Candidato ao Governo do Rio pelo Partido Novo, o tijucano Paulo Ganime tem 39 anos e é deputado federal eleito em 2018 com quase 53 mil votos. Trabalhou em pautas como as reformas Administrativa e Tributária, o fim dos privilégios de políticos e o combate à corrupção. Também atuou de forma decisiva na aprovação da Nova Lei do Gás e do Marco Legal das Startups.
Filho de professores, Ganime se formou em Engenharia de Produção pelo Cefet-RJ, cursou Economia na Uerj e possui MBA em Gestão de Empresas pela PUC-Rio.
Antes de entrar na política, trabalhou no setor privado por 15 anos, em empresas multinacionais nas áreas financeira e de gestão de projetos, sendo os últimos cinco anos na França e nos EUA.
Em entrevista ao jornal O Dia, o candidato aborda alguns pontos de seu programa de governo, prioridades para o Rio e como pretende trabalhar em parceria com as prefeituras.
Em seu programa de governo, o senhor fala que precisamos de um sistema público forte e à prova de corrupção. Como pretende implementar isso?
Eu tenho que montar isso começando com a nomeação de secretários técnicos, profissionais nas suas áreas, como também com uma história e um perfil ficha limpa. O segundo ponto é a transparência. Ganhei o prêmio do Portal da Transparência, um dos quatro únicos congressistas do Brasil que recebeu isso, justamente por conta da transparência do meu mandato. Quero continuar com esse perfil, levar informação às pessoas, mostrar todos os dados do governo, os projetos que estão acontecendo, para que a própria população e a imprensa, que tem um papel importante, acompanhem e fiscalizem, não só a minha atuação como governador, mas de todos os membros do meu governo, garantindo que vocês também ajudem no controle, no combate à corrupção e à má gestão. Também com políticas públicas que melhorem a vida das pessoas, que façam com que o dinheiro do pagador de imposto, o dinheiro público, seja usado em projetos que atendam da melhor forma possível à população.
O senhor também propõe tornar o Rio um dos quatro melhores estados em educação no Brasil. Como é que o governo poderia trabalhar junto com as prefeituras para garantir isso?
Você já até ajudou a responder a pergunta, quando fala em trabalhar junto com as prefeituras. Temos que trabalhar desde o ensino fundamental. Não adianta focar só no ensino médio, que é a principal responsabilidade do governo. Temos que ajudar as prefeituras. Queremos fazer com que os municípios melhorem a qualificação da sua rede pública. Através da rede estadual, com parcerias, com o Sistema S, vamos ajudar na qualificação dos professores, ajudar com metodologia, com material didático, para que a gente fortaleça o ensino das redes públicas municipais. Vamos também ajudar na garantia da educação em tempo integral, fazendo, não só através das escolas municipais, mas também parcerias com outras instituições públicas, sem fins lucrativos e privadas, para que esse aluno tenha uma educação em tempo integral, alimentação adequada, aula de cultura, esporte, instrumento musical, aula de reforço escolar, e garantir que o pai e a mãe desses alunos possam trabalhar com tranquilidade. Também com política de incentivo fiscal através de repasses bonificados de ICMS para os municípios que investirem e melhorarem a educação. Outro ponto que vai a gente vai reforçar muito é o ensino profissionalizante, que garante ao jovem ingressar rapidamente no mercado de trabalho.
Que pautas o senhor enxerga como urgentes para o Rio?
Eu acredito que seja a segurança pública. Não há dúvida de que as pessoas hoje têm medo de sair nas ruas. Tem também uma questão grave de roubo de carga. Esse é um tema importante, porque coloca em risco a vida do trabalhador, do motorista, impacta as empresas que também se sentem ameaçadas, que têm custos elevados por conta da falta de segurança. Muitas estão querendo sair do Rio, ou nem fazem mais negócios no Rio por conta disso. Isso também faz com que a gente perca empregos. A segurança pública é o direito de ir e vir do cidadão, é o direito à vida, o direito à liberdade. Eu acho que são os dois temas prioritários.
Há décadas, o Estado do Rio vem sofrendo com a perda de investimentos. Como o senhor pretende mudar essa realidade do nosso Estado?
Hoje, pessoas e empresas, sejam do Rio ou de fora do Rio, não têm confiança no estado. Muito por conta da corrupção no governo e nas instituições, que são provocadas por uma minoria organizada e que usa a máquina pública para se beneficiar e não para gerar melhoria na vida das pessoas. Tem que começar voltando a ter confiança no Estado do Rio e isso passa por um governo transparente, ético, com profissionais atuando nas secretarias, pessoas competentes, do primeiro ao último escalão. Esse vai ser o início da mudança. Outros pontos são transparência e segurança, segurança jurídica para quem quer investir, mas também segurança física. Combater a violência com veemência, para que a gente volte a ter a confiança do investidor, do empresário, do pequeno empreendedor. Temos que diminuir a burocracia, reduzir as obrigações acessórias do ICMS, reduzir a carga tributária. A gente está falando também de redução do IPVA, de 4 para 3%, redução do ICMS de forma organizada, respeitando o regime de recuperação fiscal e também a prorrogação do prazo de pagamento.
De que forma o seu vice, Hélio Secco, que é uma pessoa bastante ligada à pauta ESG, pode ajudá-lo no comando do estado?
Ele vai ajudar muito, tanto na pauta ESG, quanto na pauta ambiental, que ele é especialista. Eu acho que o Rio tem que aproveitar a pauta ambiental como alavanca de desenvolvimento econômico, de criação de emprego e renda, desde o turismo, até a exploração adequada dos nossos parques e reservas ambientais. Cuidar do saneamento básico, que impacta o meio ambiente, a saúde pública, o turismo, melhorando a qualidade das nossas lagoas, rios e mares. O Hélio foi o responsável pela elaboração da parte de meio ambiente e de águas do meu plano de governo porque ele entende muito do assunto e vai ser um parceiro nesse trabalho, para que a gente consiga explorar também a pauta do mercado de carbono e desenvolvimento da energia. A gente tem, sim, que continuar aproveitando o que tem na área de óleo e gás, mas trabalhar para que o Rio seja também um polo de energia do futuro, com responsabilidade social, econômica e ambiental. Além disso, o Hélio entende de gestão pública.
No Congresso, o senhor lidou com as emendas impositivas ao orçamento da União. Acha que esse mecanismo deveria ser reproduzido nas Assembleias Legislativas?
Na verdade, eu acho que esse mecanismo não deveria existir, nem na Assembleia Legislativa, nem na Câmara dos Deputados. Acho que esse dinheiro que hoje está concentrado em Brasília deveria estar nos municípios e nos estados, e não na mão de parlamentares em Brasília, em que políticos têm que ir atrás desse recurso através de articulação política. Eu acho que o ideal é a gente fazer uma reforma tributária, do pacto federativo, para que o dinheiro esteja já nas mãos daquele que faz a gestão pública na ponta. Dos municípios, dos estados, das entidades, das diversas entidades públicas, sejam municipais, estaduais e federais, mas que estão aqui no Rio de Janeiro, entregando resultado. É claro que a participação do parlamentar na elaboração e fiscalização do orçamento da União é importantíssimo e tem que ser feito na LDO, na Lei Orçamentária Anual, mas através de mecanismos de melhoria do orçamento da União e não através da emenda impositiva que é usada politicamente pelo parlamentar.
Em defesa da sua candidatura, eu gostaria de pedir que o senhor dissesse por que os eleitores deveriam escolhê-lo como governador.
Porque eu me considero alguém que se preparou para exercer o mandato de governador. Eu tenho experiência em gestão, em realizações, dentro da iniciativa privada, nos meus 15 anos em grandes empresas, com entregas concretas, sabendo fazer, executar projetos, administração privada, e tenho praticamente quatro anos como deputado federal. Eu consigo convergir as qualidades da iniciativa privada com a gestão pública, entendendo como funciona a política e conseguindo entregar resultados. Não à toa, eu fui eleito três anos seguidos o melhor deputado federal do Rio pelo Ranking dos Políticos, e várias outras premiações, com mandato eficiente, que aprovou projetos de lei, que conseguiu fiscalizar com rigor, quando necessário, o poder público, que conseguiu ser reconhecido por diversas instituições como um dos melhores deputados do Brasil e que também economizou dinheiro público. Eu já economizei mais de R$ 5 milhões do dinheiro público, usando de forma eficiente e responsável. Esse é o meu compromisso. É isso que eu vou fazer como governador.
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