Pelo Twitter, Fernando Haddad (PT) mandou uma imagem de púlpitos vazios a Bolsonaro o desafiando a enfrentá-lo nos debates - Reprodução/ Twitter
Pelo Twitter, Fernando Haddad (PT) mandou uma imagem de púlpitos vazios a Bolsonaro o desafiando a enfrentá-lo nos debatesReprodução/ Twitter
Por O Dia

Rio - Jair Bolsonaro (PSL) adota a estratégia de não fazer barulho diante dos ventos favoráveis que o mantém na liderança das intenções de votos na disputa presidencial destas eleições. A análise é do cientista político Paulo Baía, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Por isso, o candidato do PSL admite não ir mais a debates, segundo o especialista. Se a decisão for estabelecida, esta seria a primeira eleição sem enfrentamentos diretos no segundo turno. 

Esta quarta-feira, o SBT realizaria o quarto debate entre os dois candidatos. Até agora os dois ainda não se enfrentaram, já que quando Bolsonaro compareceu aos debates, no primeiro turno, Haddad ainda não participava, pois não encabeçava a coligação do PT. Já naqueles em que o ex-prefeito de São Paulo compareceu, não contaram com a presença do capitão da reserva, que faltou por estar internado após o atentado sofrido no dia 6 de setembro ou por alegações médicas.

No lugar do confronto direto com o adversário, o líder nas pesquisas, Jair Bolsonaro, concedeu entrevista na terça-feira ao SBT. O mesmo espaço foi concedido para o candidato Fernando Haddad nesta quarta-feira às 19h10. "O SBT está negociando outra data para a próxima semana, porém ainda não tem resposta já que o candidato presidenciável Jair Bolsonaro deverá passar por uma nova avaliação médica (na quinta-feira, 18)", disse a comunicação da emissora.

Para o cientista político Paulo Baía, por mais que seja difícil, a entrevista com jornalistas é mais confortável do que o enfrentamento direto com outro candidato. "A estratégia de aparecer o menos possível é clássica de quem está tão bem posicionado na preferência dos eleitores. Quem mais precisa do debate agora, é o Fernando Haddad", analisa o professor da UFRJ. Ele diz que Bolsonaro não perde votos por não participar dos embates, por isso assume esta postura conservadora.

Ele diz que apesar do debate ser sempre positivo, faz parte da 'regra do jogo' não ser obrigado a comparecer. Baía considera que Bolsonaro aceite debater se estiver muito confiante na disputa. Foi o que aconteceu com Fernando Collor em 1989. Após faltar os debates no primeiro turno, o então candidato do PRN enfrentou Lula no segundo turno.

O candidato Jair Bolsonaro (PSL) disse nesta quarta-feira que irá aguardar a avaliação dos médicos, marcada para a quinta-feira, 18, para decidir se irá participar de debates visando o segundo turno. O presidenciável, contudo, admitiu que pode deixar de comparecer a encontros com candidato Fernando Haddad (PT), mesmo se for liberado pela equipe médica. "Tudo na política é estratégia. O Lula não compareceu ao debate, o último da Rede Globo, em 2006 se não me engano. Entra tudo no meio, eu decido em equipe", declarou. 

Na verdade, Lula participou do último debate na Globo no segundo turno com o candidato Geraldo Alckmin (PSDB). A estratégia de se esconder foi assumida pelo petista quando faltou ao último debate do primeiro turno daquele pleito.

Fernando Henrique Cardoso foi eleito por duas vezes no primeiro turno. Na primeira delas, em 1994, ele foi ao primeiro dos três debates. Na reeleição, o tucano não foi ao debate da TV Globo, que não foi realizado. "A legislação obrigava que todos os concorrentes fossem chamados ou, não havendo acordo entre eles, que fosse feito um sorteio para a realização do debate em diferentes dias. Essa solução foi considerada descabida pela emissora", explica o site da TV.  

Nesta terça-feira, os presidenciáveis trocaram farpas no Twitter. Haddad criticou a estratégia do concorrente. "Tuitar e fazer live é fácil, deputado. Vamos debater frente a frente, com educação, em uma enfermaria se precisar. O povo quer ver você aparecer na entrevista de emprego", afirmou o petista.

Pouco tempo depois, Bolsonaro rebateu, chamando Haddad de "Andrade" e atacando indiretamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba desde 7 de abril. "Senhor Andrade, quem conversa com poste é bêbado. Existe um que está preso por corrupção e você vai toda semana na cadeia visitá-lo intimamente além de receber ordens! Cuidado que pelo desenrolar das notícias reveladas você pode ser o próximo!", escreveu o candidato. O petista respondeu com uma imagem dos púlpitos do estúdio de debates da Globo com a mensagem: "Te espero aqui, deputado."

Os próximos debates estão marcados para o próximo domingo (21) pela Record e para o dia 26, a dois dias das eleições, pela TV Globo. A Comunicação da Globo disse que conta com a presença dos dois candidatos. A reportagem não conseguiu contato com a TV Record.

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