Paes dedicará o restante da campanha na desconstrução do adversário com relação à falta de experiência para administração do estado   
Witzel seguirá com o mesmo discurso do presidenciável Jair Bolsonaro, com foco no combate à corrupção e segurança
 - Maíra Coelho
Paes dedicará o restante da campanha na desconstrução do adversário com relação à falta de experiência para administração do estado Witzel seguirá com o mesmo discurso do presidenciável Jair Bolsonaro, com foco no combate à corrupção e segurança Maíra Coelho
Por CÁSSIO BRUNO

Rio - Personagens de um até então improvável duelo no segundo turno para a disputa ao governo do Rio, Wilson Witzel (PSC) e Eduardo Paes (DEM) preparam a artilharia para os próximos dias. De um lado, Witzel vai focar no mesmo discurso do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) para fisgar os seus eleitores: o combate à corrupção e a segurança como prioridade. Do outro, Paes dedicará o restante da campanha a desconstruir o adversário, associando-o à falta de experiência para administrar o estado e nas consequências de a população eleger um candidato desconhecido.

Com pouco mais de 3 milhões de votos no primeiro turno (o dobro da votação de Paes) e vencedor em 84 dos 92 municípios, Witzel ganhará reforço nas redes sociais de eleitores da família Bolsonaro. O comando de campanha do ex-juiz federal tentou articular agendas dele ao lado do deputado estadual Flávio Bolsonaro, um dos filhos do candidato à Presidência, eleito senador pelo Rio com 4,1 milhões de votos. O pai ficará neutro na disputa ao Palácio Guanabara.

"Continuaremos no mesmo caminho. O povo do Rio deu a resposta nas urnas no primeiro turno. A sociedade não aguenta mais corrupção", afirma o vice na chapa de Witzel, o vereador Cláudio Castro (PSC), um dos estrategistas da equipe do ex-juiz federal.

O deputado estadual mais votado, Rodrigo Amorim (PSL), disse ao DIA que a prioridade, neste momento, é eleger Jair Bolsonaro. Segundo ele, por enquanto, não há qualquer orientação do comando do PSL para que integrantes da legenda entrem de cabeça na campanha de Witzel.

"Como as bandeiras e o plano de governo são parecidos (com os de Witzel), votamos nele. Mas não é uma orientação oficial", disse Amorim, que teve 140 mil votos.

Diante da desvantagem nas urnas, Paes se viu obrigado a deixar a zona de conforto após liderar as pesquisas durante toda a campanha. Uma das maiores preocupações era se descolar das imagens de aliados como o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-presidente da Assembleia Legislativa do Rio Jorge Picciani, e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, todos do MDB e presos na Operação Lava Jato por corrupção e outros crimes.

Diante da surpreendente onda Bolsonaro a favor de Witzel, porém, Paes teve que mudar a tática para ter chances de virar o jogo. Evitando criticar o presidenciável para não perder votos, o ex-prefeito reforçará nos programas eleitorais e nos debates que é o mais preparado para governar.

"As pessoas votaram, na sua maioria absoluta, em alguém que elas não fazem ideia de quem seja", disse Paes ao DIA. "Tenho apoios, mas sou candidato pelo que fiz e pelo que represento. Não me escondo atrás de ninguém", disparou.

Para contra-atacar Paes, Witzel mostrará que tem experiência de juiz federal há mais de uma década e que não fará nomeações políticas caso eleito. O candidato do PSC afirmará ainda nos programas e nos debates que vai montar uma equipe formada por técnicos. Ele recebeu apoio formal no segundo turno do PRB, do prefeito Marcelo Crivella. Witzel também será apoiado por PSD e PRTB, dos candidatos derrotados Indio da Costa e André Monteiro, respectivamente.

A guerra entre Witzel e Paes começou depois que o ex-juiz federal disse, em um vídeo publicado nas redes sociais, que daria 'voz de prisão' caso o rival cometesse injúria contra ele nos debates. Paes reagiu. O acusou de 'autoritário' e 'arrogante' e afirmou que, na disputa, não haveria 'carteirada'.

Transparência e servidor

"Durante 17 anos em que fui magistrado, as minhas audiências sempre transcorreram com equilíbrio. Nunca fui acusado de abuso de autoridade. Nunca dei soco em ninguém na rua e nem carteirada. É só olhar a minha vida pregressa. Sempre fui elogiado pelos advogados e pelo Ministério Público. Conduzi as minhas sentenças de forma equilibrada. Muitas foram confirmadas pelo tribunal", disse Witzel durante uma caminhada na Baixada Fluminense.

Na última semana, Eduardo Paes apelou até para a Operação Lava Jato. Mesmo citado em delações premiadas de ex-executivos de empreiteiras envolvidas em pagamento de propinas, o ex-prefeito anunciou a criação da Secretaria Estadual de Integridade Pública. De acordo com Paes, a pasta funcionaria como uma espécie de 'controladoria turbinada' para dar mais transparência a sua administração caso seja eleito. Para assumir a secretaria, Paes disse que convidaria um integrante da força-tarefa do Ministério Público Federal.

Sem perder tempo e de olho nos votos dos servidores públicos estaduais, Wilson Witzel anunciou o nome do seu futuro presidente do RioPrevidência em um possível governo. O escolhido é o amigo Sérgio Aureliano.

"Ele é uma das maiores autoridades em atuária do país e do mundo. O Sérgio já aceitou o convite para que a gente possa recuperar a previdência e a aposentadoria dos servidores. Em especial, das forças de segurança", afirmou o candidato do PSC.

Você pode gostar
Comentários