Carro da Polícia Federal, com marcas de tiro no vidro dianteiro, que foi alvo de Roberto JeffersonReprodução de vídeo

O ex-deputado federal Roberto Jefferson afirmou neste domingo, 23, ter trocado tiros com policiais federais que foram até sua casa, no município de Levy Gasparian, na Região Serrana, para prendê-lo por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Jefferson resistiu à prisão e arremessou três granadas e disparou duas vezes seu fuzil. Houve revide por parte dos agentes.

O delegado Marcelo Vilella, atingido na cabeça e na perna por estilhaços, e a policial Karina Lino Miranda de Oliveira, ferida na cabeça por estilhaços, foram encaminhados a um hospital próximo e receberam alta no fim da tarde.
Segundo o ex-parlamentar, a determinação para a Polícia Federal ir até sua casa foi do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em um vídeo gravado no momento da operação, com os agentes na porta da sua casa, Jefferson disse que não iria se entregar.
"Eu quero mostrar a vocês, que chegou a Polícia Federal pra me prender agora. (...) A minha raiz tá plantada. Eu não vou me entregar, porque acho um absurdo. Eu vou enfrentá-los. Mas tá de pé a nossa bandeira. Em nome da nossa liberdade, da democracia, do respeito às famílias e à vida pública, eu não vou me entregar. Estou de pé com vocês! Não vou me entregar! Eu quero ver plantado no topo da cruz de cristo, para que todos reverenciem o nosso salvador. Eu vou lutar pela liberdade. Eu não vou me entregar e tô mostrando a vocês que eles acabaram de chegar", declarou.
Em outro momento, o ex-deputado federal mostra imagens das câmeras de segurança de sua casa onde é possível ver marcas de balas no para-brisa da viatura da PF. No vídeo, Jefferson disse que trocou tiros com a Polícia Federal e afirmou ser um "líder".

“Vou mostrar a vocês que o 'pau' cantou. Eles atiraram em mim e eu atirei neles. Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito, mas eu não me entrego. Chega de abrir mão da minha liberdade em favor da tirania. Não faço mais isso, chega! Vou cair de pé, como homem que sou. Sou líder! Um líder não é só de palavra, (ele) dá o exemplo! O Brasil chegou no limite da tirania. Xandão (Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Fachin. (...) Chega, o ‘pau’ cantou! Chega! Eu vou se Deus quiser, vou embora, mas deixo plantado o meu exemplo. Não se entreguem", disse no vídeo.
A operação acontece após Roberto Jefferson xingar a ministra Carmen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), de “bruxa” e compará-la a uma “prostituta” após o voto favorável aos direitos de resposta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Jovem Pan. O vídeo foi publicado nas redes sociais de Cristiane Brasil (PTB-RJ), filha dele.

Após a troca de tiros, Roberto Jefferson negou ter atirado com intuito de acertar algum agente. Segundo o ex-presidente do PTB, os tiros acertaram o carro da PF e regiões próximas aos agentes.

“Eu não estou atirando em cima deles, eu dei perto, não atirei neles. Eu não atirei em ninguém para pegar”, disse Jefferson, em conversa com uma mulher, não identificada, de fundo que alertava o ex-parlamentar sobre a possibilidade de aumentar sua pena após o caso. “Eles já me humilharam muito, minha família. Eu vi minha mulher chorando e fiquei impotente. Eles pisaram nas calcinhas e camisolas dela por crime de opinião”, acusou.
Após a divulgação da gravação em que Roberto Jefferson ofende Carmen Lúcia, juristas e advogados foram ao STF solicitar a volta do ex-parlamentar à prisão. Ele está em prisão domiciliar desde janeiro, após ficar preso cinco meses no Complexo Penitenciário de Bangu, no Rio de Janeiro. Jefferson é acusado de tumultuar o processo eleitoral, atentos à democracia e ofensas a ministros do Supremo Tribunal Federal.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou pelas redes sociais que repudia o ataque a tiros promovido por Roberto Jefferson e solicitou a ida do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para acompanhar os desdobramentos da operação.

“Repudio as falas do Sr. Roberto Jefferson contra a Ministra Carmen Lúcia e sua ação armada contra agentes da PF, bem como a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição e sem a atuação do MP”, disse.

A assessoria de imprensa da Polícia Federal no Rio de Janeiro manifestou-se na tarde deste domingo, 23, sobre o episódio. Segundo a PF, "policiais federais foram à casa do alvo para cumprir ordem de prisão determinada, na data de ontem (sábado, 22), pelo STF, e durante a diligência, na manhã de hoje (domingo, 23), o alvo reagiu à abordagem da PF que se preparava para entrar na residência. Dois policiais foram atingidos por estilhaços, mas passam bem. A diligência está em andamento".