Ygor em ação no jogo contra Chou Tien Chen, 
de Taiwan, 
pelo Mundial - apf / Johannes EISELE
Ygor em ação no jogo contra Chou Tien Chen, de Taiwan, pelo Mundialapf / Johannes EISELE
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Rio - Se não fosse o badminton, o brasileiro Ygor Coelho poderia ter tido a mesma história de alguns de seus amigos, que acabaram cooptados pelo tráfico de drogas no Rio de Janeiro ou foram mortos, mas está construindo seu nome como o melhor jogador do esporte na América do Sul.

Apesar de ter sido eliminado ontem nas oitavas de final do Mundial em Nanjing (China), o jovem de 21 anos chamou a atenção e ganhou muitos admiradores. Em 39º lugar no ranking mundial, ele chegou a eliminar o 11º cabeça de chave, o indiano HS Prannoy, antes de cair para o taiwanês Chou Tien-chen por 2 sets a 0 (21-11, 21-7).

Em alguns momentos, Ygor precisou beliscar a si próprio para entender que a multidão gritando seu nome, o interesse da imprensa e ganhar dinheiro com o esporte é realidade. Até mesmo falar inglês, uma necessidade ao participar de competições internacionais de alto nível, é algo que nunca imaginou ser possível. Quando perguntado o que estaria fazendo se não fosse o badminton, respondeu: "É uma pergunta difícil, mas certamente que o esporte mudou minha vida. Aprendi inglês, viajo pelo planeta, tenho boas experiências e amigos em todo o mundo. Aprendi muito com o badminton".

Ygor deixou a Favela da Chacrinha, na Zona Oeste do Rio, para treinar e viver na França e na Dinamarca. Mas sua difícil infância em uma comunidade afetada pela violência relacionada ao tráfico segue sendo parte importante de sua identidade. Ele começou a jogar badminton aos três anos graças a seu pai Sebastião Dias de Oliveira, professor de Educação Física e técnico da modalidade, que é disputada com raquetes, e pouco conhecida no Brasil e se assemelha ao tênis e ao vôlei.

"Meu pai criou um projeto social de badminton na favela para ajudar que as pessoas não fossem pelo mau caminho, as drogas e esse tipo de coisas. Meus amigos entraram neste tipo de vida e alguns deles morreram. Eu cheguei até aqui e para alguns deles (do projeto) sou como um herói. Estão tentando seguir o mesmo caminho que eu", afirmou.

Ygor indicou que a primeira participação brasileira no badminton, nos Jogos Rio-2016, gerou um interesse que continua no país na atualidade.

"Agora as pessoas estão seguindo mais (o badminton) e está se tornando um esporte mais popular", afirmou Ygor, que já pensa em 2020: "Sonhava com isso quando era criança, mas nunca esperei".

 

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