Por fabio.klotz

Rio - Os tempos de glórias ficaram no passado, quando os quatro grandes clubes disputavam o Carioca e contavam com jogadores como Oscar Schmidt, Pipoka, Sandro Varejão, Rogério, Demétrius, entre outros. A realidade agora é um Estadual com apenas três times: Automóvel Clube de Campos, Flamengo e Macaé. Destaques da competição que começa nesta sexta-feira, Marcelinho Machado e Arnaldinho também vivenciaram a época em que o torneio tinha mais glamour.

Marcelinho relembrou tempos de glória do CariocaDivulgação

"É um campeonato importante que infelizmente está esvaziado. Eu pude viver o Carioca com quatro times de futebol, os quatro jogando as quartas de final do Brasileiro. Eram quatro times fortes. Gostaria que esta época voltasse", disse Marcelinho, ala do Flamengo. Ele tenta explicar por que o Carioca foi perdendo força aos longo dos anos:

"É uma pergunta que para se responder corretamente demoraria muito tempo, porque eu vou falar sobre planejamento. Eu estive em duas equipes, Fluminense e Botafogo, que íamos degrau a degrau a cada ano, o Botafogo principalmente. Saímos de sétimo lugar no Nacional para um quinto lugar, depois para um terceiro lugar, sendo que se classificou em primeiro, e depois o time acabou. Eu acho que isso é falta de planejamento, mas ao mesmo tempo era falta de incentivo também. Hoje temos uma facilidade, que é a lei de incentivo, os clubes podem buscar, junto às empresas, patrocínios de uma forma mais tranquila, pois essas empresas não precisam desembolsar o dinheiro, podem descontar em impostos. Fica a expectativa de que essas equipes possam voltar. Talvez fique a sensação de que pelo o Flamengo ter um time de ponta e investir muito que essas equipes tenham de voltar para bater de frente. Eu, sinceramente, não vejo desta forma. Elas poderiam voltar com um projeto de médio a longo prazo para que a gente possa ter novamente e eternamente um Carioca de alto nível."

Arnaldinho é outro a lamentar a atual situação do Campeonato Carioca.

"É triste. O próprio Automóvel Clube se programou para jogar um campeonato com sete equipes. Em cima da hora tudo mudou e agora são três equipes. Fica difícil você vender um campeonato assim", afirma. O ala de Campos também vê a queda do Carioca com a ausência dos grandes clubes de futebol e vai além:

Arnaldinho em ação por CamposDivulgação

"Não sei se estou certo, mas o que atrapalhou muito foi a CPI do Futebol (em 2001). Naquela época os clubes recuaram financeiramente, toda aquela vontade de investir deu uma diminuída. Vasco e Botafogo saíram... Deu uma quebrada. Eu vejo que o basquete carioca necessita dos clubes de futebol, é a história. O nosso basquete é de clube, não temos mentalidade de escola. Hoje, até o garoto vai crescendo e não tem espelho e não tem o adulto competitivo. Os atletas que estão começando vão procurar outros centros, São Paulo, Minas, por exemplo. Aos poucos vamos retomar este amor pelo jogo, com pés no chão. Não pode apenas injetar dinheiro e não ter um projeto a longo prazo."

Macaé e Campos despontam como esperança no Rio

Macaé e Automóvel Clube de Campos têm a missão de impedir mais um título do Flamengo, atual octacampeão. O primeiro já se garantiu no cenário nacional e vai disputar o NBB 6. O clube de Campos também mira a principal competição do país.

Reforçado por Duda, Fred, Torres, Márcio Dornelles e Romário, o Macaé está otimista para o Estadual.

"Nossa preparação tem sido a melhor possível. Estamos treinando há mais de dois meses, fizemos amistosos para chegar ao Carioca com entrosamento um pouco melhor. Estamos no caminho certo. A equipe está preparada para o Carioca", disse o ala Duda.

Duda é um dos reforços do Macaé para a temporadaDivulgação

O Campos aposta em conhecidos do basquete carioca. Além de Arnaldinho, o ala Lima e o ala-pivô Casé estão no time, que aposta na união para surpreender.

"Eu destaco o conjunto, conseguimos encaixar jogadores com um mentalidade de grupo boa e isso vai ser o nosso diferencial", avisa Arnaldinho.

Para Duda, o fato de o Macaé ter começado a pré-temporada primeiro pode ser um diferencial para a equipe. O clube chegou a disputar, como convidado, a 1ª fase do Mineiro.

"Exatamente por estar mais tempo se preparando, estamos com mais ritmo de jogo, que faz diferença. A equipe do Flamengo, do meu ponto de vista, é a mais forte do país, mas não é imbatível. Jogamos de igual para igual com o Uberlândia, vice-campeão do NBB, perdemos no detalhe. Mostramos que temos qualidade", analisa o ala.

Técnico do Flamengo reconhece favoritismo e elogia os rivais

O Flamengo reconhece o papel de favorito ao título, mas não espera tranquilidade no Estadual. O time vai ter de superar alguns problemas, como falta de ritmo de jogo, menos tempo de preparação e até desfalques, Marquinhos e Marcelinho dificilmente vão jogar a estreia contra Campos, nesta sexta-feira, às 19h, na Gávea.

José Neto tenta levar o Flamengo ao título do NBBDivulgação

"Sempre que o Flamengo entra em quadra a expectativa é de vitória. Vindo de uma temporada vitoriosa, essa expectativa aumenta ainda mais. Todos nós somos conscientes disso, mas também somos conscientes de que estamos fazendo uma preparação para mais uma temporada vitoriosa. Neste momento agora estamos longe do nosso ideal. Esse é o risco que temos de tomar. Não podemos fazer tudo ao mesmo tempo. Vamos fazer o máximo, claro, independentemente da nossa condição, dos jogadores que estão em quadra e disponíveis para jogar estas primeiras partidas, vamos fazer o máximo para o Flamengo continuar este time vencedor", diz José Neto, que faz elogios aos rivais:

"Campos está querendo voltar no cenário depois de um tempo afastado. Ganhou até um título carioca em cima do Flamengo num passado bem recente (em 2003). Agora está voltando, trouxe jogadores experientes, atletas que jogaram campeonato nacional por outras equipes. É a primeira parte do investimento de Campos para que depois possa jogar uma Copa do Brasil. Eles têm objetivos, não estão jogando por jogar, não montaram uma equipe para o Carioca, montaram uma equipe para a temporada. Isso é bastante interessante. O time de Macaé, na minha opinião, vai ser uma das gratas surpresas do NBB, foi uma das equipes que mais investiu na temporada, trouxe excelentes jogadores, fez um investimento não só em jogadores, mas em estrutura. Então está construindo uma estrutura sólida, na qual o basquete, acredito, vai durar por um certo tempo. Acredito que vai ser uma das gratas surpresas não só do Carioca, mas do NBB, e um páreo duríssimo para nós."

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