Por paulo.gomes

Rio - Do calor e clima tropical do Rio de Janeiro para a fria e gélida Moscou. Foi esse o caminho feito por Rômulo em 2012 quando escolheu trocar o Vasco pelo Spartak. Três anos depois e muitos percalços, o volante é um dos principais nomes do clube de maior torcida do país e alimenta o sonho de voltar a representar a Seleção na Copa de 2018, com a sensação de jogar "em casa".

Rômulo foi chamado na era Mano Menezes na Seleção e chegou a disputar a Olimpíada em 2012Divulgação / CBF

"Acho que sim. Já tenho tempo um tempo aqui, uma conexão com a torcida, seria como se estivesse jogando em casa. Infelizmente não pude jogar na Copa no Brasil. Seria especial jogar aqui", afirmou o jogador que também disse que a estrutura do país está praticamente pronta para receber o evento.

"Em relação a estrutura será uma bela Copa do Mundo. O estádio do Spartak, por exemplo, já está pronto para receber jogos e no padrão do torneio. Tem mais outras arenas que estão em reforma e estão quase prontas. As estradas foram feitas muitas obras, porque antigamente o trânsito era pesado, mas já está muito melhor. Tenho certeza que dará tudo certo na Copa", disse.

Após as dificuldades no início%2C Rômulo diz que ele e sua família já estão adaptados à RússiaDivulgação

Apesar de já estar adaptado ao país e a vontade no Spartak, Rômulo sonha com vôos maiores na Europa. Em dezembro, o volante teve seu nome especulado como suposto reforço do Arsenal, mas a negociação não evoluiu. Mesmo com o fracasso, o jogador revela a vontade de jogar na Inglaterra.

"Eu tenho esse sonho de jogar nos campeonatos mais vistos como o Campeonato Inglês. Seria bem interessante atuar lá, é bem mais visado, você aparece mais até mesmo em questão de Seleção. Jogar seria uma sonho. No fim do ano, eu soube das especulações, mas não chegou nada concreto. Não fico me preocupando muito com isso e procuro fazer meu trabalho bem feito para poder ter as chances".

Em 2012, Rômulo esteve no elenco que acabou com a medalha de prata na Olimpíadas de Londres e na época de Mano Menezes chegou a ser lembrado em algumas convocações da Seleção, inclusive marcando um dos seus dois gols com a Amarelinha no clássico com a Argentina. Ele revelou que o ambiente na Amarelinha é diferente e diz ter muita vontade de voltar a representar seu País.

"Tenho muita vontade. Seleção é diferente, É muito bom de jogar lá, o ambiente é diferenciado, é aonde todo jogador quer estar.Tive alguns momentos como a Olimpíada e agora preciso fazer meu trabalho bem feito para ter outra oportunidade de mostrar que posso ajudar por mais tempo", analisa.

Confira outros trechos da entrevista:

Adaptação à Rússia

O início foi bem difícil por causa da língua e do frio. Era tudo diferente para mim e a minha família. Hoje está tudo mais tranquilo, eu me adaptei e eles também. Isso é o mais importante e eu estou muito feliz por isso. Já consigo tirar as dificuldades de letra e me viro bem na hora de falar russo.

Campeonato Russo e cobrança da torcida

O Futebol é muito diferente, No Brasil é mais solto, ousado. Aqui é muito mais tático. Você precisa seguir o que o técnico pede a risca. O treino é sempre com foco em posicionamento, papel em campo, muito diferente do Brasil onde é mais solto, mais focado em jogador e dar liberdade para o jogador. Fora de campo a pressão é grande, os torcedores são apaixonados. O Spartak tem a maior torcida do país, então a cobrança é sempre maior. Nunca tive problema com torcedor. Sempre me dei bem com todos e fui muito bem tratado pelos fãs.

Preconceito

Nunca sofri nenhum tipo de preconceito direto, mas já vi acontecer com alguns amigos, pessoas mais próximas de mim. Ainda bem que nunca me aconteceu, confesso que não sei nem como eu reagiria se acontecesse. É uma coisa muito triste que infelizmente continua acontecendo aqui na Rússia. Não pode existir, no futebol já acabou há muito tempo e as pessoas deveriam entender isso.

Briga por vaga na Liga Europa e desempenho individual

Eu comecei a segunda parte da temporada jogando bem, mas acabei sofrendo uma lesão na panturrilha que me tirou de alguns jogos e voltei a campo agora. Já são seis jogos seguidos e o time tem evoluído. A equipe teve dificuldades na temporada, mas voltou a se encontrar em campo. Fomos bem nas últimas partidas, ganhamos alguns jogos e estamos na briga por uma vaga na Liga Europa.

Continua acompanhando o Vasco de longe?

Acompanho sempre que posso, vi a final do Carioca e comemorei o título. A equipe foi bem na Competição. Tem tudo para melhorar na temporada e fazer uma boa campanha no Brasileiro. A volta do Eurico ao comando do clube deu uma cara nova ao Vasco. Acho que a equipe tem potencial para brigar por uma vaga na Libertadores. Infelizmente não tem mais nenhum companheiro da minha época, mas estou sempre ligado no clube. Tenho um carinho muito grande pelo Vasco.

Sonha em voltar?

Quem sabe no futuro posso reencontrar com a torcida do Vasco, voltar a entrar em campo em São Januário, seria especial. Tenho muita admiração e carinho pelo clube. Se hoje sou jogador, devo muito ao Vasco. Eles fizeram muito por mim no início da minha carreira e sempre serei grato por isso.

Reportagem de Edsel Britto

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