Para 81%, proteção da Amazônia deve ser uma prioridade nestas eleições
Pesquisa encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade mostra que 49% das pessoas consideram ruim ou péssima a atuação do governo federal na proteção da floresta
Area desmatada na floresta amazônica - LULA SAMPAIO / AFP
Area desmatada na floresta amazônica LULA SAMPAIO / AFP
O governo federal não está trabalhando para combater a grilagem, o tráfico de drogas, a exploração ilegal de madeira e outros crimes na Amazônia na opinião de 65% do eleitorado. O número foi obtido por uma pesquisa do PoderData, divulgada neste domingo (14). O levantamento revela ainda que 81% dos entrevistados acreditam que, nesta eleição, a proteção do bioma deve ser uma prioridade para os candidatos à presidência.
Paulo Moutinho, cientista sênior do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), comenta que o desenvolvimento sustentável na região e a proteção da floresta é vital para o futuro dos brasileiros e do planeta. "Meu trabalho científico na região e de muitos outros cientistas brasileiros indica que uma escolha por um futuro socioambientalmente sustentável para a Amazônia é uma questão chave para as próximas gerações de brasileiros. Precisamos fazer uma escolha, como sociedade, do que queremos para este futuro'', declara.
No levantamento, foram entrevistadas mais de 3 mil pessoas em 312 municípios nas 27 unidades da Federação, entre 28 e 30 de julho. A maior parcela, 49%, considerou ruim ou péssima a atuação do governo federal na proteção da floresta. Na Região Norte, o governo tem o menor índice de ótimo e bom nesse quesito, apenas 7%, e o maior índice de ruim e péssimo: 45%.
Para o cientista do IPAM o avanço da destruição ambiental é "pura falta de vontade política" para reverter a situação. "Isto tem raízes em interesses setoriais e particulares que não estão alinhados com os interesses da sociedade. É preciso, de uma vez por todas, entender que preservar a Amazônia e desenvolvê-la de maneira sustentável é uma questão de segurança nacional", afirma Paulo.
A pesquisa encomendada pelo Instituto Clima e Sociedade (iCS) mostrou que 39% dos eleitores responderam que o tráfico de drogas é o crime que mais prejudica a floresta e suas populações. Em seguida, aparecem a grilagem de terras, com 17%, e o garimpo ilegal, com 13%. A corrupção (9%), a exploração ilegal de madeira (8%) e o tráfico de animais (4%) também foram destacados. As perguntas sobre violência foram incluídas na série de pesquisas após os assassinatos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, que tiveram repercussão mundial.
Cristina Graça, Promotora de Justiça da Bahia e diretora internacional da ABRAMPA (Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente) declara que a violência da Amazônia é realidade. E que pesquisas mostram que o território amazônico é um dos mais violentos do país. "É preciso que o governo tome uma providência urgente para conter a violência e proteger esse ecossistema de grande importância para a humanidade", comenta.
Para a promotora é de extrema importância que os próximos governantes fortaleçam os órgãos ambientais e de repreensão policial. "O governo tem que agir com inteligência e com ações imediatas como fortalecimentos do IBAMA, ICMBIO e polícia local. Eles precisam estar dentro da Amazônia fiscalizando e retirando os recursos das quadrilhas organizadas", destaca Cristica.
A maioria dos entrevistados, 65%, considerou que a proteção da Amazônia é importante para o desenvolvimento econômico do Brasil, contra 19% que não a consideram importante. Três pensamentos foram apresentados aos entrevistados. O mais votado, por 64%, diz que “o desenvolvimento do Brasil depende da proteção da Amazônia”. Em seguida, com 21%, aparece a frase “para o Brasil se desenvolver, proteger a Amazônia não é uma prioridade”. A menos cotada, com 5% das respostas, diz que “o Brasil consegue se desenvolver mesmo sem proteger a Amazônia”. A margem de erro é de 2,0 p.p. para menos ou mais e o intervalo de confiança é de 95%.
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