A definição das bancadas na Câmara Federal mostrou a importância do apoio de Jair Bolsonaro nesta eleição. Parlamentares que fizeram a defesa intransigente do governo no Congresso, ex-ministros do presidente e defensores das pautas do bolsonarismo se elegeram deputados federais e ainda desempenharam o papel de puxadores de votos para suas legendas. Com isso, o PL sai ainda mais fortalecido.
Em São Paulo, Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro foram os mais votados do PL. O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles ficou em terceiro entre os candidatos da legenda. A festa bolsonarista só não foi completa porque Guilherme Boulos (Psol) foi o campeão de votos no estado. O eleitorado mais conservador deu um novo mandato a Kim Katiguri (União Brasil) e ao pastor Marco Feliciano (PL). A esquerda conseguiu eleger Marina Silva (Rede) e reconduzir à Câmara Tabata Amaral (PSB).
No Distrito Federal, o “bolsonarismo raiz” reelegeu a deputada federal Bia Kics (PL), a mais votada no pleito, e elegeu Alberto Fraga (PL), trazendo de volta à Câmara um dos fundadores da chamada bancada da bala.
Deltan Dallagnol (Podemos) foi o candidato mais votado para a Câmara no Paraná. Sua eleição demonstrou a força da Lava Jato no estado, que também deu ao ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil) uma cadeira no Senado. A dupla, na reta final da campanha, tratou de se aproximar do discurso bolsonarista, esquecendo as críticas do passado. Contudo, Dallagnol ainda não tem o mandato garantido. O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná ainda julga um pedido de impugnação da candidatura do ex-procurador federal. Mesmo que a decisão seja torná-lo inelegível, ainda caberá recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-ministro da Cidadania e deputado federal Osmar Terra (MDB) foi reeleito para a Câmara Federal no Rio Grande do Sul, tendo como base de apoio o eleitorado bolsonarista. Durante a campanha, ele fez questão de refutar críticas às ações do governo federal durante a pandemia de covid-19. Terra, inclusive, insistiu na defesa da indicação da cloroquina para o tratamento da doença — ainda que a medicação tenha sido rejeitada pela comunidade científica.
Em Santa Catarina, um dos redutos do bolsonarismo, a deputada Carol de Toni (PL) não apenas foi reeleita, mas também ficou com o “título” de campeã de votos no estado. Ela ocupou a vice-liderança do governo na Câmara em 2019. Carol se apresenta como “conservadora” e ex-aluna de Olavo de Carvalho, o guru dos bolsonarista. A parlamentar, que tem base eleitoral em Chapecó, se coloca como “fiel seguidora” do presidente.
O vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL) foi o candidato mais votado para a Câmara em Minas Gerais. Ele utiliza as redes sociais para mobilizar os seus apoiadores — no Instagram tem mais de um milhão de seguidores. Nikolas ganhou projeção durante a pandemia de Covid, quando postou diversos vídeos criticando as medidas de isolamento social e defendendo a abertura do comércio.
A chamada pauta de costumes marca o discurso do campeão de votos entre os mineiros. Ele defende a criminalização do aborto, faz críticas ao que chama de “ideologia de gênero”. Durante a campanha, Nikolas declarou apoio irrestrito ao presidente da República e se esforçou para se apresentar como um legítimo representante do bolsonarismo em Minas Gerais.
No Mato Grosso, meca do agronegócio e base do bolsonarismo, o PL elegeu quatro deputados federais, sendo a legenda com o maior número de vagas conquistadas para a Câmara no estado.
No vizinho Mato Grosso do Sul, Marcos Pollon (PL) foi o campeão de votos para a Câmara. Ferrenho defensor da flexibilização do porte de armas, o advogado foi um dos principais articuladores das motociatas de Bolsonaro no estado. Com um discurso marcado pela defesa intransigente da agenda do governo, o advogado é conhecido no Mato Grosso do Sul pelo apoio aos clubes de tiro.
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