Por fabio.klotz

Rio - Clássicos são sempre imprevisíveis, mas este ano, pelo absoluto equilíbrio por baixo, que envolve até grandes e pequenos, é quase impossível apontar favoritos. Talvez apenas vantagens teóricas concedidas pelo regulamento ou pela evolução recente dos finalistas. Apesar do mico contra o Nova Iguaçu, o Flamengo é ainda o melhor dos quatro, mas terá de jogar dentro de suas possibilidades. Não poderá repetir uma certa acomodação de alguns jogos e Vanderlei faria bem se definisse logo um time-base porque até agora ninguém sabe qual o time titular. Isso reflete também as boas possibilidades do elenco rubro-negro, mas pode atrapalhar.

Flamengo de Marcelo Cirino é o melhor, mas não poderá repetir certa acomodaçãoErnesto Carriço

O Vasco anda em queda e terá de suportar o estigma de vice. O Botafogo está no embalo, pode se impor na vontade e joga bem no erro do adversário. E o Fluminense não se recuperou ainda de suas perdas e ainda vive um momento depressivo com Fred problemático, titulares em baixa e Walter saindo.

Lei de responsabilidade fiscal sinaliza mudanças

A decisão do Conselho Deliberativo do Flamengo de aprovar a lei de responsabilidade fiscal é um belo avanço no futebol brasileiro. Agora e nas próximas administrações, dirigentes terão que se responsabilizar por eventuais rombos no patrimônio do clube. Muitos grandes do Brasil estão de pires na mão, muito pela irresponsabilidade dos cartolas. Agora eles pagarão por seus desatinos.

Fiasco histórico

A Taça Guanabara tem uma importância relativa e cada vez menor. Mas os acontecimentos da última rodada tornaram a deste ano inesquecível. O Flamengo irritou sua torcida pela forma como não soube derrotar um adversário tão limitado. Demorou a entender que deveria jogar com todo o empenho desde o início e só acelerou no fim quando já havia pressão e nervosismo. O Flamengo é melhor do que os outros, mas não muito, e não pode confiar demais nisso.

Fluminense em transe

O Fluminense atravessou diferentes fases neste Carioca quase chegando ao fundo do poço em determinados momentos ou dando a impressão de que poderia lembrar os bons tempos recentes. Mas, apesar da dramática classificação, terminou mal, sem padrão de jogo e com um certo desencontro interno. Drubscky não teve tempo de impor seu estilo com o legado de Cristóvão. E a diretoria parece mais interessada em tapar o rombo financeiro e romper de vez com a Ferj.

O sobrenatural

Os torcedores do Botafogo são naturalmente pessimistas pelos sofrimentos vividos. Mas, na questão da superstição, o clube protagoniza acontecimentos bons e ruins e, particularmente com o Flamengo, a lista de bizarrices é longa desde o longínquo jogo do senta, passando por goleadas fantásticas, vitória de reservas, decisões perdidas e recuperadas até aquela cavadinha do Loco Abreu. Por isso, o suspense desta Taça GB, mesmo indireto, se inscreveu no drama histórico.

O Sal da terra

No atual panorama de cinema, o documentário globalizado de Wim Wenders com inspiração e produção brasileiras destaca-se. Aliás, o cinema nacional, fraco na ficção, com suas comédias de baixo nível, aparece muito bem quando envereda pelo documentário, incluindo as excelentes biografias musicais, como as de Simonal, Cazuza e Tim Maia. "Sal da terra", com belas imagens, mostra a riqueza do acervo de Sebastião Salgado e mercece ser visto em uma sala de cinema.

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