Por victor.abreu

Portugal - A expressão "evoluir na Europa", usada para jogadores que teoricamente precisam sair do Brasil para colocar em prática seu potencial, já virou lugar-comum, mas não deixa de ser uma visão acertada sobre Casemiro. Em pouco mais de dois anos, o volante passou da instabilidade e das críticas no São Paulo, clube que o revelou, a opção do técnico Dunga para a seleção brasileira que disputa a Copa América em julho, no Chile - os convocados iniciaram a preparação na última segunda-feira, na Granja Comary, em Teresópolis (RJ).

Casemiro pelo Porto: 41 jogos e quatro gols nesta temporadaDivulgação

“No futebol, se você estiver disposto a aprender e a evoluir, você acaba desenvolvendo muitas coisas positivas no trabalho diário, seja taticamente ou tecnicamente. Eu procuro absorver ao máximo os ensinamentos que recebo dos meus treinadores, por isso é natural que eu tenha amadurecido e evoluído bastante na Europa, assim como também aprendi com os grandes treinadores que tive no Brasil. O futebol europeu é mais rápido, mais dinâmico, você precisa tomar as decisões em questão de segundos. Aos poucos, você vai se adaptando e evoluindo. Pessoalmente, a experiência também tem sido muito válida, tanto para mim quanto para a minha esposa. Conhecemos novas culturas, novos lugares. É um aprendizado diário”, avaliou Casemiro em entrevista ao iG, por e-mail, antes de se juntar à seleção brasileira em Teresópolis.

Visto desde as categorias de base como um volante moderno, capaz de defender e ir ao ataque com a mesma eficiência, Casemiro ganhou avaliações de menos prestígio quando passou a ter chances no elenco principal, especialmente em 2012. "Marrento" e "preguiçoso" eram reclamações corriqueiras dos são-paulinos. Em janeiro de 2013, foi negociado com o Castilla e chegou a ser utilizado pelo então técnico José Mourinho no time principal do Real Madrid. Emprestado ao Porto, ele se firmou justamente por ser a única peça mais defensiva no meio de campo montado pelo técnico Julen Lopetegui.

“Na Europa eu faço uma função um pouco diferente da que eu fazia no São Paulo. No Porto, sou um volante mais marcador, fico à frente dos zagueiros. No São Paulo, eu jogava mais solto, tinha mais liberdade para atacar. Para mim, essa mudança foi ótima, pois hoje eu me sinto preparado para jogar tanto de uma forma quanto de outra. Hoje em dia, não há mais espaço para volante que só sabe marcar ou só atacar. Preciso ter consciência tática, saber proteger o meio de campo, desarmar o adversário, mas também tenho que saber sair para o jogo, ter bom passe, chutar de fora da área”, avaliou o jogador, autor de quatro gols nos 41 jogos que disputou pelo Porto nesta temporada.

“Com o tempo, a gente vai amadurecendo, ficando mais confiante e ciente do que fazer em campo. Eu nunca deixei de trabalhar e batalhar, nunca desanimei nos momentos ruins, sempre acreditei que poderia dar a volta por cima. Tudo que conquistei até hoje foi fruto de muita dedicação diária, nos treinos, nos jogos. Sou muito jovem ainda, tenho 23 anos, por isso é normal olhar para trás e ver que passei por alguns altos e baixos. Mas foram muito mais momentos bons. Joguei por São Paulo, Real Madrid, Porto, seleção brasileira... Eu não teria conseguido tudo isso se não tivesse me dedicado tanto diariamente. Mas tenho muito a conquistar e a almejar ainda, por isso vou continuar trabalhando duro, sem me acomodar nunca", completou.

Casemiro deixou o São Paulo rumo ao Real Madrid. Volante atuou na equipe B dos Merengues e foi promovido ao time principal antes de ser emprestado ao PortoEfe

A boa fase fez o clube português acionar o Real Madrid sobre a preferência de compra, mas os espanhois também pretendem avaliar a volta do jogador, a depender da vontade do novo técnico, ainda não anunciado. Segundo o site Transfermarkt, o valor de mercado do volante brasileiro é de 7 milhões de euros, ou cerca de R$ 24 milhões. E a preferência de Casemiro, qual é? “Meu futuro ainda não está definido. Sinceramente, agora estou com a cabeça voltada para a seleção brasileira, motivado a fazer uma grande Copa América.”

Na seleção brasileira, Casemiro ganhou chances de Dunga nos dois últimos amistosos de 2014, contra Turquia e Áustria, e desbancou Souza na preferência do técnico entre os volantes que serão utilizados na Copa América. "Estou disposto a contribuir da maneira que o Dunga achar melhor. Ele conhece bem o meu futebol, é estudioso, acompanha diversos jogos do mundo inteiro e, com certeza, sabe a melhor maneira de me aproveitar", disse o jogador, enquanto espera por qual clube trabalhará para se manter em ascensão.

Reportagem de Thiago Rocha para o iG

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