campanha de Ciro era otimista. Partidários do presidenciável apostavam que ele poderia virar na última hora, movimento que, segundo eles, não teria sido percebido por institutos de pesquisa.

Em tom de confiança, Ciro chegou a dizer que estaria no segundo turno.

"Estou dizendo para vocês que (o segundo turno) vai ser diferente. Vou unir o povo brasileiro se eu passar. Estou pedindo a bola, me deslocando, estou na área e o Haddad está no impedimento. Se passar para mim, faço o gol", afirmou, usando analogia com o futebol.

Ainda assim, dirigentes da campanha sabiam que apenas os votos de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), se herdados pelo pedetista, não seriam suficientes para garantir a ida de Ciro ao segundo turno. A ideia era conseguir votos de "antipetistas" e "anti-Bolsonaristas".

A consolidação do terceiro lugar acabou esvaziando um ato que seria realizado sábado à noite no comitê de campanha, em Fortaleza. Assim que os dados de apuração das urnas apontaram para um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, eleitores e militantes deixaram o local.

A campanha de Ciro colocou um telão para que o público pudesse acompanhar o resultado em tempo real, mas nem mesmo dirigentes da campanha, do partido ou candidatos da legenda apareceram no comitê. Por volta das 21h, a página de Ciro no Facebook foi atualizada com a frase: "Muito obrigado, Brasil".

Ciro votou em sua seção eleitoral por volta das 9h, no bairro de Praia de Iracema. Depois foi para seu apartamento.

A previsão era de que sua vice, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO), também viajasse ao Ceará, mas ela cancelou a presença para acompanhar a apuração das urnas ao lado do filho, Irajá Abreu (PSD-TO), candidato ao Senado.

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