Tarcísio Motta - Agência O Dia
Tarcísio MottaAgência O Dia
Por O Dia
Reeleito com o maior número de votos entre o vereadores nas eleições municipais do Rio de janeiro, Tarcísio Motta, do PSOL, falou sobre ataques sofridos pelo partido, falta de suporte do atual prefeito, Marcelo Crivella, em projetos que poderiam beneficiar a cidade e sobre o apoio a Eduardo Paes, que ele diz ser mais um veto ao prefeito do que apoio a seu adversário.

Qual a posição do PSOL no segundo turno das eleições municipais?
A nossa posição é o veto ao Crivella, a perspectiva de "Crivella Nunca Mais". Pra aqueles que se identificam com a nossa proposta, com a proposta do PSOL, a gente entende que votar no Paes é vetar o Crivella.
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É só um veto, não apoio?
Isso, exatamente! Não é apoio, nós estaremos na oposição se o Paes for eleito, nós estaremos na oposição a ele logo no dia seguinte, oposição responsável, mas oposição. Não temos uma adesão, é um veto a outro projeto.

Qual projeto você não conseguiu fazer no primeiro mandato e que gostaria de tentar agora?
Tinha o ‘Ocupa Escola’, projeto de educação e cultura nas escolas municipais, e a criação do cargo de articulador cultural, que foi vetado.
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Levando em consideração o seu projeto que foi barrado, você acredita que, se o Paes for eleito, o diálogo vai ser melhor com ele?
Olha, eu acho que a função do vereador é sempre tentar, eu espero que o Eduardo Paes possa estar mais aberto ao diálogo com a oposição do que o Crivella esteve. O Crivella não conseguia entender que os projetos da oposição poderiam ser bons pra cidade. Vetou a maior parte dos nossos projetos, impediu que eles tramitassem, não implementou. Eu espero, tenho esperança que a gente possa ter o poder de convencimento e, que o Eduardo Paes possa estar mais aberto ao diálogo do que o Crivella esteve, a democracia pede isso.

Você acredita que outros projetos foram barrados por viés ideológico, assim como o seu?
Sim, com certeza. Muitos devem ter sido barrados dessa forma.
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Partidos aliados ao Bolsonaro perderam espaço nessa eleição, o que você acredita que se deve essa diminuição?
Olha, em parte, porque muitas pessoas que votaram no Bolsonarismo dois anos atrás acreditavam que eles iam ser diferentes, que seriam a mudança, e agora veem que não são, que eles fazem parte desse sistema, fazem parte dessa lógica autoritária, corrupta da política brasileira. Então acho que perda de espaço tem a ver com o eleito percebendo, se decepcionando com a falsa expectativa que se criou em 2018. Então, quando, por exemplo, o eleitor olha para o mandato do Carlos Bolsonaro na câmara de vereadores, vê que é um mandato medíocre que não ajudou em nada a cidade, e isso trás perdas eleitorais na eleição seguinte. A minha avaliação é que tenha a ver com decepção daqueles que esperavam que o Bolsonarismo fosse algo diferente do sistema político brasileiro.

O PSOL é um dos partidos que mais são atacados, qual é a sua reação a isso?
Primeiro a gente sempre que lembrar que: ataques significam que a gente assusta os poderosos, eles tentam criar mentiras, criar o pânico moral nas pessoas comuns, nos trabalhadores, na tentativa de desqualificar o nosso enfrentamento, que sempre foi um enfrentamento contra os poderosos, contra a máfia dos ônibus, contra as milícias, contra aqueles que, no final das contas, se beneficiam da exclusão e com exploração. Nesse ponto, a gente reage a isso sempre tentando esclarecer à população, temos que tomar o cuidado pra não ficar dando palco pra eles que querem se promover com esse pânico moral e, portanto, nossa relação tem que ser sempre didática, de esclarecer nossos posicionamentos e mostrar o quanto a gente está querendo mudar a realidade pra melhor, pra que a vida das pessoas seja melhor.

O que você acha que deve ser feito para que as pessoas vejam a esquerda com menos medo, que estejam mais abertas ao diálogo?
Eu acho que a gente precisa ser mais didático na apresentação das nossas propostas. Nós precisamos estar mais próximos das periferias, favelas e isso está acontecendo, é um processo que está em curso. A gente tem que identificar isso, estar nas periferias e favelas, pra que essa comunicação e fala com o povo possa ser melhor entendida. Precisamos buscar um caminho da unidade das esquerdas em direção a 2022. O povo quer a mudança e a gente precisa ser claro ao apresentar as nossas propostas de mudança.

A bancada do PSOl cresceu nessa última eleição municipal. O que levou a esse crescimento?
O PSOL apresenta projetos pro Rio de Janeiro desde que foi fundado do partido. Especialmente a partir 2012, com a primeira eleição, primeira disputa do Marcelo Freixo à prefeitura, o PSOl tem apresentado projetos para a cidade e o estado do Rio de Janeiro muito bem avaliados pelos eleitores. O eleitor reconhece que a gente tem uma importância na cidade e no estado, por isso nossas bancadas crescem, isso aumenta nossa responsabilidade. Nós tínhamos 3 vereadores em 2012, elegemos 6 em 2016 e agora 7 em 2020, significa que a população reconhece cada vez mais os esforços que nós temos para tornar a cidade do Rio de Janeiro, uma cidade melhor, pra todos viverem.

O vereador ainda lembrou da importância da população seguir se cuidando durante a pandemia do coronavírus: “Ainda estamos na pandemia, portanto, acho que é muita responsabilidade nossa enquanto parlamentares, representantes do povo, dizer pras pessoas que elas precisam se cuidar. Ainda é preciso escutar a ciência, é importante permanecer em casa o máximo de tempo possível, e nós temos que cobrar do poder público, que garanta as condições para que isso aconteça, pra que prepare a população para ano que vem, ainda durante a pandemia, escolas, equipamentos de saúde, transporte, para que possam estar a serviço da preservação da vida em primeiro lugar. Ainda estamos na pandemia, não podemos esquecer.”