Rio - Disputar um Mundial pelo Brasil não é novidade para grande parte do grupo convocado pelo técnico Tite para a Copa da Rússia. A maior parte dos jogadores teve passagem pelas categorias de base da própria seleção. Dos 23 atletas escolhidos, 18 têm esse tipo de experiência e 14 participaram de competições mundiais sub-17 e sub-20. É a maior quantidade da história.
Portanto, mesmo para jogadores estreantes em Copas, como Casemiro e Philippe Coutinho, vestir a camisa amarela e entrar em campo ao som do hino da Fifa para um jogo de Mundial não é novidade. A dupla esteve presente em torneios sub-17 e sub-20, experiência tida por profissionais do futebol como importante para ajudar no desenvolvimento.
"Dá uma bagagem enorme ter passado pela seleção de base”, disse ao Estado o preparador de goleiros da seleção, Taffarel, que frequentou seleções inferiores e foi campeão mundial sub-20 há 23 anos. "Em 1985 eu já estava na seleção disputando torneios. Isso te dá confiança para voltar ao seu clube. Ser lembrado por uma seleção ajuda bastante", afirmou.
A Fifa criou o Mundial Sub-20 em 1979 e em 1985 introduziu a edição sub-16, posteriormente adaptada para sub-17. Ao longo dos anos a presença de atletas dessas competições passou a aumentar nas listas da seleção brasileira para as Copas do Mundo, até atingir o recorde neste ano.
Na opinião do treinador Marcos Paquetá, técnico campeão mundial em 2003 com o Brasil tanto no sub-17 como sub-20, a continuidade na seleção desde a base até a equipe principal contribui para a formação de uma mentalidade nos atletas. "É importante o jogador entender desde cedo o que é uma seleção e continuar a ser monitorado pela CBF. O jogador desenvolve outra cabeça", afirmou.
Além dos 14 atletas com disputas de Mundiais de base, a lista de Tite trouxe outros quatro nomes que têm experiência parecida. Ederson, Fágner, Fred e Firmino vestiram a camisa amarela ou em Sul-Americanos ou outros torneios oficiais.
Do grupo atual de Tite, curiosamente, não passaram por seleções de base alguns dos atletas mais velhos do elenco. Miranda, Geromel, Thiago Silva, Paulinho e Taison têm de 30 anos para mais e se formaram atletas em uma época em que o trabalho de categorias de base da seleção não estava tão desenvolvido como é atualmente.
"A CBF tem cinco ou seis observadores acompanhando os campeonatos de base. Antigamente, era uma pessoa para correr o Brasil todo, e algumas convocações eram feitas somente por indicações dos clubes. Nem sempre iam os mais preparados", explicou o coordenador das categorias de base do Palmeiras, João Paulo Sampaio.
A seleção brasileira procurou nos últimos anos unificar a metodologia de trabalho em todas as categorias justamente para facilitar a revelação de talentos e propiciar aos jovens uma ambientação maior quando tiverem espaço no time principal. Uma dessas iniciativas pode ser observada nesses dias de preparação para a Copa em Teresópolis, com a presença de seis garotos com menos de 20 anos, que foram chamados para completar os treinos. Quatro deles têm experiência na base da seleção.