Qual a posição do PSOL no segundo turno das eleições municipais?
A nossa posição é o veto ao Crivella, a perspectiva de "Crivella Nunca Mais". Pra aqueles que se identificam com a nossa proposta, com a proposta do PSOL, a gente entende que votar no Paes é vetar o Crivella.
Isso, exatamente! Não é apoio, nós estaremos na oposição se o Paes for eleito, nós estaremos na oposição a ele logo no dia seguinte, oposição responsável, mas oposição. Não temos uma adesão, é um veto a outro projeto.
Qual projeto você não conseguiu fazer no primeiro mandato e que gostaria de tentar agora?
Tinha o ‘Ocupa Escola’, projeto de educação e cultura nas escolas municipais, e a criação do cargo de articulador cultural, que foi vetado.
Levando em consideração o seu projeto que foi barrado, você acredita que, se o Paes for eleito, o diálogo vai ser melhor com ele?
Olha, eu acho que a função do vereador é sempre tentar, eu espero que o Eduardo Paes possa estar mais aberto ao diálogo com a oposição do que o Crivella esteve. O Crivella não conseguia entender que os projetos da oposição poderiam ser bons pra cidade. Vetou a maior parte dos nossos projetos, impediu que eles tramitassem, não implementou. Eu espero, tenho esperança que a gente possa ter o poder de convencimento e, que o Eduardo Paes possa estar mais aberto ao diálogo do que o Crivella esteve, a democracia pede isso.
Você acredita que outros projetos foram barrados por viés ideológico, assim como o seu?
Sim, com certeza. Muitos devem ter sido barrados dessa forma.
Partidos aliados ao Bolsonaro perderam espaço nessa eleição, o que você acredita que se deve essa diminuição?
Olha, em parte, porque muitas pessoas que votaram no Bolsonarismo dois anos atrás acreditavam que eles iam ser diferentes, que seriam a mudança, e agora veem que não são, que eles fazem parte desse sistema, fazem parte dessa lógica autoritária, corrupta da política brasileira. Então acho que perda de espaço tem a ver com o eleito percebendo, se decepcionando com a falsa expectativa que se criou em 2018. Então, quando, por exemplo, o eleitor olha para o mandato do Carlos Bolsonaro na câmara de vereadores, vê que é um mandato medíocre que não ajudou em nada a cidade, e isso trás perdas eleitorais na eleição seguinte. A minha avaliação é que tenha a ver com decepção daqueles que esperavam que o Bolsonarismo fosse algo diferente do sistema político brasileiro.
O PSOL é um dos partidos que mais são atacados, qual é a sua reação a isso?
Primeiro a gente sempre que lembrar que: ataques significam que a gente assusta os poderosos, eles tentam criar mentiras, criar o pânico moral nas pessoas comuns, nos trabalhadores, na tentativa de desqualificar o nosso enfrentamento, que sempre foi um enfrentamento contra os poderosos, contra a máfia dos ônibus, contra as milícias, contra aqueles que, no final das contas, se beneficiam da exclusão e com exploração. Nesse ponto, a gente reage a isso sempre tentando esclarecer à população, temos que tomar o cuidado pra não ficar dando palco pra eles que querem se promover com esse pânico moral e, portanto, nossa relação tem que ser sempre didática, de esclarecer nossos posicionamentos e mostrar o quanto a gente está querendo mudar a realidade pra melhor, pra que a vida das pessoas seja melhor.
O que você acha que deve ser feito para que as pessoas vejam a esquerda com menos medo, que estejam mais abertas ao diálogo?
Eu acho que a gente precisa ser mais didático na apresentação das nossas propostas. Nós precisamos estar mais próximos das periferias, favelas e isso está acontecendo, é um processo que está em curso. A gente tem que identificar isso, estar nas periferias e favelas, pra que essa comunicação e fala com o povo possa ser melhor entendida. Precisamos buscar um caminho da unidade das esquerdas em direção a 2022. O povo quer a mudança e a gente precisa ser claro ao apresentar as nossas propostas de mudança.
A bancada do PSOl cresceu nessa última eleição municipal. O que levou a esse crescimento?
O PSOL apresenta projetos pro Rio de Janeiro desde que foi fundado do partido. Especialmente a partir 2012, com a primeira eleição, primeira disputa do Marcelo Freixo à prefeitura, o PSOl tem apresentado projetos para a cidade e o estado do Rio de Janeiro muito bem avaliados pelos eleitores. O eleitor reconhece que a gente tem uma importância na cidade e no estado, por isso nossas bancadas crescem, isso aumenta nossa responsabilidade. Nós tínhamos 3 vereadores em 2012, elegemos 6 em 2016 e agora 7 em 2020, significa que a população reconhece cada vez mais os esforços que nós temos para tornar a cidade do Rio de Janeiro, uma cidade melhor, pra todos viverem.
O vereador ainda lembrou da importância da população seguir se cuidando durante a pandemia do coronavírus: “Ainda estamos na pandemia, portanto, acho que é muita responsabilidade nossa enquanto parlamentares, representantes do povo, dizer pras pessoas que elas precisam se cuidar. Ainda é preciso escutar a ciência, é importante permanecer em casa o máximo de tempo possível, e nós temos que cobrar do poder público, que garanta as condições para que isso aconteça, pra que prepare a população para ano que vem, ainda durante a pandemia, escolas, equipamentos de saúde, transporte, para que possam estar a serviço da preservação da vida em primeiro lugar. Ainda estamos na pandemia, não podemos esquecer.”