Por pedro.logato


Rio - Depois de alguns dias de espera, desde a confirmação pelo Corinthians da sua saída, Tite finalmente foi confirmado como novo técnico da seleção brasileira. Apresentado por Marco Polo Del Nero e ao lado do novo gerente, Edu Gaspar, e dos seus auxiliares, o técnico falou sobre o convite, que chegou no meio da preparação do Brasil para a Copa de 2018.

"Ideal é início de trabalho. As circunstâncias acontecem. Fiquei sentado numa poltrona em 2014 e não veio. Porque as coisas têm seu tempo. Veio agora, entendi que devia aceitar, por fazer parte da minha carreira estar técnico da seleção brasileira. Um objetivo pessoal e talvez o meu melhor momento profissional. Ganhando, mas perdendo muito. Coragem assumir agora.", afirmou.

Tite foi apresentado nesta segunda-feiraEfe

Com 55 anos, Tite assume a Seleção com um discurso de quem já fez muitas críticas á CBF. Apesar do acerto com a Seleção, o técnico afirmou que não houve qualquer passo atrás nos valores que segundo ele continuará defendendo no futebol.

"A minha atividade e convite feito foi para ser técnico da seleção brasileira de futebol. Entendo que essa atribuição é melhor maneira para contribuir com ideia da minha vida: transparência, democratização, excelência, modernidade, é a forma que penso e trago para o futebol. Meu legado pode falar sobre a forma com que conduzi", disse.

Tite ainda foi perguntado sobre Neymar, que recentemente fez muitas críticas a maneira como os torcedores e a imprensa reagiram a eliminação do Brasil na Copa América. O técnico não entrou em detalhes de como irá ser a sua relação com o atacante, mas disse que todos irão se unir para ajudar a Seleção.

"Não adianta eu ficar falando, porque ainda não sei como serão as coisas. O lado humano é o importante. Uma coisa eu posso assegurar é que todos querem o bem para a Seleção. Eu começo a trabalhar agora com o objetivo de potencializar o melhor caminho", opiniou.

Tite recebe de Del Nero a camisa com o nome da sua mãeEfe

Confira tópicos abordados na apresentação de Tite:

Trabalho de Dunga

É precipitado, mas dá para trazer como ideia. Aproveita-se dentro do que se entenda ser o melhor, cada um com suas ideias, mas claro que se aproveita. Sou um técnico em formação, vai um tijolinho a cada dia, aprendemos com nossos erros. Não tenho problema algum em melhorar e aprender com acertos dos outros

Derrota para o Peru

Eu estava de cabeça inchada, remoendo derrota pro Palmeiras, e não vi o jogo contra o Peru. Meu foco estava unicamente voltado ao Corinthians, triste. Remoendo a dor. me fecho no quarto, fico no meu canto e pensei no que poderia fazer de melhor. Assisti depois o gol do Peru, não vi o jogo.

Técnicos gaúchos na Seleção

Não acredito em escola gaúcha de técnicos, acredito em escola brasileira. Duas vertentes separadas, uma que premia a triangulação, organização e posse de bola, e outra mais do contato físico e bola longa. Há técnicos gaúchos das duas escolas. É a escola do seu Telê ou a do seu Ênio Andrade.

Recusa para a seleção olímpica

Era muito fácil o técnico alinhavar uma situação, prever estar na Olimpíada, e trazer louros. Se ganha, medalha de ouro. Senão tem desculpa pronta de ter assumido em cima da hora. Isso eu não faço. A prioridade é a seleção brasileira e desenvolver trabalho em cima da classificação. Preciso ajustar, estar dentro dessa situação o mais rápido possível.

Chegada de Edu Gaspar

Não deu cinco minutos da conversa, eu vim para ouvir, e presidente (Marco Polo Del Nero) colocou que pensava no Edu Gaspar para executivo do futebol. Foi iniciativa dele. Eu vim ouvir se havia afinidades na área do futebol. Não fui eu que falei, foi o presidente.

Estilo de jogo

Triangulações, troca de passes e infiltrações. De transição, perder a bola e ter iniciativa em pressão alta, média ou baixa. Organização de bola parada importante e consistente. Desafio de me reinventar. Peço que clubes me proporcionem um dia de treino e conversa com técnicos, conhecer características, como posso intervir, onde jogadores podem render.

Responsabilidade

Eu tava saindo do aeroporto, um cara falou: 'Tite, agora são 200 e tantos milhões'. Sei da responsabilidade, mas me preparei e continuo me preparando. Sei que vou pegar atletas já treinados e quero estabelecer relação com outros técnicos e jogadores.

Classificação para a Copa

O foco é classificação para o Mundial. Não estamos na zona de classificação. Acredito que trabalho vá dar condição, mas claro que corremos risco. Se não aceitar possibilidades vai fugir da realidade. Estou aqui porque o resultado não veio.

Proposta para os técnicos do Brasil

Quero acompanhar trabalho dos técnicos e vou me convidar para assistir, sem intervir, aos treinos dos clubes. Acompanhar treino, conversar com técnico e acompanhar jogo para mensurar. Técnico vai me passar o que o atleta tem e pode executar. Treinos eu não vou conseguir fazer, esse é meu grande desafio. Outro é montagem da equipe, um jogador que possa executar função e se sentir bem.

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