Campeã olímpica afirma que recebeu dinheiro em troca de silêncio sobre assédio
McKayla Maroney, atleta de ginástica dos Estados Unidos, teria recebido quantia milionária da federação esportiva para não denunciar médico
Por gabriel.santos
Estados Unidos - A federação de ginástica dos Estados Unidos enfrenta uma série de denúncias de assédio envolvendo um médico que trabalhou com a equipe feminina até 2016. Dessa vez, McKayla Maroney, campeão olímpica em Londres-2012, revelou que teve seu silêncio comprado pela entidade.
O advogado da ginasta foi a tribunal para afirmar que sua cliente assinou um contrato no valor de US$ 1,25 milhão (aproximadamente R$ 4,1 milhões) para não se pronunciar sobre os assédios de Larry Nassar, médico que se aposentou no ano passado, segundo o 'Wall Street Journal'.
Entretanto, a alegação é de que McKayla teria sido coagida a aceitar a proposta, que foi iniciada pela própria federação, em um momento de instabilidade emocional.
"Eu quero que as pessoas compreendam que era uma criança e não tinha escolha. Ela não conseguia raciocinar. Eles [Federação de Ginástica dos EUA] estavam dispostos a sacrificar a saúde e o bem-estar de uma das ginastas mais famosas do mundo porque não queriam que o mundo soubesse que eles estavam protegendo um médico pedófilo", disse o advogado.
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Em outubro do ano passado, Maroney acusou o médico Nassar de abusá-la sexualmente desde que tinha 13 anos de idade. A atleta completou 22 anos no último dia 9.
Nassar foi denunciado por outras atletas da seleção, como Gabby Douglas e Aly Raisman. Os pronunciamentos foram incentivados pela federação em nota oficial, mas a denúncia sobre o acordo feita por McKayla "desapontou" os dirigentes.
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"Embora a federação americana de ginástica esteja desapontada com a acusação de hoje, aplaudimos McKayla e outros que falam contra comportamentos abusivos – incluindo os atos desprezíveis de Larry Nassar. Queremos trabalhar juntos para ajudar a encorajar e empoderar atletas a falar contra o abuso".
O médico foi condenado, no início de dezembro, a 60 anos de prisão por três acusações referentes à posse de imagens de abuso sexual envolvendo crianças. No ano que vem, Nassar será julgado pelo abuso às atletas.