Por pedro.logato

Rio - Não se pode reclamar que faltaram suspense e emoção na última rodada da Taça GB. O título inesperado do Botafogo premiou a humildade e o esforço coletivo do time com a dose imponderável no fim — ganhou pela vantagem mínima e foi favorecido pelo único empate do Flamengo que lhe interessava. O Fla foi apático e confuso em Macaé e nem parecia o time vitorioso do Fla-Flu. À exceção do Volta Redonda, que só resistiu ao Vasco na fase inicial, os outros pequenos fizeram jogo duro e nada do que aconteceu, apesar do Nova Iguaçu, pode ser encarado exatamente como uma grande surpresa.O Flu ficou ainda mais vulnerável porque seus garotos parecem atravessar uma fase de transição. O Madureira teve mais chances no primeiro tempo, buscou o empate, mas não resistiu no fim. Talvez o campeonato possa ser salvo pelas finais com os quatro grandes.Por enquanto, Elvis não morreu, embora aquele gol de Tomas sobre o Flamengo é que tenha decidido tudo.

Ao vencer o Macaé nesta quarta-feira%2C Botafogo conquista a Taça GuanabaraAndré Luiz Mello / Agência O Dia

PRESTÍGIO ABALADO

A Federação de Futebol do Rio (Ferj), com a adesão de dirigentes calhordas dos clubes, conseguiu tirar a importância da Taça Guanabara ao anexá-la de forma quase integral ao Campeonato Carioca, principalmente a partir da invenção dos pontos corridos na fase de classificação. A tal ponto que nas últimas semanas só se falou da luta pelas quatro vagas para as semifinais e a Taça GB acabou lembrada só no finzinho. Já a Taça Rio foi, na prática, liquidada há muito tempo.

A RETIRADA

O técnico Muricy Ramalho se afasta por uns tempos do São Paulo e do futebol. O clube não se saiu bem de sua crise, que se arrasta há algum tempo, e Muricy anda precisando mesmo de umas férias, depois de tantos anos. E a pá de cal foi a saúde abalada, que talvez exija até uma intervenção cirúrgica. Uma paradinha boa para todos, até porque o treinador poderá voltar depois, recuperado. Dos nomes pretendidos, Sabella parece uma aposta interessante.

PREÇOS RELATIVOS

Os preços estabelecidos em R$ 60 e R$ 100 para os ingressos nas semifinais do Campeonato Carioca parecem razoáveis, embora caros para o poder aquisitivo médio do torcedor. Fazem algum sentido se for levado em conta o caráter decisivo dos jogos, embora parte do valor seja destinado a encargos bizarros e aos cofres da Federação de Futebol do Rio. Infelizmente, a partir do advento das arenas, o futebol tende a se elitizar e vem mudando o perfil do torcedor. Lamentável.

O FATOR EIKE

A cidade e o esporte acreditaram que o ex-milionário Eike Batista poderia ajudar em projetos e eventos, mas deram com os burros n’água. A antiga sede do Flamengo no Morro da Viúva está invadida e em ruínas; a Baía de Guanabara mistura água e lixo e pode ser um grande mico olímpico; o Hotel Glória e a Lagoa Rodrigo de Freitas sofreram. Flamengo e Botafogo esperavam investimentos de Eike, mas viram que é melhor planejar sério do que apostar em mecenas.

TAÇA GUANABARA JÁ VIVEU TEMPOS GLORIOSOS

Quando o Brasileiro ainda era um sonho, as competições locais no Rio e em São Paulo se destacavam. A criação da Taça GB nos anos 60 foi um sucesso comparável ao próprio Estadual — com decisões inesquecíveis, como a de 68 entre Botafogo e Flamengo. O tempo diminuiu um pouco a sua importância, assim como a do Estadual, mas a fórmula anterior, que previa decisão entre dois grupos no primeiro turno, garantia emoção e a nostalgia de bons tempos. A era Rubinho triturou tudo.

Você pode gostar