Na volta de São Paulo, a alegria dos anões cariocas, após placar elástico - Divulgação
Na volta de São Paulo, a alegria dos anões cariocas, após placar elásticoDivulgação
Por FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - Com uma vantagem gigantesca, os jogadores do Carioquinhas-RJ, que formam a base da inédita Seleção Brasileira de Futebol de Anões (Brasa), modalidade society, impuseram uma derrota, digamos, no melhor "estilo alemão", contra a equipe Minicraques (SP), em partida amistosa nesta tarde, na Capital paulista. Diante de um placar de 6 x 1 para os baixinhos cariocas, dirigentes - entre eles José Carlos Rosário, do Instituto de Integração e Desenvolvimento Estudantil Profissional (IIDEP), Ong de esporte inclusivo, e o técnico do Brasa, Marcus Moreira, além de Regina Mira, auxiliar técnica, e Cid Torquato, da Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPD) – observaram os dois elencos, para começarem a montar o time que vai disputar a Copa Sul-americana, em outubro, na Argentina.

"Apesar do placar elástico, percebemos atletas de grandes qualidades dos dois clubes, que, certamente, vão ajudar o Brasa a garantir o caneco, não só da Copa América, mas de outros campeonatos nacionais e internacionais, se Deus quiser", ressalta Rosário. Através do jornal O DIA, que no dia 18 mostrou a saga dos integrantes do Carioquinhas, que lutam fora de campo também, por patrocínios que os ajudem a disputar torneios, TVs dos EUA e da Europa também fizeram reportagens com os pequenos craques.

Com estaturas de até 1,40 metro, e idade em torno dos 25 anos, os craques já disputam amistosos. E esperam ser reconhecidos pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) como integrantes da primeira seleção de portadores de nanismo condição genética que provoca deficiência no crescimento, formada ainda por jogadores do Pará e São Paulo.

Em ano de Copa do Mundo, os atletas já treinam empolgados para a Copa América. A competição reunirá também equipes do Paraguai, Chile, Colômbia e Bolívia.

O elenco, que não está nem aí quando a torcida classifica o grupo de "timinho", ou canta, na entrada em campo, o clássico adaptado de Branca de Neve ("eu vou, eu vou, 'pra quadra' agora eu vou..."), também está em entendimentos com a CBF para a primeira Copa do Brasil de Futebol de Anões. A competição, provavelmente em setembro, terá jogos no Rio, Belém e São Paulo.

Para participar dessas competições, os baixinhos tentam primeiro driblar vários obstáculos. O principal, a falta de recursos para manter o plantel de 13 atletas; comprar uniformes e materiais esportivos; cobrir gastos com alimentação, passagens aéreas, hospedagens e contratação de um preparador físico, apto a lidar com baixa estatura.

"Perseguimos ainda outro sonho, que é o reconhecimento do futebol de pessoas com nanismo junto ao Comitê Paralímpico Internacional e Brasileiro. Pleiteamos nossa inclusão como modalidade esportiva paralímpica", ressalta Bruno dos Santos, de 23 anos, atacante, camisa 10 do Carioquinhas, cujo time principal é formado ainda pelo goleiro Carlos; o zagueiro Oromar; os meias Vinícius, Cesinha e Daniel Lequinho; além do também atacante Yuri Pitanga.

Daniel Cavalcanti, o Lequinho, conta que sempre tentou ser jogador profissional, mas era discriminado nas escolinhas. "A seleção é um sonho de criança pra nós", resume. "É a chance de mostrarmos ao mundo que somos grandes em muitas funções", completa César Araújo, o Cesinha.

"Nosso objetivo é conseguir patrocínios para cumprir nossos objetivos, que são ambiciosos", diz o técnico Rodrigo da Silva, o Guido.

As regras no futebol de anões são as mesmas das tradicionais, com exceção das traves, adaptadas para 1,45 m de altura. Estima-se que o Brasil tenha cerca de 20 mil pessoas com nanismo, reconhecido como deficiência física no país desde 2004, o que garante direitos especiais.

A ideia da seleção de anões nasceu em 2015, com José Carlos Rosário, do Instituto de Integração e Desenvolvimento Estudantil Profissional (IIDEP), Ong de esporte inclusivo. "O apoio da escritora Silvia Muñoz, mãe de Facundo Rojas, portador de nanismo e fundador da seleção de anões argentinos, foi fundamental", lembra Rosário.

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