Rio - Quase 12 horas após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) divulgar que Wilson Witzel (PSC) vai disputar o segundo turno na corrida eleitoral para o governo do Estado com o ex-prefeito da capital Eduardo Paes (DEM), o ex-juiz federal fez o primeiro corpo a corpo na manhã desta segunda-feira, na Central do Brasil, no Centro do Rio.
"Já esperava ir para o segundo turno", disse o candidato, cercado por alguns correligionários, muitos deles seguranças.
Com 100% dos votos apurados, segundo o TSE, Witzel teve 3.154.771 (41,28%) dos votos válidos e Paes, 1.494.831 votos (19,56%). Tarcísio Motta (PSOL) foi o terceiro colocado, com 819.248 (10,72%). Votos brancos (5,70%) e nulos (12,72%) somaram 1.745.216 votos.
Houve ainda 2.926.758 abstenções (23,60%). Somados brancos, nulos e abstenções, chega-se a 4.671.974 votos, pouco menos que os dois candidatos juntos (4.649.602).
"A população do Rio não aguenta mais o velho e eles querem alguém novo. Temos uma pauta mais conservadora na questão do direito penal. Isso a população nos apoia”, afirmou Witzel.
Ex-juiz venceu em quase todas as zonas eleitorais do município
Segundo o TSE, o ex-juiz venceu em 47 das 49 zonas eleitorais da capital no primeiro turno da eleição para governador. Witzel conseguiu uma ascensão inesperada para quem começou as pesquisas, em agosto, com apenas 1% das intenções de voto.
Até no último sábado, as pesquisas indicavam que Romário (Podemos) iria para o segundo turno. O Ibope indicava Paes com 32%, Romário, 20%, Indio e Witzel, 12%. Já o Datafolha indicava Paes com 27%; Romário e Witzel com 17%.
“A força da máquina não elegeu seus candidatos e nem os reelegeu. A vontade da mudança é o que temos ouvido, por isso essa votação expressiva. Durante toda a campanha víamos um número nas pesquisas e que a realidade era outra nas ruas e nas redes sociais. Falamos: 'não é possível esses números'. No entanto, nas últimas duas semanas conseguimos mostrar as nossas propostas”, disse Cláudio Castro (PSC), vice de Witzel.
Segundo Castro, as ideias pregadas pelo candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) são as mesmas que serão utilizadas no Rio. Sobre a estratégia para vencer Eduardo Paes no segundo turno, Witzel e o vice desconversaram.
Planos para o segundo turno
De acordo com Witzel, para o segundo turno, ele irá ajustar alguns pontos na campanha, como: ir para o interior. "Vamos para Campos, Macaé, a Região Serrana e Sul Fluminense. A estratégia será afinar o debate e mostrar que as nossas propostas são técnicas e coerentes."
A campanha para o segundo turno começa oficialmente às 17h desta segunda-feira. Durante o dia o Witzel se reuniu como apoiadores no Centro da cidade para traçar como será os rumos da campanha a partir de gora.
A partir de amanhã o seu vice, o vereador Cláudio Castro, irá se licenciar da Câmara dos Vereadores para tratar da coordenação política. Já o cabeça da chapa, vai cuidar do plano de governo. "O Cláudio vai costurar os acordos e os apoios", disse o o ex-juiz.
Segundo Castro, não há tratados de que Jair Bolsonaro possa subir no palanque no estado para pedir votos para Witzel. "Não vamos procurar ninguém. Vamos esperar que eles nos procure. A nossa aliança é com o povo. A nossa estratégia é similar ao do Jair."
Indagado se há alguma diferença ou divergência entre Witzel e Bolsonaro, em relação a partidos e posições políticas, o vice de Witzel declarou que "há alguns pontos que as candidaturas descordam". Porém, ele não revelou quais seriam os pontos. "Temos que olhar no plano de governo dele", completou.
'O Romário pediu para eu cuidar do estado'
Ao DIA, Witzel disse que Romário ligou para parabenizá-lo pela ida ao segundo turno e fez um pedido. "Ele reconheceu a nossa vitória e me pediu para cuidar do nosso estado. Na conversa, o Romário me disse: 'Serei o seu senador em Brasília'. Foi um gesto nobre dele", disse o candidato do PSC. O DIA tentou falar com o senador Romário, no entanto, o parlamentar não foi encontrado.
Impedido de entrar na CDD por traficantes
Durante a campanha do primeiro turno, Wilson Witzel teria tentado negociar para entrar na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio, para fazer campanha na comunidade. No entanto, bandidos teriam negado o pedido. Na ocasião, a informação foi passada e confirmada por assessores do candidato, que teve que cancelar a agenda política.
Nesta manhã, perguntado se o candidato teve problemas para entrar em favelas do Rio, Witzel negou a informação. "Em 2019, entrarei em qualquer lugar do estado. Estou hoje aqui na Central do Brasil porque é um lugar onde passa todo mundo”, concluiu.
Após o corpo a corpo na Central do Brasil, o candidato do PSC seguiu para a sede do partido, onde se reunirá com assessores. A reunião não será aberta a imprensa.