Lula e Bolsonaroreprodução
"A maior mentira que (Bolsonaro) conta por dia é evocar Deus toda hora. Ele está mentindo. Ele usa o nome de Jesus em vão para tentar enganar a boa-fé dos homens e mulheres", criticou Lula neste domingo (4) durante encontro com trabalhadoras domésticas no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande SP.
"Nós queremos restabelecer uma outra relação com a sociedade. Estado não tem religião. Estado não pode ter religião. Estado precisa tratar todas as religiões com respeito", defendeu. Lula voltou a relembrar que em 2003, durante sua gestão, foi criada a lei de Liberdade Religiosa e em 2009 a Marcha por Jesus. Disse também que durante o governo Dilma Rousseff (PT) foi sancionada a Lei do Evangelho.
Diante da disseminação de fake News sobre a relação entre governos do PT e evangélicos, Lula pediu ajuda de apoiadores para desmentir notícias falsas nas redes sociais. "Precisa ficar atento a essa quantidade de mentiras que é contada todo santo dia. Vocês precisam aproveitar o zap de vocês para não deixar que a mentira corra", disse. Segundo o ex-presidente, "a mentira voa e a verdade engatinha".
Lula endossou esse movimento para evitar "que a fábrica de mentiras faça o que fez quando Haddad foi candidato em 2018". Como mostrou o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o temor é que a campanha bolsonarista reforce a alegação de que o petista, se eleito, fecharia igrejas. A agenda é vista como uma reedição da discussão do "kit gay" da corrida eleitoral de 2018.
"Dilma foi tirada do governo por uma sacanagem, por uma bicicletada que inventaram. A Dilma foi tirada e o tal do cara que votou para tirar ela não dá nem bicicletada, dá motociata", afirmou Lula. "Ele não tem coragem de fazer comício. Quando vai é para fazer comício com militares, militantes dele. Ele não se mistura com povo pobre porque sabe que mente demais. Não é Lula que está dizendo, é a imprensa", afirmou.
O ex-presidente voltou a prometer que, se eleito, criará um Ministério da Mulher. "Não vai ser mais uma secretaria, vai ser um ministério. Mulheres são maioria nesse País e já mostraram ter competência para exercer qualquer função em qualquer lugar no mundo e no Brasil também", disse.
O aceno acontece após gafes cometidas pelo ex-presidente em relação ao público feminino e que tiveram grande repercussão nas redes sociais. Durante um comício em Belém (PA) na noite de quinta-feira (1), por exemplo, Lula disse que trabalho doméstico é "serviço da mulher" ao mencionar que o homem tem que ter a "dignidade de ajudar na cozinha".
Em ato realizado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, no dia 20 de agosto, Lula também acumulou outra polêmica. "Mão de homem não foi feita para bater em mulher. Quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa ou no Brasil, porque nós não podemos aceitar mais isso", disse na ocasião.
No evento de hoje, Lula reforçou a pauta de igualdade de oportunidades e disse que, se eleito, não vai "prejudicar ninguém". "Não quero que a filha da empregada doméstica prejudique o filho do patrão dela. A única coisa que eu quero é que o filho da empregada doméstica tenha a mesma oportunidade de disputar a mesma vaga com qualquer pessoa do mundo".
Armas
Durante o evento no ABC, o candidato à Presidência pelo PT voltou a criticar a política armamentista do atual governo e disse que a medida beneficiou bandidos, que agora "já não roubam armas da polícia, mas compram novas e legalizadas".
"Quem tá comprando a arma, são vocês? Os bandidos estão comprando", disse. "Quem está comprando arma deve ser o PCC, o Comando Vermelho, as pessoas que querem arma", continuou.
Lula afirmou que, em um eventual governo, não haverá decreto de armas no País, mas decreto de livros. A pauta armamentista e de violência gera preocupação, principalmente, para as mulheres evangélicas, segmento no qual a campanha tem buscado maior diálogo.
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