Loja do Salgueiro esgota chapéu Panamá após declaração polêmica de Crivella - Divulgação
Loja do Salgueiro esgota chapéu Panamá após declaração polêmica de CrivellaDivulgação
Por Jessyca Damaso
Rio - A Acadêmicos do Salgueiro esgotou todo seu estoque de chapéu Panamá, cerca de 70 unidades, após declaração considerada preconceituosa do atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). Na sexta-feira, o bispo disse que seu rival Eduardo Paes (DEM) não via a hora de colocar o "chapéuzinho de Zé Pilintra", uma entidade de matriz africana incorporada em terreiros de Umbanda, para desfilar no Carnaval. O gerente da boutique da escola de samba, Victor Brito, de 31 anos, indignou-se com o comentário e disse que precisou encomendar uma remessa extra de 100 acessórios devido à grande procura.

"A fala ratificando toda a intolerância religiosa vinda do Crivella foi decisiva para que esse movimento surgisse. Estamos vivendo um momento de transformação e já não há mais espaço para este tipo de comentário ou qualquer um que denote preconceito. O chapéu Panamá é acessório típico do sambista e isto provou que ele não nos respeita", lamenta Victor, que também é carnavalesco do Aprendizes do Salgueiro.

Para o gerente, Crivella "está colhendo os frutos daquilo que plantou". Segundo ele, o atual prefeito usou seus quatro anos de mandato para fazer campanha contra a maior e mais democrática manifestação cultural do país.
"O sambista está apenas dando a resposta do que sente e não poderíamos ter mais orgulho da nossa gente do que ver todo mundo nas ruas mostrando a sua opinião em relação a mais uma fala preconceituosa de quem disse que iria cuidar das pessoas", disse.

Não foi só o uso das máscaras que chamou a atenção dos eleitores neste domingo de segundo turno. Muitos cariocas abusaram da irreverência na hora de votar e desfilaram com o acessório nas ruas.
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Vale ressaltar que ao falar que Paes usava um chapéu do "Zé Pelintra", Crivella se referia ao chapéu Panamá, fabricado com a palha da planta Carludovica palmata.