Rússia - Um dia antes de encarar a Rússia em jogo decisivo na luta por uma vaga nas semifinais da Copa das Confederações, na casa da rival, em Kazan, o meio-campista Andrés Guardado comemorou nesta sexta-feira o fato de que torcedores da seleção mexicana deixaram de proferir um grito considerado homofóbico que costuma ser ouvido a cada vez que o goleiro da seleção adversária cobra um tiro de meta.
Este tipo de coro se tornou frequente em jogos entre times mexicanos e passou a ser praticado também por torcedores de equipes brasileiras nos últimos anos, nos quais se tornou comum ouvir em estádios do País os mesmos gritarem "bicha" na hora da reposição de bola por parte dos goleiros. E a Fifa deixou claro antes do início desta Copa das Confederações que poderá punir seleções cujos seus seguidores exibam atitudes discriminatórias ou insultantes nesta competição que é o principal evento-teste para a Copa do Mundo de 2018.
O México enfrenta os donos da casa neste sábado, às 12 horas (de Brasília), pela rodada final do Grupo A da competição. Na liderança da chave, com quatro pontos, os mexicanos jogam por um empate para ir às semifinais ao menos como vice-líder. Este posto hoje é ocupado por Portugal, que no mesmo horário deste sábado encara a eliminada Nova Zelândia, em São Petersburgo, para também assegurar a sua classificação.
Antes de pegar os russos, os mexicanos venceram os neozelandeses por 2 a 1, na última quarta-feira, em Sochi, onde os seus torcedores não emitiram gritos homofóbicos após a Fifa advertir que os mesmos causariam punições e a Federação Mexicana de Futebol pedir para que não repetissem este tipo de atitude.
"É bom que tenham parado (os gritos) no jogo passado. A Fifa fez um esforço para identificar as pessoas (que entoam este coro polêmico), acho que tiraram (dos estádios) um par de nossos compatriotas pelo grito", afirmou Guardado.
Segundo a organização mexicana chamada Non Violence, dois torcedores do país foram expulsos do estádio que foi palco da partida contra a Nova Zelândia aparentemente por emitirem em bom som uma palavra de caráter obsceno cujo uso por parte de torcedores já provocou várias punições da Fifa à Federação Mexicana de Futebol.
E Guardado agora disse esperar que a ausência dos gritos homofóbicos também ocorra quando o México voltar a jogar no estádio Azteca na continuidade das Eliminatórias da Concacaf para a Copa do Mundo de 2018, no próximo dia 1º de setembro, contra o Panamá.
"Era o momento de tomar uma medida radical para que deixassem de fazer isso, esperamos seguir neste sentido em cada jogo em casa e que as pessoas entendam que, sim, nos ajudam muito ao deixarem de gritar isso", ressaltou o jogador que atua pelo PSV Eindhoven, da Holanda.
A entidade que comanda o futebol do México lançou campanhas com o objetivo de evitar este grito homofóbico dos torcedores em jogos das Eliminatórias da Copa de 2018, mas as mesmas não tiveram efeito e o coro de caráter discriminatório foi repetido nas partidas contra Honduras e Estados Unidos, os últimos antes da participação da seleção mexicana na Copa das Confederações.
Este tipo de grito surgiu inicialmente em Guadalajara, cidade do oeste do México, antes dos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004, se tornou muito popular durante a Copa de 2014, no Brasil, onde a seleção mexicana escapou de punição da Fifa após a comissão disciplinar da entidade entende que este insulto não estava inserido "neste contexto específico" de homofobia. No caso, o organismo entendeu que o grito não estava sendo direcionado ao goleiro de uma seleção adversária pelo fato de o mesmo ser supostamente um homossexual, mas sim com o objetivo de tornar o jogador alvo de uma brincadeira.
"Nós como jogadores pedimos aos torcedores que deixem de fazer isso, mesmo sabendo que cremos que não é ofensa (direta ao jogador alvo deste tipo de coro) e que há coisas ou palavras piores que vimos nos estádios, mas também entendo a forma como a Fifa vê isso", destacou Guardado nesta sexta.
Na estreia desta Copa das Confederações, torcedores do México foram ouvidos proferindo gritos homofóbicos quando o goleiro da seleção portuguesa, Rui Patrício, cobrava um tiro de meta, embora a intensidade tenha diminuído com o decorrer da passagem do tempo da partida, que terminou empatada em 2 a 2. O fato rendeu uma advertência ao México por parte da Fifa, que apontou a prática de uma "conduta inapropriada de um pequeno grupo de torcedores mexicanos que realizaram gritos insultantes e discriminatórios".