Fernandinho falou sobre o 7 a 1 - CBF
Fernandinho falou sobre o 7 a 1CBF
Por ESTADÃO CONTEÚDO

Rio - Um dos seis convocados para a Copa do Mundo que há quatro anos estava na seleção brasileira que sofreu 7 a 1 para a Alemanha, o volante Fernandinho deu a volta por cima e é hoje um “quase titular” do time que irá disputar o Mundial da Rússia. “Foi um período bom, de muito aprendizado, muita melhora técnica, tática, física, psicológica. Esses últimos quatro anos para mim foram excelentes”, disse o jogador, ao Estado.

O volante do Manchester City foi chamado por Tite pela primeira vez em sua segunda convocação nas Eliminatórias. Ele começou como primeira opção para a vaga de Casemiro, e sempre que atuou recebeu elogios do treinador. Agora, é cotado inclusive para dividir o setor de meio-campo com o volante do Real Madrid, desbancando Renato Augusto. “Nos amistosos recentes, algumas vezes (Casemiro e eu) jogamos juntos. Acho que quem ganha com isso é o treinador e a seleção brasileira”, declarou. Confira os principais pontos da entrevista:

Esta será sua segunda Copa do Mundo. Como foi sua reação após ter o nome confirmado pelo Tite? Foi parecida com aquela vista em 2014?

No futebol mundial acho que poucas conquistas se assemelham a ser convocado para a Copa do Mundo pela seleção brasileira. Claro que a declaração do Tite ainda no mês de março confirmando meu nome como um dos selecionáveis para disputar a Copa me deu uma tranquilidade. A emoção foi grande, mas não foi igual a de 2014, quando eu entrei apenas na última convocação antes do Mundial. Mas, sem dúvida nenhuma, a alegria após a confirmação foi um motivo de satisfação, alegria, e é uma honra muito grande.

Você é um dos remanescentes de uma seleção que ficou marcada pelos 7 a 1. No último ciclo você deu a volta por cima e hoje é considerado pelo Tite quase como um 12º jogador do time. Como foram esses últimos quatro anos?

Foi um período bom, de muito aprendizado, muita melhora técnica, tática, física, psicológica. Então, esses últimos quatro anos para mim foram excelentes. Hoje tenho colhido alguns bons frutos, principalmente no meu clube, com conquista de títulos e boas atuações. Quero fazer a mesma coisa na seleção brasileira. Tive alguns altos e baixos, joguei alguns jogos da Copa América e das Eliminatórias. Fui titular e fui reserva. Acho que a caminhada até a classificação ao Mundial foi muito boa, porque a gente conseguiu formar um time competitivo, que conseguiu jogar em qualquer situação e diante de qualquer adversário. Isso gera uma expectativa muito grande, não só entre nós, jogadores, mas em todos aqueles que acompanham a seleção. Agora, na Rússia, a gente tem a chance de colocar tudo isso em prática.

Você acredita que disputa uma vaga no meio com o Casemiro, ou crê ser possível os dois jogarem juntos?

Nos nossos clubes nós jogamos praticamente na mesma posição. Quando ele ficou de fora de alguns jogos eu acabei atuando, nas Eliminatórias. Nos amistosos recentes, algumas vezes jogamos juntos. Acho que quem ganha com isso é o treinador e a seleção brasileira. Você tem dois jogadores que podem fazer a mesma função, ou então fazer uma função diferente em determinado jogo ou dependendo do adversário. Se tratando de uma Copa do Mundo, isso é válido, porque se o treinador quiser arriscar, fazer um esquema tático ou alguma coisa diferente, é importante você ter jogadores quem possam atuar em duas ou mais posições. O importante é estar nos planos e ter a confiança do treinador.

O grupo de convocados tem quatro jogadores do seu time, o City, e outros dois do Shakthar, seu ex-clube. Na sua opinião, o que os dois clubes têm de “especial”? 

Depois da chegada do Pep Guardiola, em 2016, o City passou a ter um padrão de jogo bem definido. Os jogadores entendem bem o que precisa ser feito, e com isso as vitórias apareceram. Este ano conseguimos ganhar o Inglês com certa soberania, com cinco rodadas de antecedência. A forma como o time jogou chamou a atenção, e nosso time tem a característica de ter vários jogadores em seleções diferentes. Os quatro brasileiros foram convocados muito devido à temporada que fizemos este ano, com alto nível. O Shakthar é um clube que não é de ponta no futebol europeu, é mediano, e muitas vezes contrata jovens brasileiros para uma futura venda. Mas este ano foi muito bem na Liga dos Campeões, caiu apenas nas quartas de final. É um time que tem um padrão de jogo definido, muito interessante, nós jogamos com eles na Liga dos Campeões. Eles têm jogadores interessantes, principalmente os brasileiros. Eles foram testados nos conceitos do treinador e de toda a comissão técnica, mereceram a chance de ser convocados. Fiquei muito feliz por eles.

Como avalia o grupo do Brasil na Copa, com Suíça, Costa Rica e Sérvia?

É um grupo difícil, e se você não tiver atenção redobrada pode ser surpreendido. Suíça e Costa Rica são seleções que participaram no último Mundial, sendo que a Costa Rica foi às quartas e acabou eliminada apenas nos pênaltis para a Holanda. A Sérvia, no contexto geral, tem jogadores muito bons individualmente. Temos que ter um cuidado muito grande.

O Brasil é favorito para ficar com o título na Rússia?

Pelo histórico do Brasil em Copas do Mundo, acredito que sim. Todas as vezes que o Brasil entra numa competição ele é um dos favoritos, e desta vez não vai ser diferente. Mas é claro que a gente sabe que o futebol se resolve dentro de campo. Temos que estar preparados.

Uma Copa do Mundo exige um período de quase dois meses de convivência com colegas de equipe e comissão, e com menos contato com a família. Como é encarar isso?

Hoje eu encaro com muita naturalidade, e sei que é uma competição muito importante, principalmente para nós, brasileiros, que crescemos assistindo às Copas do Mundo, torcendo e vibrando. Poder estar vivendo este momento hoje é muito especial para mim. É um sacrifício que você precisa fazer para conquistar aquilo que você deseja. Ficar longe da família, dos seus filhos, não é fácil, mas você tem o desejo de conquistar o título e tem que passar por isso. Claro que haverá os momentos em que você poderá estar junto com eles, mas é preciso se concentrar o máximo possível.

Qual seu recado ao torcedor brasileiro?

Na verdade, é um pedido: que apoie a seleção, como sempre fez. Eu já estive do lado dos torcedores, já fui a estádios assistir jogos da seleção brasileira. É bonito de ver o torcedor apoiando, e peço que continuem apoiando. Da parte dos jogadores e da comissão técnica não vai faltar empenho nem o desejo, a gana, de conquistar as vitórias. Acho que a única maneira de conquistar algo grande é estando todo mundo junto.

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