Eleições 2020 - Caminhada do candidato Crivella nas ruas da Taquara. Fotos:  Estefan Radovicz / Agência O Dia
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Eleições 2020 - Caminhada do candidato Crivella nas ruas da Taquara. Fotos: Estefan Radovicz / Agência O Dia BylineEstefan Radovicz
Por Lucas Cardoso

Rio - O candidato à reeleição Marcelo Crivella (Republicanos) teve o maior gasto de campanha com gráfica que imprimiu panfletos contra Eduardo Paes (DEM). Segundo apuração de O DIA, 25% da verba destinada à campanha do atual prefeito, pouco mais de R$ 1 milhão, foi gasto com a empresa Príncipe da Paz. A última remessa encaminhada à empresa foram os panfletos apontados por Paes e Marcelo Freixo como "fake news".

A sede da gráfica contratada pela equipe de campanha da vice de Crivella, Andrea Firmo, fica em Campos Elísios, em Duque de Caxias, numa área dominada pelo tráfico de drogas. De acordo com informações da 65ª DP (Imbariê), a empresa fica em área dominada pelo Terceiro Comando Puro. O crime na região, a partir da comunidade chamada de Massapê, é liderado por Wendel Rodrigues Oliveira, conhecido como Noventinha.
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No material impresso, divulgado durante compromissos de campanha de Crivella, candidato à reeleição, inclusive na atividade de ontem, na Taquara, Zona Oeste, Eduardo Paes é associado a pautas como a "legalização do aborto", "liberação das drogas" e ao uso do que seria um "kit gay" nas escolas municipais.
De acordo com divulgação da própria equipe de campanha, teriam sido imprimidos cerca de 1,5 milhão de panfletos com as informações contra Eduardo Paes.

Para saber o valor gasto com o material, O DIA procurou a gráfica e fez uma simulação da impressão de um material com as mesmas dimensões e características. Segundo a gráfica, que também atende pelo nome de Gráfica e Editora DMC, o valor para essa quantidade de panfletos é de R$ 32 mil.

Resposta de Paes

No último domingo, durante uma caminhada em Campo Grande, Zona Oeste, Paes acusou Crivella de mentir em sua campanha e informou que vai entrar com processo contra o atual prefeito por distribuir os panfletos com fake news. O panfleto também associava o candidato ao deputado federal Marcelo Freixo (PSOL), que também deve processar o atual prefeito.

"É lamentável, mostra mais uma vez o desespero. É mentiroso o panfleto. Vamos processar eleitoralmente e criminalmente", afirmou Paes. O candidato criticou ainda a gestão de Crivella à frente da prefeitura. "É o pior prefeito da história do Rio. No próximo domingo, a gente quer dizer 'Crivella nunca mais'", completou. 
Prefeito fala de processo
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Na tarde de ontem, o prefeito Marcelo Crivella começou sua última semana de campanha política. O candidato foi até a Taquara, onde conversou com trabalhadores de lojas, ambulantes e imprensa.
Aparecendo em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, Crivella não poupou troca de farpas com seu rival Eduardo Paes (DEM). No ato de ontem, houve mais uma vez distribuição de panfletos com fake news, mesmo após a ameaça de processo.
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Quando questionado sobre o processo, Crivella respondeu: "O Eduardo tem que se preocupar é com os processos que responde na Justiça. Dezoito processos de corrupção passiva. Recebeu dinheiro da Odebrecht, da Andrade, da Carioca, é com isso que tem que se preocupar. Essa é a grande preocupação, não só dele, mas do Rio inteiro. Eduardo pode ser preso a qualquer momento. A gente tem que se preocupar com a corrupção, corrupção é que é o problema, política não é problema".
Paes respondeu: "Respeito o meu adversário, apesar dele espalhar mentiras e 'fake news', de contar história, ser o 'pai da mentira', João 8:44 (passagem bíblica sobre mentira), né, enfim, vou respeitá-lo até o último dia da eleição".
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Desespero, dizem especialistas
Ontem foi o terceiro dia consecutivo de divulgação dos panfletos associando Eduardo Paes a pautas polêmicas e ao PSol, em locais onde Marcelo Crivella tem agenda de campanha. A estratégia, que teria começado no último sábado, coloca o candidato democrata ao lado de Marcelo Freixo (PSol) e com a mensagem de que ambos apoiam a "legalização do aborto", "liberação das drogas" e ao uso do "kit gay" nas escolas. O material não passa de uma estratégia "desesperada" de Crivella, segundo cientistas políticos ouvidos pelo O DIA.
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"Nesse segundo turno, a campanha de Crivella está mostrando o desespero. Um desespero estratégico. Ele não faz uma campanha de afirmação do seu voto, ele tem um voto fidelizado. Ele não tenta desconstruir sua rejeição, mas foca na desconstrução de Paes. O que não é apenas uma desconstrução, mas um ataque pessoal à ética e à moral do rival. Ele faz isso deliberadamente usando de informações falsas", afirma Paulo Baía, cientista político.
Para Geraldo Tadeu, cientista político e professor da Uerj, a opinião é a mesma: "É uma estratégia desesperada. Ele tem um índice de votos aquém do necessário para vencer, então ele está indo para o tudo ou nada". 
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