Por bernardo.argento

Rio - O sobrenome que deu início à vitoriosa história do Brasil na Fórmula 1 surge como esperança de salvação do futuro do país na categoria. Quarenta anos depois de Emerson Fittipaldi conquistar o bicampeonato, seu neto, Pietro, deu o primeiro passo para seguir o mesmo caminho e já se prepara para chegar à F-1 em três anos.

Campeão da F-Renault inglesa com duas etapas de antecedência, com 10 vitórias em 13 corridas, Pietro Fittipaldi, de 18 anos, não nega o sobrenome que tem. Em uma família ligada à velocidade, não demorou a seguir os passos do avô, do bisavô (Wilson, o barão), do tio-avô (Wilson) e dos tios (Christian e Max Papis). Aos cinco anos começou a andar de kart e sagrou-se tricampeão nos Estados Unidos.

“Estou acostumado. Não tive pressão da família, corro porque gosto. Meus tios corriam na Nascar e eu ia com eles. Aí comecei a gostar”, relembra.

Pietro Fittipaldi já se destacou na F-Renault inglesaDivulgação

A paixão pela velocidade ficou séria em 2011. Nascido em Miami, Pietro arriscou-se nas divisões inferiores da Nascar e precisou se mudar para a Carolina do Norte. Sacrifício que valeu a pena: aos 15 anos, tornou-se o primeiro latino-americano campeão. Então, decidiu buscar o sonho de correr na Fórmula 1.

“Desde pequeno eu tinha o sobrenome. Claro que abriu muitas portas, mas sou como qualquer piloto: sonho fazer boa carreira, chegar à F-1, ganhar corridas e conquistar o título. O caminho é muito difícil”, disse Pietro, que já traça planos para chegar à F-1. “O próximo passo pode ser a F-3 ou a F-Renault europeia. Depois a GP2. Estou perto.”

Dos EUA à Europa, Pietro entrou no programa de formação de pilotos do bilionário Carlos Slim, que revelou Sérgio Perez e Esteban Gutierrez. Sem experiência com carros de fórmula, correu na F-4 e na F-Renault em seu primeiro ano: “Comecei do zero, tive de aprender quase tudo.”

Então, entrou a experiência do avô bicampeão Emerson, que tornou-se o mentor de Pietro, com dicas por telefone: “Ele está ao meu lado. Quando tenho alguma dúvida, ligo. Meu avô não entra na parte da pilotagem, faz tempo que se aposentou e os carros mudaram muito. Mas, se vou fazer um ajuste e estou em dúvida, pergunto, é muito bom para mim.”

Não é à toa que o ajuste do carro é considerado por Pietro a sua melhor característica, assim como não se acha tão agressivo para arriscar tudo na ultrapassagem. Outro ponto forte é a cabeça. Pouco conhecido dos brasileiros, ele sabe que o sobrenome e a atual fase do país na F-1 aumentam a pressão.

“Os brasileiros querem sempre ganhar e não posso me deixar influenciar”, disse Pietro, sem saber se chegará à McLaren, onde o avô foi bicampeão em 74. “A melhor situação seria poder escolher, mas não é assim. Não sei se seria melhor chegar em equipe grande ou menor.”

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