Na busca pela reeleição, o senador Romário (PL) declara que defende desde o início as bandeiras das "pessoas com deficiência, da educação e do esporte" e que "não pode abandonar". Edilson Rodrigues / Divulgação

Último candidato ao Senado a participar da sabatina do O Dia, Romário (PL) busca a reeleição após o primeiro lugar em 2014, com mais de 4,6 milhões de votos. A vida política do ex-jogador começou em 2011, quando foi eleito deputado federal pelo PSB. O motivo para se aventurar em um campo totalmente diferente do verde dos gramados foi a filha caçula Ivy, que nasceu com Síndrome de Down. Desde então, defender os interesses das pessoas com deficiência tem sido uma de suas bandeiras.
Em entrevista, Romário disse estar “sempre na área” para as necessidades da população e afirmou ser o “único que realmente pode continuar fazendo” um “trabalho de grande relevância para o estado”. O senador também rebateu os adversários: “as críticas eu vou escantear e seguir com meu pensamento, meu trabalho e minha fé”.
Qual é a questão mais urgente do Rio de Janeiro?
O regime de recuperação fiscal é de muita importância e acredito que o governador Cláudio Castro está totalmente voltado para resolver esse problema. Também não posso deixar de falar sobre as pessoas passando fome, desempregadas e com dificuldade. O Rio tem problemas grandes e antigos, mas a maior questão é a social, que se traduz em gerar empregos e melhorar a saúde.
Se reeleito, como pretende levar essas bandeiras ao Senado?
A saúde é uma situação bem delicada. O cuidado com pessoas com deficiência, a educação, o esporte, são bandeiras que eu carrego desde o início e não posso abandonar. Também estarei sempre pronto para atender às necessidades do momento. Recentemente aprovamos uma lei que derruba o rol taxativo e garante a cobertura de tratamentos e terapias pelos planos de saúde, sobretudo para as pessoas com doenças raras e os autistas. Isso aconteceu após decisão do Superior Tribunal de Justiça (que permitiu que os planos de saúde negassem tratamentos fora da lista da ANS). Eu apresentei um projeto de lei para derrubar a decisão. Fui indicado como relator pelo presidente do Senado e meu relatório foi aprovado por unanimidade. Estou sempre atento às necessidades da população. Como costumo dizer, tenho que estar sempre na área.
Tem mais alguma pauta que o senhor pretende levar à Câmara Alta?
Toda e qualquer pauta que for do interesse do estado. Qualquer coisa que aparecer vou estar sempre atento. Esse tem sido meu papel e com certeza vou continuar fazendo.
Qual é a sua opinião sobre as emendas RP-9, que ficaram conhecidas como "orçamento secreto"?
Eu sou 100% a favor da transparência. A população que vota no parlamentar tem o direito de saber para onde vai o dinheiro. Eu nunca tive problema em relação a isso, porque tudo o que mandei para o Rio nesses quase 12 anos de política foi muito transparente. Eu fui, sou e sempre serei a favor da transparência. Quando nos envolvemos com dinheiro público, temos por obrigação ser o mais transparente possível.
Como pretende aproximar o governo federal do estadual, caso os candidatos que o senhor apoia para o Governo do Rio e para à Presidência não sejam eleitos?
A função do senador é levar as pautas do estado para a Brasília e fazer com que elas sejam atendidas. É claro que estamos nos esforçando para que o presidente Bolsonaro e o governador Cláudio Castro sejam reeleitos. Porém, se isso não acontecer é indiferente. Nós estamos em um time e a gente torce para que o resultado seja positivo. Mas, enquanto senador, eu tenho que continuar ajudando o meu estado e é isso que vou fazer. Como todo mundo sabe, meu apoio é do Castro e do Bolsonaro. Vamos sempre pensar nisso como “plano A”, a gente hoje não tem “plano B”.
O senhor teria uma dívida de mais de 1,2 milhões de reais na Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e, por conta disso, algumas pessoas disseram que o senhor não seria capaz de exercer um cargo público. Até que ponto acha que a forma de administrar o próprio patrimônio pode influenciar na forma de gerenciar as questões de interesse público?
Essa dívida já foi de R$1,5 milhões, mas já comecei a pagar e hoje está nesse valor. Estou questionando ela e aguardo a manifestação dos respectivos juízos. Então, a qualquer momento posso ganhar. Em todos esses anos exercendo um cargo público, nunca tive nenhuma condenação por mau uso de recursos; muito pelo contrário: sou o senador que mais trouxe recursos para o estado. Atualmente, quase 92% dos brasileiros têm algum tipo de dívida e eu faço parte deste grupo. Sei muito bem diferenciar uma coisa da outra. Vou continuar pagando minhas dívidas e nunca misturando meu papel de cidadão com o de senador.

O senhor foi criticado por adversários por não ser realmente conservador, e ter aderido a esse campo político apenas recentemente. O que o senhor tem a dizer?
Quem me acompanha sabe que sou coerente e não é novidade que sempre fui contra pautas como o aborto e as drogas. Eu tenho uma filhinha com Síndrome de Down, meu maior presente, inclusive é por causa dela que estou na política. Existem pessoas que pensam em aborto quando descobrem que seu filho tem algum tipo de deficiência. Eu não posso ser a favor disso, não posso compactuar com essa atitude covarde. Meus adversários não têm proposta para defender ou trabalho a apresentar: um defende propostas inconstitucionais; o outro só fala do seu candidato a presidente; e o outro passou os quatro anos na Câmara só falando mal do atual presidente. Por isso eles ficam nesse jogo baixo, atacando minha fé que sempre foi expressada publicamente. Sou grato a Deus e me sinto confortável por estar alinhado com pessoas que pensam da mesma forma. O que os adversários têm a dizer, isso aí eu vou escantear e continuar o meu pensamento, o meu trabalho e a minha fé.
Em 2018, o senhor lançou sua candidatura ao governo do Rio. Porque este ano decidiu tentar a reeleição como senador ao invés do cargo de chefe do Executivo Fluminense?
Essa foi a minha terceira eleição e a primeira derrota. Eu enxerguei a possibilidade de ajudar o meu estado de forma diferente. Como governador e com o poder da caneta, eu teria um resultado muito mais positivo. Mas hoje, por exemplo, estou na frente dos meus adversários, com 30% das intenções de voto. Eu tenho um respeito muito grande por todos, mas posso afirmar que nenhum candidato está melhor preparado e tem mais experiência que eu, até porque nenhum deles nunca foi senador. A minha decisão de tentar a reeleição é porque acredito no meu trabalho, acredito que a votação expressiva que tive em 2014 também é uma evidência de ser reeleito. Eu tenho trabalho prestado. Fui presidente da Comissão de Educação, da Comissão de Assuntos Sociais. Atualmente sou o segundo vice-presidente da Casa Alta. Sou o senador recordista do Rio de Janeiro em enviar emendas para o estado, inclusive na área da saúde.

Pretende ainda se lançar ao Poder Executivo?

Não. Eu desejo ser reeleito e cumprir com muita dignidade e trabalho esses próximos oito anos. Já que acabou não dando certo na primeira vez, vou continuar no Senado ajudando meu estado da maneira que eu entendi ser a melhor forma de poder contribuir com a população.

Qual a mensagem que o senhor quer deixar hoje para os eleitores?
Quero dizer que podem continuar confiando em mim. É uma eleição difícil, mas a gente vai até o dia 2 de outubro trabalhando muito. Já gostaria de agradecer esses 30% de intenções de voto e dizer que trabalho prestado mais do que eu, hoje no estado ninguém tem. A mensagem é que sou o único que realmente estou preparado, o único que pode continuar fazendo esse trabalho de grande relevância para o Rio.
Gostaria de dizer mais alguma coisa?
Eu queria dizer aos meus adversários que todos os ataques que eles vêm fazendo, eu tenho demonstrado ao longo desses quase 12 anos que são ataques sem nenhum tipo de cabimento. E que eu sou um cara da paz, mas na guerra eu funciono muito bem. Eles vão ver isso ao longo desses últimos dias de campanha.