Marcelo Crivella em entrevista coletiva - REGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA
Marcelo Crivella em entrevista coletivaREGINALDO PIMENTA/AGÊNCIA O DIA
Por Yuri Eiras
Rio - A liderança de Eduardo Paes (DEM) no primeiro turno já era esperada. Mas, o mapa da eleição no município do Rio mostra que o atual prefeito teve bom desempenho em cinco zonas eleitorais, três delas no bairro de Campo Grande.
Marcelo Crivella foi melhor que Eduardo Paes em apenas cinco das 49 zonas eleitorais da cidade, mas o trunfo do atual prefeito é que se tratam de bairros populosos e tradicionalmente voltados a candidatos conservadores. Crivella venceu na 245ª zona eleitoral, em Campo Grand,) por 28,9% dos votos, contra 27,9% de Paes. Na 122ª ZE (Campo Grande), foram 29,7% de Crivella e 28,4% de Paes; na 120ª ZE (Campo Grande), 29,2% contra 28,4%.
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Crivella também foi melhor em Jardim Sulacap, ao lado de Campo Grande: a zona eleitoral 238 teve 31,1% contra 30,6% de Paes. Na Zona Norte, uma única zona eleitoral, em Olaria, foi pró-Crivella: 28,3% contra 28,2% na 161ª.
Já Eduardo Paes foi soberano na Zona Norte e na Zona Sul. Na 218ª zona eleitoral, localizada em Cascadura, Paes chegou aos 44,7% dos votos, contra 21,1% de Crivella. Na zona eleitoral 211, no Jardim Botânico, o ex-prefeito teve 43%. Crivella, 12%.
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Eduardo Paes comparece em seu local de votação no Gávea Golf and Country Club, acompanhado de sua esposa e filhos.  - Daniel Castelo Branco
Eduardo Paes comparece em seu local de votação no Gávea Golf and Country Club, acompanhado de sua esposa e filhos. Daniel Castelo Branco
Para especialista, força centralizada na Zona Oeste não basta
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O primeiro turno terminou com vitória de Paes por 37% a 21,9%, e para superar o ex-prefeito, Crivella, o atual, vai precisar ampliar sua visão para além dos redutos da Zona Oeste. A análise é do cientista político Márcio Malta, professor de Relações Internacionais do Instituto de Estudos Estratégicos da UFF (Inest/UFF).
"Uma primeira hipótese desse bom desempenho de Crivella na Zona Oeste é a relação com o bolsonarismo. Mas, eu imagino que não basta. Seria pouco. Por mais que seja uma região muito populosa, não teria condições de reverter essa vantagem. Eu imagino que a saída seria tentar estabelecer e ampliar o leque de alianças", avalia Malta.
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O apoio de Bolsonaro também pode fortalecer a rejeição do atual prefeito, que já é grande. "Houve algum tipo de movimentação de apoio tardia, tímida. Ele não chegou a se engajar propriamente na campanha do Crivella. E há outro agravante, o da rejeição forte em relação ao presidente".
'Efeito Bené' na Zona Sul do Rio
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A ascensão de Benedita da Silva (PT) nos últimos dias chegou a ameaçar a terceira posição, ocupada desde o início da corrida eleitoral por Martha Rocha (PDT). No fim, foi mesmo a delegada quem ficou em terceiro - 11,3% contra 11,2% -, mas o 'efeito Bené', impulsionado principalmente nas redes sociais, fez com que a petista tivesse ótimo rendimento no cinturão entre Zona Sul e Tijuca. Em três zonas eleitorais da região - Jardim Botânico, Laranjeiras e Maracanã -, Benedita ficou em segundo lugar, atrás apenas de Eduardo Paes (DEM).
O bairro do Maracanã ilustra bem a rivalidade entre petistas e pedetistas. Na zona eleitoral 229, Benedita ficou em segundo, atrás de Eduardo Paes (37% contra 14%). Na zona ao lado, a 170, Martha é quem foi a vice-colocada (38% contra 14%). A candidata do PDT também foi bem na Tijuca, onde votou no domingo.
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Foco nos evangélicos da Zona Oeste
A Zona Oeste será o foco de Crivella no segundo turno. Em entrevista coletiva na manhã desta segunda-feira, o bispo licenciado da Igreja Universal disse que quer os votos dos evangélicos da região.
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"A Zona Oeste é o local com a maior presença dos evangélicos da cidade. E eu vou me dirigir a eles. É um voto de consciência. Nós temos o mandamento: 'não roubarás'. Isso foi escrito nas tábuas no Monte Sinai. Há leis que não mudam: aquelas que foram escritas pelo dedo de Deus. 'Não matarás', 'não roubarás'", disse ele.