Wilson Witzel, candidato ao governo do Rio chega para corpo a corpo na Rua Senador Dantas, na Cinelândia     - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Wilson Witzel, candidato ao governo do Rio chega para corpo a corpo na Rua Senador Dantas, na Cinelândia Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por RAFAEL NASCIMENTO E WILSON AQUINO

Rio - Quando Jair Bolsonaro saiu do Partido Social Cristão (PSC) para disputar a eleição pelo Partido Social Liberal (PSL), o ex-juiz federal Wilson Witzel foi conversar com o PSDB do Rio. Pré-candidato ao governo do estado, Witzel buscava uma legenda forte para concorrer, já que na opinião dele, o PSC, ao qual era filiado, sem Bolsonaro, se fragilizava. No entanto, os tucanos fluminenses avaliaram que, por ser desconhecido, as chances de vitória de Witzel eram praticamente nulas, e não lhe deram guarida.

O restante da história foi escrito no domingo, quando o "desconhecido" Witzel desbancou os políticos famosos e foi, de longe, o candidato mais votado no primeiro turno. Ao se tornar fenômeno das urnas, o ex-juiz federal despertou a curiosidade do povo. Afinal, quem é ele?

Morador do Grajaú, Witzel é casado e tem quatro filhos, três deles duas meninas e um menino que foram com ele à urna domingo do segundo casamento. O filho mais velho, Erick, do primeiro casamento, fez a transição de gênero. Ele tem 24 anos, é formado em Gastronomia e trabalha na cozinha de um hotel da Zona Sul. Wilson Witzel nasceu em Jundiaí (SP), mas veio para o Rio ainda jovem. Com 18 anos entrou para a Escola de Formação dos Oficiais da Marinha, onde formou-se fuzileiro naval. Logo depois de dar baixa, entrou para a Faculdade de Direito. Já formado, em 1997, foi aprovado em concurso para a Defensoria do Estado do Rio. Em 2000, foi aprovado no concurso para Juiz Federal. Foi Titular de Itaperuna e movido para o Espírito Santo (ES), onde julgou casos de sonegação, lavagem de dinheiro, tráfico, corrupção e desvio de verba. Sua atuação, lhe rendeu ameaças de morte e, em 2010, regressou ao Rio como Juiz Federal Titular de São João de Meriti.

Em 2014 foi eleito presidente da Associação dos Juízes Federais do RJ e ES. Dizendo-se indignado com o cenário atual da política, Witzel deixou a magistratura para se candidatar ao governo do estado, este ano.

Na manhã desta segunda, Witzel fez campanha na Central do Brasil, onde agradeceu os votos e tirou fotos com eleitores. O candidato rechaçou a pecha de desconhecido "tem que perguntar isso para 3,1 milhões de pessoas" e afirmou que está na frente porque querem alguém com "um passado limpo". Ele destacou que a população do Rio não aguenta mais o velho e quer alguém novo. "Temos pauta mais conservadora na questão do direito penal. A população nos apoia", disse.

Perto de placa quebrada

Witzel estava junto com militantes do PSL quando eles exibiram uma placa quebrada ao meio, em homenagem à vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada em março.

Em vídeo, Witzel aparece no teto de uma van ao lado do deputado estadual eleito Rodrigo Amorim e do deputado federal eleito, Daniel Silveira. Amorim é o responsável por quebrar a placa, que ambos haviam retirado de uma esquina na Cinelândia, Centro do Rio. A assessoria do candidato afirmou que ele "participava de ato de campanha em Petrópolis quando a placa foi quebrada por outro candidato" e que naquele momento, "discursava sobre suas propostas de governo."

Segundo turno terá eleição zerada, diz Paes

Surpreendido pelo novato Wilson Witzel (PSC) no primeiro turno das eleições, o candidato do DEM ao governo do Rio, Eduardo Paes, que era líder de todas as pesquisas de intenção de voto, disse que o segundo turno será uma nova eleição, que começa "zerada".

"É outra eleição que gente vai disputar. Nossa estratégia é apresentar nossas propostas, discutir, andar muito na rua. Vamos falar muito com as pessoas. Já me conhecem bem, e agora vão conhecer melhor meu adversário, o que é importante. Estou confiante na vitória", afirmou Paes, que ontem pela manhã fez campanha em Belford Roxo, na Baixada.

Segundo Paes, ainda não houve alianças para o segundo turno. "Não conversei ainda com ninguém, ainda terei essa discussão. Minha promessa vou manter, não darei secretaria para o Indio (da Costa, candidato do PSD, com quem polarizou em debates)", disse.

Paes admitiu que os três milhões de votos de Witzel que se alinhou ao presidenciável Jair Bolsonaro eram inesperados. "Essa matemática é para analista político. Se você me perguntasse sexta-feira, o adversário teria que ter sido capaz de converter milhares de votos. Comigo as coisas funcionam ao contrário. Um desafio desses me dá disposição."

O ex-prefeito se colocou como um bom articulador político ao falar da nova composição da Alerj. "Falei com prefeitos e deputados eleitos. A Assembleia Legislativa do Rio teve renovação grande. Eu sei lidar com parlamento, é uma característica minha. Governar não é ser um CEO. É bom ser bom gestor mas não é como presidente de empresa, que dá ordem. É muito diferente o ambiente. Você tem a vontade, dialoga com a população, pergunta, a imprensa te cobra, te pressiona, você conversa com o Parlamento. Tem que dialogar, visitar as bases. É assim que se governa numa democracia".

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