Com as redes sociais, o compartilhamento de notícias sem a checagem de fontes se tornou intuitivo e popularFoto: Arquivo MAIS

O combate à desinformação tem se tornado uma das principais tarefas para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e para os candidatos durante o período eleitoral. Hoje, as fake news são utilizadas como uma ferramenta de influência política na guerra informativa em todo o mundo. Com o objetivo de gerar desinformação e confundir o leitor, elas podem ser disseminadas em qualquer veículo de comunicação, principalmente na Internet, onde são facilmente compartilhadas e conseguem ter mais repercussão.
Para Maikel Alves, estrategista em comunicação eleitoral, o engajamento de fake news costuma ser maior pois elas têm características apelativas, dramáticas e polêmicas. "Normalmente, elas atacam a honra de alguém e, estrategicamente, são direcionadas ao público que tem interesse em propagá-las. Essas pessoas, usualmente, não se importam se o conteúdo é falso ou não. Elas simplesmente querem algo para se apegarem e atingirem o adversário", comenta.
Contra as fake news, o TSE criou a série #DemocraciaEmPílulas que tem como objetivo reforçar a importância do eleitor conferir, na página Fato ou Boato, as informações que recebe em seu grupos sobre as eleições e o processo eleitoral. Além disso, o Tribunal lançou o Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições, um canal na web que permite o envio de denúncias, especificamente relacionadas à fake news ou disparo em massa sobre o processo eleitoral.
Com as redes sociais, o compartilhamento de notícias sem a checagem de fontes se tornou intuitivo e popular. Maikel Alves vê como um fator vital o comprometimento das plataformas digitais. "Muito se avançou, mas ainda é pouco. No WhatsApp, por exemplo, não há qualquer restrição ao trânsito de conteúdo falso, tudo que se fez foi diminuir o limite de compartilhamentos. Vejo o receio das plataformas do Meta e Google em serem criticadas por censurar seus usuários. Já o Twitter é mais incisivo nesta questão, banindo o usuário após alguns alertas", afirma.
No início de 2022, o TSE assinou memorandos de entendimento com plataformas como o Twitter, Facebook e Google. O objetivo era que as empresas se comprometessem a adotar medidas contra possíveis desinformações na disputa eleitoral.
Em julho, o Twitter anunciou novas ferramentas em sua página inicial e no feed dos usuários. Como uma seção especial na aba inicial “explorar” sobre eleições, que irá reunir os assuntos com repercussão no momento, contexto para esclarecer informações potencialmente enganosas, conteúdo de qualidade sobre o processo eleitoral e listas com contas de fontes confiáveis, segundo o blog da plataforma.
Na publicação, a Meta, empresa que controla Instagram, WhatsApp e Facebook, anunciou que vem ampliando o seu investimento em equipes, aperfeiçoando tecnologias e parcerias para ajudar a proteger as eleições brasileiras.
"A remoção de conteúdos que violam nossas políticas voltadas para supressão de votos — ou seja, para conteúdos que desestimulam o voto ou interferem na votação — está entre nossas respostas a potenciais interferências ao processo eleitoral", postou a empresa.
Em parceria com o TSE, foi lançado em dezembro de 2021 um rótulo específico para o Brasil para postagens sobre eleições no Facebook e no Instagram que direciona as pessoas a informações confiáveis no site da Justiça Eleitoral. O WhatsApp conta com um canal extrajudicial para o recebimento de denúncias do TSE, lançado de maneira inédita na eleição municipal de 2020.
"Colaboramos com autoridades eleitorais e temos parcerias com agências independentes de verificação de fatos para conectar as pessoas a informações confiáveis e reduzir a disseminação de desinformação. Nosso trabalho para proteger eleições é contínuo — antes, durante e depois de outubro. Com a aproximação das eleições, ativaremos nosso Centro de Operações para Eleições, para identificar potenciais ameaças em tempo real e acelerar nosso tempo de resposta", declarou a assessoria.
Para Octávio Costa, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), as pessoas que produzem as fake news distorcem de tal maneira que a notícia parece ter sido veiculada em grandes veículos. "Eles inventam capas, montagem, de uma forma desonesta mesmo e a pessoa desavisada acredita que é real", comenta.
O jornalista ressalta que é difícil fazer essa triagem, daí a importância de mecanismos que coíbam a veiculação de desinformação. O Jornal O Dia participa do Projeto Comprova que tem como intuito investigar colaborativamente conteúdos suspeitos sobre as eleições presidenciais. "O Comprova procura no jornalismo colaborativo a chave para oferecer aos leitores verificações feitas com rigor, precisão e transparência. Cada verificação é feita por três ou quatro repórteres, de veículos diferentes, e é revisada por ao menos outros cinco, também de distintas mídias e lugares. Essa metodologia tem compromisso com a independência editorial e com erro zero e é potencializada pela participação dos 43 meios de comunicação", afirma Sérgio Lüdtke, editor do projeto.