Rio - Com a proximidade da Paralimpíada de 2016, o Clube Esperia, em São Paulo, tornou-se uma das poucas opções para a preparação dos paratletas e surge como oásis no meio do deserto. Na última semana, a direção do clube anunciou que disponibilizará as instalações para cinco modalidades: atletismo, basquete em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco e vôlei sentado. Toda essa infraestrutura sem apoio e patrocínio de ninguém.
“Todos os recursos são próprios, não temos patrocinadores ou recursos de leis de incentivo. O que poderemos em breve obter serão recursos da Confederação Brasileira de Clubes a serem utilizados na aquisição de equipamentos e materiais esportivos, mas não para custear o quadro técnico e de suporte", disse o presidente Armando Perez Maria.
Apesar do anúncio das cinco modalidades, o clube na Zona Norte de São Paulo já vem com projeto paralímpicos há pelos menos quatro anos, inclusive sediando eventos nacionais, entre eles os Jogos Nacionais Escolares Paralímpicos.
"O clube já vem há quatro anos com um programa de futebol para deficientes visuais, e durante dois anos sediamos os Jogos Nacionais Escolares Paralímpicos. Também, desde 2013, temos cedido nossos espaços para treinamento da seleção brasileira de vôlei sentado, na preparação para participação em campeonatos internacionais, como no último Parapan-americano. E temos uma parceria com a Federação Inglesa de Basquetebol cadeirantes, masculina e feminina, que em 2014 e 2015 utilizaram nossas instalações para uma pré-aclimatização visando aos jogos de 2016", afirmou o mandatário.
Além do atletismo, basquete em cadeira de rodas, tênis em cadeira de rodas, tiro com arco e vôlei sentado, o clube também gostaria de abrigar mais modalidades em suas instalações, mas por enquanto o projeto do Clube Esperia é capacitar e formar, além dos atletas, treinadores e profissionais para qualificar a mão de obra do esporte.
"Gostaríamos de implantar mais modalidades, mas reconhecemos que devemos dar um primeiro passo, precisamos formar não somente atletas, mas técnicos, profissionais que acompanhem estes atletas nas suas necessidades. Estamos começando e sabemos que em breve teremos novas modalidades. Somente o fato de darmos divulgação nos ajuda na identificação de possíveis novos potenciais", explicou.
Entre os paratletas que utilizam as estruturas do clube está Sivaldo de Souza, 23 anos, que disputa a categoria T13 do atletismo nos 800m rasos. Líder do ranking brasileiro, ele acredita que a Paralímpiada deixará um legado para o esporte e para o Brasil: “É a chance que mais pessoas terão de conhecer melhor o esporte paralímpico.”
Após o ótimo desemepnho do Brasil no ParaPan, onde liderou o quadro de medalhas com 257 medalhas, sendo 109 de ouro, a expectativa é que o País consiga melhorar sua classificação no Rio-2016 e Sivaldo aposta em até mesmo com a delegação brasileira disputando o Top-3 da competição: "Hoje o Brasil briga para ser o Top 5, mas se depender de mim e de todos os atletas paralímpicos brasileiros ficaremos entre os Top 3", prometeu.
Com retinose pigmentar, que causou a perda da visão, Sivaldo chegou ao atletismo há apenas três anos e começou a competir alguns meses depois. Tudo isso sem patrocínio e apoio: "Em 2012 fui indicado por um amigo em um projeto social de Atletismo do técnico Benilson Pereira e com alguns meses de treino competi minha primeira prova. A maior dificuldade é a falta de patrocínio e apoio ao atleta, especialmente os paratletas", afirmou.
*Reportagem de Edsel Britto