Rio - O rosto é de garoto, mas Marcus Vinicius D’Almeida já convive com uma expectativa típica de grandes nomes do esporte. Aos 16 anos, ele é apontado como esperança de medalha no tiro com arco para a Olimpíada de 2016, no Rio, e se empenha para corresponder a tudo isso. O adolescente carioca — que descobriu a modalidade em Maricá — supera há dois anos a distância de casa, revezando-se entre os estudos do Ensino Médio e os treinos em Campinas (SP), e vem colhendo frutos de sua dedicação. Tanto que, em 2014, o arqueiro apareceu entre os 10 melhores do ranking mundial e foi vice-campeão da etapa final da Copa do Mundo, em Lausanne, Suíça.
“Percebemos que ele tinha muita vontade de chegar a algum lugar. Estamos diante de um garoto muito novo, que tem uma grande possibilidade na frente. É importante que se mantenha focado, mas ele tem os pés no chão. É um menino especial”, elogia o coordenador-técnico da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (Cbtarco), Eros Fauni.
Marcus Vinicius começou na modalidade aos 12 anos, em Maricá, onde mora a sua família e onde funciona um centro de treinamento da Cbtarco. “Na reunião de pais da escola, avisaram que a confederação era em Maricá e fui conhecer. Fui me apaixonando aos poucos pelo esporte”, conta ele, que deixou a mãe, Denise, apreensiva ao se mudar para treinar no CT de Campinas, há dois anos. “Foi uma mistura de felicidade, orgulho e preocupação. Mas, como ele sempre foi tranquilo, não tinha o direito de dizer não”, lembra Denise.
Quatro anos após o primeiro contato com o esporte, Marcus Vinicius festeja conquistas. Em agosto, quando já apresentava resultados expressivos no cenário internacional e ocupava a nona colocação no ranking mundial adulto, foi porta-bandeira do Brasil na Olimpíada da Juventude de Nanquim. “Foi uma experiência única. É uma honra carregar a bandeira do país. É difícil descrever a sensação”, diz ele, que saiu da China com a prata.
Seus feitos não pararam por aí. Em setembro, disputou a final da Copa do Mundo, que reúne os oito melhores arqueiros na temporada e, pela primeira vez, contou com a participação de um brasileiro. De longe, a mãe vibra com as conquistas de Marcus Vinicius. “Quando ele compete lá fora, fico acompanhando e torcendo pela internet”, conta Denise.
O carioca brilhou como segundo colocado em Lausanne, atrás apenas do americano Brady Ellison, nove anos mais velho do que ele e tricampeão da competição. A presença entre os 10 melhores do ranking mundial em 2014 também foi muito festejada. “Quando abri o site da Federação Internacional e vi meu nome e o Brasil no top 10 do mundo foi demais. Fiquei muito feliz”, revela.
Mas o objetivo maior é mesmo a Olimpíada do Rio. “É o sonho dele e acaba se tornando o meu. Mas é tanta coisa boa que estou curtindo o que está acontecendo agora. Não cobro dele a medalha’”, ressalta a mãe, muito orgulhosa pelos feitos de Marcus Vinicius: “Não é porque é meu filho, mas você vê um menino de 16 anos com muita determinação. Admiro isso nele.”