Karoline Venâncio é evangélica e não vota em Marcelo Crivella, pois acredita que o prefeito teve uma gestão
Karoline Venâncio é evangélica e não vota em Marcelo Crivella, pois acredita que o prefeito teve uma gestão "parcial"Acervo Pessoal
Por O Dia
Desde que entrou para a vida política nas eleições de 2002 para o Senado Federal, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, decidiu naquela época adotar a estratégia de se desvincular à Igreja Evangélica e com esse posicionamento conseguiu ser eleito em 2016 para comandar a capital fluminense.
Porém, para o pleito municipal deste ano, após grande desgaste em sua imagem durante seu mandato e o cenário político depois da eleição do presidente Jair Bolsonaro, Crivella buscou voltar às origens e passou a repetir as menções a Deus e religião, além de ter ressaltado que vai buscar apoio daqueles que o atual prefeito considera como o seu público mais fiel. Marcelo Crivella decidiu abraçar a ideia de focar em tal eleitorado para tentar recuperar o seu prestígio, principalmente na Zona Oeste da cidade, região em que, segundo ele, possui a maior concentração de evangélicos.
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Apesar de estarem no mesmo grupo religioso, existem diferentes denominações e ensinamentos para tal corrente religiosa. que englobam Batistas, Metodistas, Pentecostais, à qual pertence a Assembleia de Deus e neopentecostais, como a Igreja Universal do Reino de Deus. Conheça a história de cinco jovens que se incluem nesses grupos e que, apesar de serem da mesma religião do Prefeito, declaradamente não irão votar em Marcelo Crivella no próximo domingo.
Morador do bairro de Santíssimo, Walter Guerra tem 21 anos e no primeiro turno votou na Candidata Benedita da Silva, do PT. Já para o segundo turno decidiu por anular o seu voto, já que não concorda com as políticas tanto de Marcelo Crivella como de Eduardo Paes: “Como ela (Benedita) não foi para o segundo turno eu vou anular meu voto porque me recuso a dar meu voto para qualquer um dos dois. Tanto tempo pra se fazer alguma coisa e nada foi feito. Somente obras superfaturadas e as poucas que fizeram, deixam para concluir nas vésperas das eleições”.
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Também com 21 anos, Elizabeth Lucas, mora em Magalhães Bastos e decidiu por votar em Eduardo Paes, já que ela acredita que o atual prefeito não fez uma boa gestão nesse primeiro mandato e que não concorda com a abordagem dele em querer misturar política com religião e querer impor crenças pessoais a toda uma cidade que faz parte de um país laico. “Acho que estado e religião são coisas que devem se manter separadas. Eu já não o apoiava no primeiro turno e agora reitero a minha falta apoio a ele. Não consigo atribuir nenhuma conquista relevante ao mandato do Crivella nesses 4 anos.”, afirmou Elizabeth.
Já Karoline Venâncio, moradora de Bangu, é evangélica Batista, tem 24 anos e não vota em Crivella, pois acredita que o prefeito teve uma gestão "parcial". Apesar de não gostar de carnaval, Karoline considera que a festa é marcante na cultura e um grande trunfo para a economia da cidade do Rio de Janeiro. Na visão dela, a tentativa de Crivella de unir sua imagem com a do presidente Jair Bolsonaro foi algo ainda mais negativo e destacou que a cidade do Rio precisa de ações eficazes voltada para educação, saúde, transporte e cultura o que não ocorreu neste mandato:
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“Uma gestão não assume o comando de algo que não tem capacidade para manter. O governo ficou parado enquanto tudo desandava. Jamais votaria em alguém que está ao lado de uma pessoa que apoia a violência, pois Deus sempre foi e é amor, e compaixão ao próximo. Ele nunca foi religião ou violência. Tudo ao contrário disso vai contra aos meus princípios.”
Assim como Karoline, João Vitor também é Batista e não acredita que a união com Bolsonaro seja o caminho ideal para Crivella, além de destacar polêmicas do prefeito durante o seu mandato, como o caso que ficou conhecido como o dos “Guardiões do Crivella”, onde funcionários da Prefeitura se organizavam em grupos de WhatsApp e ficavam próximos à hospitais para impedir denúncias na área da Saúde. “Na verdade, eu acho que ele nem é tão bolsonarista assim, mas o vejo desesperado para se apegar ao presidente como última esperança para tentar se salvar. Quando Cristo prega amor, eles pregam o ódio. Cristo é a verdade mas a arma deles é a mentira. Cristo se entregou por todos e eles pregam a subjugação do diferente”, concluiu o morador de Campo Grande.
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Por fim, Pedro Pereira além de citar como motivos aquilo que chamou de “intolerância religiosa” de Crivella destacou casos de corrupção na prefeitura, o despreparo em lidar com a pandemia de covid-19 na cidade e a falta de políticas públicas como fatores primordiais para se recusar em votar no atual prefeito. "O que vimos nesses últimos anos foi um prefeito complacente com a corrupção na cidade, demonstrando despreparo perante aos casos de corrupção, sobretudo nos hospitais que estavam designados para atender a população nesses últimos meses. Faltou aumentar a circulação de transportes, fiscalizar lugares que são conglomerados, uma maior atenção para as comunidades carentes, mas infelizmente vimos pouca logística e também vimos poucos testes oferecidos”, finalizou.
Apesar da aposta de Marcelo Crivella em alavancar votos dentro desse segmento, a missão do atual prefeito para conseguir a reeleição não será das mais fáceis, já que, segundo o Datafolha a rejeição do candidato do Republicanos entre o grupo evangélico beira os 40%. Comparando com as eleições de 2016 em que Crivella foi eleito, antes do primeiro turno daquele ano, a rejeição dentro do grupo não passava dos 11%.