Por ulisses.valentim

São Paulo - Felipe Nasr é a próxima grande esperança brasileira na Fórmula 1. Aos 20 anos, quase 21, o piloto hoje disputa o campeonato da GP2, principal categoria de acesso, e vislumbra um lugar no circo de Bernie Ecclestone já para o ano que vem.

Embora brigue pelo título da GP2 em seu segundo ano na competição, Nasr ainda sonha com a inédita vitória. O brasileiro pontuou em 13 de 14 corridas e é o vice-líder, com 129 pontos, seis a menos que o italiano Stefano Coletti. Fã de Ayrton Senna, o piloto apresenta grande regularidade, curiosamente característica de Alain Prost, maior rival de seu ídolo.

De férias no Brasil enquanto as corridas não voltam – o que ocorrerá somente no final de semana dos dias 24 e 25 de agosto, Nasr falou ao iG Esporte sobre o que espera do restante do ano de 2013 e a respeito da expectativa de entrar na F1. Ele analisou ainda a situação vivida por Felipe Massa na categoria principal e criticou jovens pilotos que conseguem vagas em testes apenas graças ao dinheiro:

Felipe Nasr mira a Fórmula 1 em 2014Divulgação

Confira abaixo a entrevista completa com Felipe Nasr:

Você diz que Ayrton Senna é seu piloto favorito. De onde vem tal admiração? Qual a característica dele que mais te agradava?
Felipe Nasr: Vem das histórias que escuto e dos vídeos que tive oportunidade de ver, sua combatividade e o fato de sempre acreditar no seu potencial.

Você disputou também a Fórmula 3 inglesa. Se inspirou em Senna para traçar seu caminho rumo à F1?
Felipe Nasr: Não, isso não. Os tempos são muito diferentes a estrutura do automobilismo mudou demais. O meu caminho é aquele meu mesmo que tracei junto com a minha família.

Você ainda não venceu, mas está na briga pelo título da GP2 graças a sua regularidade. O que falta para sua primeira vitória na categoria? Acha que é possível ser campeão?
Felipe Nasr: Isso mesmo, ainda não venci. Mas estou na briga pelo Campeonato. Acho que falta muito pouco. Agora, essa obsessão por uma vitória não pode atrapalhar a luta por um título que é muito possível, sim.

Não é curioso que esta regularidade tenha sido uma característica justamente do maior rival de Senna, Alain Prost?
Felipe Nasr: O Prost foi um dos pilotos mais inteligentes e capazes que já apareceram. Entender de fato para acertar e desenvolver o carro, marcar pontos em quantidade. Seus quatro títulos mundiais são a melhor prova disso, da regularidade aplicada com inteligência.

Felipe Nasr em ação pela GP2Divulgação

Não tivemos pilotos do Brasil nos testes para jovens em Silverstone. Por que temos hoje apenas um piloto brasileiro na F1 e um com condições reais de ingressar lá?
Felipe Nasr: Com a atual estrutura da F1 é sempre preciso dinheiro para conseguir e guardar o seu lugar. Quem tem dinheiro sobrando, que garanto para você que não é o meu caso, sai comprando assentos na F1. Gastar um monte para fazer um dia só, que jamais foram suficientes para testar ninguém, não é a maneira mais inteligente de aplicar a sua verba. E se temos poucos pilotos a culpa é das categorias de base que não formam candidatos suficientes, e, antes de mais nada, bons.

Muitos especialistas reclamam da falta de investimento por parte da CBA. Como você vê esta questão e o futuro do automobilismo brasileiro?
Felipe Nasr: Essa é uma questão na qual não quero me meter. Só pode falar quem conhece a fundo a situação e eu estou muito longe para poder julgar e dar palpite.

Como avalia a atual fase do Felipe Massa na Ferrari? Pensa que ele ainda tem lenha para queimar na F1?
Felipe Nasr: Agora virou moda todos quererem analisar o Massa. Gente, o cara está lá na Ferrari tem um tempão, já quase foi campeão do mundo. Mas teve aquele acidente que acabou atrasando a vida dele. Acho que ele tem, sim, muito lenha pra queimar na F1. Tem muito o que ensinar ainda.

Em sua opinião, qual o melhor piloto na atualidade?
Felipe Nasr: Sempre gostei muito do Fernando Alonso, do Kimi Raikkonen e do Sebastian Vettel. Se pudesse existir uma mistura deles, seria o piloto ideal.

Dizem que há muita política na F1. Na GP2 você sente o clima do paddock semelhante ao da F1 ou é diferente?
Felipe Nasr: Política existe em todos os lugares. Na feira e no supermercado, na pequena clínica e na multinacional, no clube e na seleção. Isso é da vida. Não sei como é o clima da F1 porque ainda não o frequentei, mas acho que é tudo uma questão de costume. Você se acostuma ao ambiente e pronto. Para mim foi assim na Fórmula BMW, na Fórmula 3 Inglesa e está sendo assim GP2 desde que comecei aqui no ano passado apenas.

Como estão as negociações para sua entrada na F1? Acredita que poderá estar lá no ano que vem?
Felipe Nasr: Quem cuida de todas as negociações é meu Manager o Steve Robertson e nós combinamos que só iríamos falar disso depois que eu terminar o Campeonato da GP2 como campeão. É nisso que tenho que acreditar e é nisso que tenho que trabalhar.

Mas você vê que a próxima temporada seria a ideal para isso?
Felipe Nasr: Seria a sequência natural. Depois de dois anos na GP2, acho que não seria interessante fazer mais uma temporada aqui. Então penso que 2014 será o momento ideal para ir à Fórmula 1.

Reportagem de Pedro Taveira

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