Rio - Por muito tempo, Muriqui foi o grande sonho de contratação do sheik Mohammed bin Hamad Al Thani. Foram várias propostas e nunca as três partes (jogador, Al Sadd e Guangzhou Evergrande) chegavam a um acordo. O atacante era o rei da China, maior artilheiro da história do Guangzhou (77 gols em 133 jogos) e um dos primeiros brasileiros a atuar no país, em 2010. Campeão de tudo, Muriqui precisava de novos ares e chegou ao Al Sadd, do Catar, em julho de 2014. O que era sonho na Ásia virou um grande pesadelo no Oriente Médio. Dois meses após sua chegada, uma contusão muscular o tirou dos gramados por nove meses e Muriqui pensou no pior.

“Passa um monte de coisas na cabeça. Um filme. Passou pela minha cabeça não conseguir mais jogar. Aos poucos consegui voltar. Agora, estou bem próximo do ideal”, diz Muriqui, que passou por maus bocados em 2014.
“Fiquei nove meses sem jogar. É difícil. Em um primeiro momento falavam que era uma lesão simples, mas parecia que não iria acabar. Fiz uma cirurgia de hérnia, no adutor e ainda sentia dor. A família ajudou muito. Aprendi demais com aquele momento”, revela o atacante, que marcou seu primeiro gol na volta, em março.
Na volta aos campos, logo ganhou uma grande companhia. O Al Sadd contratou o espanhol Xavi, que fez história no Barcelona. E o entrosamento entre os dois é o melhor possível.
“É bacana para todo mundo. O Xavi venceu quase tudo na carreira. Ele passa experiência para o nosso time e conta coisas que aconteceram na sua carreira. É preciso assimilar”, explica, humildemente, revelando que o meio-campo não tem problemas para falar do time catalão: “Ele é um cara gente boa. É humilde, fala com todo mundo. Responde muito sobre o tempo que jogou no Barcelona. O tempo todo perguntam isso para ele, mas ele interage com todo mundo na boa.”
Já são dez gols em 18 partidas pelo Al Sadd, mas Muriqui não se ilude quando o assunto é Seleção, mesmo após as convocações de Everton Ribeiro (Al Ahli) e Diego Tardelli (Shandong Luneng).
“É impossível. Por mais que o Dunga tenha convocado alguns jogadores que atuam na China e nos Emirados Árabes tem uma desconfiança muito grande. O cara faz um monte de gols, mas acham que só fez porque é na China. Hoje já não penso mais na Seleção. Quando fui para a China foi quase descartando. Mas estou tranquilo porque procurei o melhor para a minha família”, disse Muriqui, que não se arrepende de ter trocado um lugar onde era ídolo pelo Catar.
“Por mais que o futebol aqui não seja de um nível tão elevado, vale a pena. Aproveito muito a família. Na China, viajava muito. Estava sempre concentrado. Um dos motivos pelos quais optei pelo Catar é que aqui era mais central. Não tinha que viajar tanto para jogar”, afirma.